domingo, 30 de abril de 2023

DESPEDIDA

 

                                                      (FOTO DO MEU ACERVO)


DESPEDIDA

Mário Ribeiro Martins (07/08/1943 a 18/03/2016)


Os anos são passados que chegamos,

no templo do saber, cultura humana.

E no momento em que nos retiramos,

saudosos vamos desta caravana.

Na cidade ou sertão para onde vamos,

morando num palácio ou na choupana,

jamais esqueceremos quem amamos,

na escola do saber, tão soberana.

Depois de conquistarmos a vitória,

no templo do saber, com tanta glória,

é chegado o momento de partir...

E, ficarão aqui eternamente,

em nosso coração, principalmente,

SAUDADES DESTE TRISTE DESPEDIR.

A PRECE DA ÁRVORE

 

                                                        (FOTO DA INTERNET)


A PRECE DA ÁRVORE

Walter Rossi


Ser humano,

protege-me!

 

Junto ao puro ar

da manhã ao crepúsculo,

eu te ofereço

aroma, flores, frutos e sombra!

 

Se ainda assim não te bastar,

curvo-me e te dou

proteção para teu ouro,

pinho para tua nota,

teto para teu abrigo,

lenha para teu calor,

mesa para teu pão,

leito para teu repouso,

apoio para teus passos,

bálsamo para tua dor,

altar para tua oração

e te acompanharei até à morte...

 

Rogo-te: Não me maltrates!

sábado, 29 de abril de 2023

VELHO CHICO.

 

                 (PONTE SOBRE O RIO SÃO FRANCISCO, EM IBOTIRAMA, BAHIA)


VELHO CHICO

Filemon Martins


Desde menino, em Morpará,

aprendi com o Sertanejo

que o Velho Chico

nasce na Serra da Canastra,

em Minas Gerais.


Aprendi também que o nosso rio

era conhecido como o “Nilo Brasileiro”,

ou ainda “Opará” pelos indígenas.

Com mais de 2800 km de extensão

percorre Minas, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, desembocando no Oceano Atlântico.


Hoje, assoreado, poluído e maltratado,

precisa de revitalização.

Suas matas ciliares foram,

aos poucos, destruídas, em nome do progresso.


Mas, agem ao contrário,

querem mudar seu curso.

Querem mudar seu destino.

Dizem, cinicamente, que trará benefícios,

mas não informam aos bolsos de quem.


Ah, São Francisco de Assis,

se o Velho Chico falasse,

certamente ele diria:

- Quero correr entre as árvores,

frutificando pomares, perfumando jardins,

irrigando aquelas terras do já tão seco Sertão.


Quero seguir meu curso

como quis meu Criador,

alimentando pescadores,

pobres e esquecidos

que vivem perto de mim.


Quero que todos saibam,

estou morrendo de dor!

UM DIA NA PRAIA


                                    (PRAIA DE ITANHAÉM - ACERVO DO AUTOR)


UM DIA NA PRAIA...

Filemon Martins


Manhã na praia

o ouro do sol ilumina a imensidão.

Os pescadores, no barco, saem para o alto mar.

Gaivotas fazem festa no ar,

uma brisa leve e fria passeia pelo céu.

Meu coração ouve a voz do mar sereno e lindo,

eternizando seus segredos,

avançando e quebrando nos rochedos.

Ninguém pode avaliar o que o indômito  mar sente e quer dizer. A tarde cai e a noite chega.

É céu, é mar, é água, é chuva, é tempestade, é sol, é calor, é vento, é noite, é lua cheia, é maré alta.

O mar suspira e o meu coração acompanha.

Vestida de brisa a saudade chega

e a solidão também marca presença

e vão ficando por ali.

Ambas não arredam o pé.



VELHAS ÁRVORES

 

(FOTO DA INTERNET)

VELHAS ÁRVORES
Olavo Bilac

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! Envelheçamos
como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

 


OLAVO BILAC

 

(FOTO DA INTERNET)

OLAVO BILAC
Filemon Martins
          
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac,
estrela de primeira, um verso alexandrino.
Perfeito no soneto, o vate foi destaque
e primou pela forma, ourives diamantino.

Como parnasiano revelou-se um craque
com seu verbo fluente e forte foi divino. 
Palestrou, escreveu, amou e sem sotaque
“ora (direis) ouvir estrelas,” seu destino.

Orador, literato e um grande sonetista,
foi também pensador,  ardente jornalista,
gigante na palavra, um poeta de escol.

“Última Flor do Lácio” o vate da Esperança,
amante do Saber, da Pátria e da Criança, 
por isso és fulgurante como a luz do Sol!

(LIVRO ANSEIOS DO CORAÇÃO)


sexta-feira, 28 de abril de 2023

O HOMEM AVESSO ÀS ARMAS

 

(FOTO DO AUTOR)

O HOMEM AVESSO ÀS ARMAS
Filemon Martins  
 
Nove pessoas de uma mesma família moravam na antiga Vila de Morpará, às margens do Rio São Francisco, na Bahia. O marido, Adão Martins, sua mulher Francolina R. Martins e seus sete filhos, que estudavam e pescavam no Rio São Francisco. A economia da pequena Vila era baseada na agricultura que se fazia nas ilhas, na pesca e no próspero comércio que, aos poucos, surgia na Vila e região. Por ser um porto onde ancoravam vapores e barcos trazendo e levando produtos, tornou-se um polo de comércio na região. Comerciantes compravam e vendiam sacas de café, sacos de açúcar, sal, arroz, rapadura, feijão, milho, querosene para outras praças, incluindo aí sua produção de fumo, peixes secos do São Francisco, como curimatã-pacu, dourado, surubim, mandi-amarelo, mandi-açu, piranhas etc.
O chefe da família, Adão Martins era um próspero comerciante de tecidos, proprietário da loja ¨A Primavera¨, estabelecido naquela Vila de Morpará. Era avesso às armas, mas às vezes saía para caçar com alguns amigos, geralmente do lado oposto ao rio, onde existem algumas serras e a caatinga do Sertão. Caçavam mocós, cutias, pacas, tatus e eventualmente, algumas aves, como perdiz, jacu, codorniz e quando iam mais longe, veados e caititus.
Numa dessas caçadas com amigos, ocorreu um acidente: no emaranhado de garranchos, a espingarda do senhor Adão disparou e atingiu as nádegas do amigo que estava logo à frente. Foi um ¨Deus nos acuda¨, já que estavam na serra e distantes da Vila. Como eram muitos amigos, conseguiram socorrê-lo e levá-lo para a Vila e posteriormente para a cidade da Barra, onde havia hospital que propiciasse um tratamento adequado. O amigo ficou bem de saúde, mas o senhor Adão nunca mais participou das caçadas com os amigos.
Em abril de 1957 o senhor Adão se transferiu para Ipupiara, sua terra natal, com sua família onde moravam seus pais, irmãs e o irmão Oscarino Martins, que havia retornado de Corrente, Piaui. Em novembro de 1958 nasce seu oitavo filho, e a família aumenta para dez pessoas. Seu irmão Oscarino gostava de caçar e possuía um rifle de longo alcance e dessa forma o senhor Adão voltou a pegar em arma outra vez. Seu pai Gasparino Martins era proprietário de um sítio, onde se plantava milho, feijão, mandioca, melancia e havia muitos pés de manga.  Subia e descia serra, habitat natural de alguns animais, como raposas, veados, onças e o senhor Adão incentivado pelo irmão, voltou a caçar. Mas caçava sozinho. Em noites de lua cheia, céu estrelado, fazia seu alforje e partia para a serra do sítio. No caminho era possível ver   garranchos, juremas, unhas-de-gato, angicos, cactos, aroeiras, bromélias, flor de jitirana, juazeiros, umbuzeiros, mandacarus, quixabeiras, entre outras. Lá no sítio havia alguns murundus de terra e em cima ele fazia um buraco, construindo um assento e lá ficava imóvel, invisível, aguardando que a presa chegasse.
Numa dessas vezes, o veado-catingueiro não apareceu e como estava ficando tarde, ele desistiu e voltou para casa. No outro dia, foi lá verificar se o animal andou por lá depois dele, e constatou pelos rastros que uma onça estivera lá andando em círculos pelo murundu de terra.
Em outra ocasião, nesse mesmo local, ele aguardou a presa chegar e chegou um belo exemplar de veado. Noite clara, ele se aprumou no assento, mirou o rifle e apertou o gatilho: ¨tengo¨. Armou novamente o rifle e mirou, apertando o gatilho: ¨tengo¨. Verificando seu rifle, constatou tardiamente que não havia balas, a arma estava descarregada... E o veado-catingueiro já havia desaparecido no mato.
Voltou para casa desolado e desistiu de ser caçador.  
 
Nota do autor: Hoje Morpará (sede), e os Distritos de Carnaúba Grande e Quixaba formam um Município aprazível no interior da Bahia às margens do Velho Chico.


COSME VELHO

 

                                   

                                    (MACHADO DE ASSIS - FOTO DA INTERNET)


Cosme Velho

Mário Ribeiro Martins (07/08/1943 a 18/03/2016)


Quando contemplo as tuas obras primas,

escritor imortal, de que me ufano,

eu não tenho nas minhas pobres rimas,

um termo que te cante e seja humano.

Do romantismo, sufocaste as cimas,

com coragem tal qual de veterano.

Pregaste o realismo com seus climas,

pelo teu verbo forte e soberano.

Como se fosses ser divino-humano,

passaste humildemente pelo mundo,

vencendo os homens com vigor profundo.

Mas, como não venceste o teu engano,

morreste então, sem fé, sem Evangelho,

no rico casarão do COSME VELHO.


(JORNAL DA POESIA, EDITADO POR SOARES FEITOSA)

OBIRE ET VINCERE

 

MÁRIO RIBEIRO MARTINS

Obire Et Vincere
Mário Ribeiro Martins (07/08/1943 - 18/03/2016)

Vate exaltado, cuja força vibra,
no peito alegre, forte e encorajado.
O denodo mentor da tua fibra,
há de fazer-te sempre admirado.

Se em tua mão, ó homem, se equilibra,
a pena má, origem do pecado,
não deixes, com o vigor da tua fibra,
executar sequer um pontilhado.

Famoso menestrel de que me ufano,
as conquistas do teu esforço humano
serão eternamente inspiração.

O teu desejo de enfrentar a vida,
a luta ardente pra vencer a lida
SÃO FORÇAS VIVAS DO TEU CORAÇÃO.


UM OLHAR POLÍTICO E SOMBRIO SOBRE O BRASIL

 


(IMAGEM DA INTERNET)

UM OLHAR POLÍTICO E SOMBRIO SOBRE O BRASIL
Filemon Martins

Não se tem a pretensão de monopolizar a verdade, mesmo porque a verdade é relativa, depende de circunstâncias, depende de ponto de vista, depende do momento e do ângulo em que observamos os fatos. No episódio bíblico do julgamento de Cristo, conforme os evangelhos, Pilatos perguntou a Jesus: - Que é a verdade? Hoje, minha verdade pode não ser a mesma de amanhã. Além do mais, a minha verdade pode não ser a dos outros, especialmente quando estou convencido de que minha opinião e somente minha opinião é a verdade.
Há fatos que acontecem no dia a dia que não podem ser contestados. É o caso, por exemplo, do que está ocorrendo com o Brasil. Após aquela enxurrada de imundícies que vieram à tona, na investigação da Operação Lava Jato, o ex-presidente Lula foi acusado,  julgado e condenado pela Justiça Federal a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, não obstante um bando de advogados para defendê-lo. Por unanimidade, os três desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) mantiveram a condenação da Justiça Federal e aumentaram a pena de prisão para doze anos e um mês.
Um pouco depois desse ponto entrou em cena um ministro do STF e alegou que a Justiça Federal de Curitiba não era competente para julgar processos contra o ex-presidente, que poderiam estar tramitando em São Paulo. Um leigo como eu imagina que crime é crime e os crimes cometidos, não importa se são no NORTE, NORDESTE,  CENTRO-OESTE, SUL OU SUDESTE.  Se foram em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Porto Alegre ou em quaisquer cidades brasileiras, continuam sendo crimes.  Para um cidadão leigo e pacato o ministro, embora sozinho, tomou a decisão imitando a Pôncio Pilatos que atuou no julgamento de Cristo. Entrelinhas chamou de incompetentes (incompetente no Direito tem outro significado), não só a Justiça Federal de Curitiba, como, igualmente os desembargadores da 8ª turma do TRF4. 
É possível que a decisão do ministro do STF tenha respaldo na Lei, mas provavelmente está ancorada em seus postulados que todos conhecemos e que deu origem à sua indicação pela presidenta Dilma Rousseff, em 14 de abril de 2015.
Depois dessa desastrosa decisão do ministro, ninguém se manifestou. Sérgio Moro é ex-juiz federal, agora é senador da República pelo Paraná, o TRF4 de Porto Alegre, quedou-se mudo e os pares do ministro do STF, concordando ou não com a decisão monocrática e oportunista, nada disseram.
E agora o Brasil está às voltas com um governo, cujo sonho e objetivo único é inscrever todo brasileiro no ¨FOME ZERO¨. Para quem conhece as intenções do grupo político que assumiu o poder, nada será surpresa. Já estava registrado no  roteiro de terror, caso a volta ao poder se concretizasse, como acabou ocorrendo.  
O povo brasileiro em geral tem memória curta, eu diria curtíssima, porque há muito tempo já pipocavam várias denúncias de corrupção em prefeituras de algumas cidades administradas pelo PT, como Santo André, Campinas, Ribeirão Preto, São Paulo, principalmente nas áreas de lixo e transportes públicos, além de projetos prejudiciais ao trabalhador.
Nossa esperança seria o povo, que através do voto  poderia expurgar esses maus políticos da vida pública do Brasil. Sem nomear culpados, é possível apontar falhas dos partidos políticos na apresentação de candidatos aos cargos eletivos. E é justamente essas agremiações políticas que apresentam candidatos fichas sujas, sem moral, ética e honestidade. 
Assim, o eleitor ingenuamente escapa de um e cai na armadilha do outro. É fundamental que os partidos políticos sejam responsáveis ao indicar seus candidatos, expurgando de seus quadros os farsantes que infestam a política e ficam espreitando algum momento propício para roubar o povo, sob os olhos, até agora complacentes da Justiça Brasileira.




quarta-feira, 26 de abril de 2023

ONDE ESTÁ A FELICIDADE?

(IMAGEM DA INTERNET)

ONDE ESTÁ A FELICIDADE?

Filemon Martins


Felicidade - substantivo feminino, uma palavra composta com dez letras  que exprime, segundo os dicionaristas, ¨o estado de espírito de uma pessoa, de quem é feliz, um sentimento de bem-estar e contentamento¨. 

Cada ser humano ao responder esta pergunta, possivelmente terá uma resposta pronta, individual, de acordo com seus desejos e objetivos pessoais.

Essa ideia de felicidade acompanha a humanidade há muito tempo e faz parte da história dos seres humanos desde os tempos remotos. O registro mais antigo vem de um texto de Tales de Mileto que viveu nas últimas décadas do século 7 a. C. Nascido numa pequena colônia da Grécia, região da Ásia Menor, atual Turquia. Segundo ele, ¨é feliz quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada¨.

Todo ser humano busca, de uma forma ou de outra, a felicidade. Modernamente, para uns a felicidade consiste em ter muito dinheiro, possuir bens materiais, cujo poder aquisitivo permite comprar mansões, carrões, fazendas, entre outros bens de valor. Para outros, é essencial ter fama, estar na mídia, ser conhecido por todos com um alto grau de exposição social. Há outros, cuja felicidade depende do cargo que ele ocupa no governo, na sociedade e quanto mais aprovação tiver, mais feliz ele será. Ou seja, a felicidade depende de terceiros.

Mas, o que pensavam os filósofos antigos do mundo grego sobre a felicidade? Sócrates, Platão e Aristóteles, os mais conhecidos da filosofia ocidental.

Sócrates, mais conhecido como o Pai da Filosofia, é a estrela das escolas de humanas, e talvez a maioria já tenha ouvido a frase socrática: ¨Só sei que nada sei¨. Esse era o conceito de felicidade de Sócrates. Reconhecer que nada sabia, para, então, procurar e aprender dentro de si através do conhecimento e da observação. O homem feliz procura o conhecimento para encontrar a verdade. Esse autoconhecimento o faz feliz. 

Platão, o fiel discípulo de Sócrates (que nos legou tudo que o mestre Sócrates ensinou), entende que a felicidade é o objetivo de todo ser humano, mas difere de Sócrates, porque enumera a felicidade como a prática do Bem Ético, coletivo. Defende o princípio da justiça e da verdade e portanto as ações têm efeitos que resultam no Bem (Platão compreende que o homem possui corpo e alma), o corpo é terreno e a alma é imortal.

Aristóteles pensa no conceito de felicidade prático e maleável para o cotidiano. Para o filósofo a felicidade é o resultado de ações que promovam a Ética, uma forma de agir justa e que, em outras palavras, agrade a ¨gregos e troianos¨.

Há uma diferença gritante entre as concepções dos filósofos antigos do que se imagina hoje a felicidade.

Hoje, pensa-se que é mais feliz quem pode comprar os melhores carros, casas, barcos, celulares, smartphones, computadores de última geração ou aqueles que estão em destaque na tela da tv.

Nossos poetas também escreveram sobre a felicidade. Vicente de Carvalho, com o soneto VELHO TEMA: ¨Só a leve esperança, em toda a vida, disfarça a pena de viver, mais nada; nem é mais a existência, resumida, que uma grande esperança malograda. O eterno sonho da alma desterrada, sonho que a traz ansiosa e embevecida, é uma hora feliz, sempre adiada, e que não chega nunca em toda vida. Essa felicidade que supomos, árvore milagrosa que sonhamos toda arreada de dourados pomos, existe, sim, mas nós não a alcançamos, porque está sempre apenas onde a pomos, e nunca a pomos onde nós estamos¨.

Para os filósofos antigos, a felicidade era autoconhecimento, o agir conforme o Bem e a Justiça Eterna  e não algo que se pudesse comprar, vender e ganhar dinheiro. 


    


LEMBRANDO CASTRO ALVES

 


(IMAGEM DA INTERNET) 

LEMBRANDO CASTRO ALVES
Filemon Martins

Antônio Frederico de CASTRO ALVES, nascido na Fazenda Cabaceiras, Curralinho, hoje cidade de Castro Alves, Bahia, um dos mais populares poetas do Brasil, escreveu versos admiráveis, entre outros, O NAVIO NEGREIRO – Tragédia no mar, do qual extraímos parte da VI estrofe:
“E existe um povo que a bandeira empresta/pra cobrir tanta infâmia e cobardia!... /E deixa-a transformar-se nessa festa/em manto impuro de bacante fria!... /Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta,/que impudente na gávea tripudia?!.../Silêncio!...Musa! chora, chora tanto/que o pavilhão se lave no teu pranto.../Auriverde pendão de minha terra,/que a brisa do Brasil beija e balança,/Estandarte que a luz do sol encerra/às promessas divinas da esperança.../Tu, que da liberdade após a guerra,/foste hasteado dos heróis na lança,/antes te houvessem roto na batalha,/que servires a um povo de mortalha!...”
Parece que o poeta baiano escreveu estes versos, que considero um dos mais belos e significativos da Língua Portuguesa, nos dias atuais. Se hoje não temos a escravatura a que se referia o poeta, continuamos escravos do analfabetismo, da corrupção, da política de exclusão social, do desemprego, do crescimento da miséria, da fome, da violência, do medo, dos preconceitos, da falta de investimentos em educação, saúde e da submissão ao poder econômico dos países ricos e exploradores. Aqueles que vivem em seus gabinetes atapetados e não têm contato com o povo, não percebem ou fingem não perceber como tem aumentado o exército de desempregados e consequentemente da fome e da miséria.
O ex-presidente José Sarney, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, pondera que “no nosso velho estilo de malhar o país, o noticiário ressalta o negativo e esquece o grande salto. As manchetes resumem esses cem anos como o século da desigualdade.” 
Por outro lado, ex-presidente, é bom lembrar que não malhamos o Brasil, mas sim aqueles que têm tido a responsabilidade de dirigir os destinos do País e não enxergam o futuro. Nasci e cresci no interior da Bahia e, em busca de dias melhores, como outros o fizeram, me transferi para São Paulo e sempre ouvi falar em programas de erradicação do analfabetismo. Aos 73 anos, constato, entristecido, que pouco se fez para alcançar tal objetivo. A educação, no Brasil, assim como a saúde, transportes, saneamento básico e qualidade de vida, nunca foram prioridades de nenhum governo. Todos, todos mesmo vão sucateando a educação, transporte, segurança pública, além de subtrair direitos dos trabalhadores de forma injusta e criminosa.
Dizer que a “saúde é universal, que temos salário mínimo, garantias individuais, direitos sociais e somos a segunda democracia do mundo ocidental” não enche barriga de ninguém, nem satisfaz a busca da sociedade brasileira por dias melhores, por um Brasil decente, digno, com oportunidades iguais para seus filhos, e grande não somente na dádiva da Natureza, que, a bem da verdade nunca soubemos valorizar e aproveitar.
Utilizar os serviços e tecnologia de hospitais como o Albert Einstein, Sírio Libanês ou Incor, em São Paulo, não é a mesma coisa que frequentar hospitais públicos da rede municipal ou estadual. Estudar na USP e na FATEC, além de ser menos oneroso, não é a mesma coisa que estudar em Universidades, que, embora pagas e caras, não oferecem um ensino esmerado.
O que se questiona é que não avançamos. O próprio José Sarney, no mesmo artigo, reconhece que em seu governo, éramos a oitava economia do mundo e em (2022) somos a 12ª (décima segunda). Por que não avançamos? Dirão os tecnocratas de plantão que a economia do mundo mudou. Sim, mas mudou para todos. Por que, então, recuamos? Ao longo do tempo, nossos governadores de Estado nunca deram maior importância aos verdadeiros problemas sociais. Sempre procuraram soluções paliativas, sem debelarem as causas da doença. Já faz algum tempo (2003) que foi aprovado e sancionado pelo Presidente da República, o Estatuto do Idoso, agora Estatuto da Pessoa Idosa, que merece aplausos, porque preenche uma lacuna até então existente e vamos torcer para que, na prática, funcione. Espera-se que os nossos políticos trabalhem para o bem da sociedade e não como é de costume acontecer, mais uma Lei a servir de propaganda nas eleições futuras.
Enquanto isso, vemos imagens na televisão e lemos em jornais as falcatruas, os acordos de partidos políticos que geram tanto dinheiro, que já não cabem na bolsa, no bolso do paletó, na meia, na cueca e nos sapatos.
Acorda, Brasil!


terça-feira, 25 de abril de 2023

NÃO SEJA UM ¨CHATO¨

NÃO SEJA UM “CHATO”

Filemon Martins


Que coisa mais chata é você ter um “chato” por perto. Pior, eles estão em toda parte. Em casa, no ambiente de trabalho, na condução, no ponto de ônibus, nas reuniões da empresa ou reuniões familiares.

Estou nomeando aqui como “chato” a pessoa que reclama demais. Reclama de tudo. Segundo a Drª Priscila Gasparini Fernandes, psicóloga clínica e psicanalista, em entrevista à revista PONTO DE ENCONTRO, “algumas pessoas se acomodam em uma situação ruim, reclamam o tempo todo, mas não têm atitudes para mudar e passam a ver a vida por um prisma negativo, tornando-se mais críticas e à procura de culpados”.

É muito comum, especialmente, pelas redes sociais as pessoas reclamarem da chuva, do calor, do frio, das árvores que deixam cair suas folhas, do trânsito caótico, enfim não faltam motivos para reclamações.

Ainda segundo a Drª Priscila, “o resultado disso é que elas acabam se anulando para agradar aos outros, comparando suas vidas com a dos demais, chamando inconscientemente a atenção das pessoas como se fossem “coitadinhas”, e no final, podem acabar vendo tudo dando errado mesmo, ao ponto de gerarem um quadro depressivo do qual precisam lidar com a frustração o tempo todo”.

Não é agradável ficar ouvindo reclamações o tempo todo, por mais paciência que se tenha. Na opinião do psicólogo João Alexandre Borba, também em entrevista à revista PONTO DE ENCONTRO, o nível e a quantidade de reclamações feitas por uma pessoa servem somente para revelar o quão pessimista e amarga ela pode ser. “Elas são do tipo que veem o copo meio vazio e não meio cheio, e costumam perceber sempre o que está faltando e não o que já foi feito. Esse comportamento faz com que, no decorrer do tempo, as pessoas a sua volta comecem a se afastar. Afinal, ninguém consegue permanecer perto de alguém cheio de razão e que está sempre insatisfeita”, afirma.

De fato, existem “chatos” de todos os tipos:

Desagradável – aparece sempre fazendo comentários antipáticos e sem noção. Inconveniente – aborda questões de saúde, assuntos particulares. Arrogante -  aposta que só ele sabe de tudo. Tudo o que ele tem ou faz, é melhor que o dos outros. Agressivo – chega a ofender com suas “brincadeiras” de mau gosto, emitindo opiniões desastrosas sobre tudo o que os colegas fazem. Dono da verdade – elege um tema no qual se julga um mestre, torna-se um juiz, um julgador infalível.  Repetitivo – onde quer que ela vá, diz: o meu médico, o meu dentista, o meu preparador físico, que é sempre o melhor e essa ladainha você ouve todos os dias.

Mas há outros que eu considero uns chatos: aqueles que atropelam as pessoas nas ruas, porque não desgrudam dos celulares, smartphones e tablets, como se eles fossem morrer, sem estes aparelhinhos.   

Há também um tipo novo: aqueles que, diante de tantas evidências de má administração do dinheiro público, falcatruas e desvios já comprovados, inclusive alguns já condenados pelo Supremo Tribunal Federal, ainda acreditam piamente na honestidade destas pessoas ou governantes. 

Mas, segundo a Drª Priscila, nem tudo está perdido: “Por pior que seja a situação, sempre haverá uma maneira de lidar com ela, com clareza e responsabilidade, delimitando até onde o problema é nosso ou não, para não corrermos o risco de querer resolver também os dilemas dos outros, mas apenas orientá-los”.

Tudo o que foi escrito aqui pode ser o óbvio, mas precisa ser dito. 




 


OS EFEITOS DA BOA MÚSICA SOBRE O SER HUMANO

 


                                                   (IMAGEM DA INTERNET)


OS EFEITOS DA BOA MÚSICA SOBRE O SER HUMANO

Filemon Martins


Não se pode negar os efeitos positivos da boa música sobre o ser humano. Quando recorremos a música para harmonizar sentimentos, aplacar as mágoas, despertar corações para as alegrias da vida, é sempre um bom caminho. Ouvir uma melodia com percepção rítmica, harmoniosa, cadenciada com uma boa letra nos deixa extasiados.

Muitas vezes nem entendemos a letra, mas a melodia da música já é suficiente para nos emocionar, arrebatando-nos aos píncaros da emoção.

De acordo com a publicação do Correio Braziliense e as fontes Equipe Biosom, Collective Evolution, ¨estudos avançados  comprovam  que a música  apresenta propriedades, não encontradas em outras artes, que exercem influência sobre os humanos, tanto no corpo, quanto na mente. Assim, a música  traz imensuráveis benefícios, tanto individuais, quanto para a sociedade em geral.

A música age como uma tela de projeção, evocando imagens, trazendo recordações ou nos transportando para reminiscência do passado ou de visões futuras. Além disso, estudos comprovam que a ação das ondas musicais no cérebro ativam funções de lógica e raciocínio gerando novas soluções para determinados problemas¨. 

Neste sucinto texto não pretendemos adentrar nas explicações científicas sobre os benefícios da música sobre a mente, saúde, relações sociais, sistema nervoso,  produção de hormônios, o corpo humano em geral. Aqui o que queremos é enaltecer a boa música  e lembrar, uma vez mais, do que a música é capaz de fazer: - lembrando que cantar exercita o coração; melhora a memória; diminui a dor; ajuda na concentração; contribui para relaxar; aumenta o interesse pelo romance; motiva a fazer atividades físicas; influencia na percepção de mundo; melhora a qualidade do sono.

Quem, ao ter deixado a terra natal, não se emociona ao ouvir na voz do saudoso Agnaldo Timóteo, OS VERDES CAMPOS DA MINHA TERRA? Ou LUAR DO SERTÃO, de Catulo da Paixão Cearense?

Quem não se comove ao ouvir EU SEI QUE VOU TE AMAR, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes? Ou ainda a clássica música TREM DAS ONZE, de Adoniran Barbosa? 

O Brasil é um país continental, com um povo ordeiro e bom, uma miscigenação de etnias, religiões, artes, em razão de diversos povos que imigraram da África, Europa e Ásia, além dos indígenas que já habitavam a terra. Dessa forma, temos grandes escritores, poetas, atores, atrizes, grandes e ecléticos compositores da música brasileira. São muitas músicas, muitos autores e intérpretes. Vamos enumerar algumas músicas e compositores, entre tantos outros:

AS ROSAS NÃO FALAM, - Cartola; AQUARELA DO BRASIL, - Ary Barroso; CHEGA DE SAUDADE, - Tom Jobim e Vinícius de Moraes; ASA BRANCA - Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira; CARINHOSO - Pixinguinha e João de Barros; ÁGUAS DE MARÇO - Tom Jobim; CONSTRUÇÃO - Chico Buarque; FOI UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA - Paulinho da Viola;  DEIXA A VIDA ME LEVAR - Serginho Meriti e Eri do Cais; DETALHES - Erasmo e Roberto Carlos.

Músicas internacionais que marcaram época e foram grandes sucessos, entre as quais:  YOUR SONG - Elton John; IMAGINE - John Lennon; MY HEART WILL GOON - Celine Dion; AMIGOS PARA SIEMPRE - Sarah Brightman; YOU TAKE MY BREATHE AWAY - Sarah Brightman; DON' T BE CRUEL - Elvis Presley;  GRACIAS A LA VIDA - Joan Baez.

No item de músicas internacionais fiz constar o nome do intérprete, visto não saber ao certo o nome do compositor. 

Evidentemente tanto no campo da música brasileira, como internacional, existem tantas outras músicas, bons compositores e intérpretes, que essa lista é tão somente uma simples amostragem do que  há no campo da boa música.  Repito: é preciso ser uma boa música, artigo raro nos dias de hoje.     

     


       

   

domingo, 23 de abril de 2023

O QUE É O AMOR?

 O QUE É O AMOR?

Filemon Martins


Segundo o grande apóstolo Paulo, ¨ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e tivesse toda a sabedoria do mundo, SE NÃO TIVESSE AMOR, nada seria. Ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, SE NÃO TIVESSE AMOR, de nada me adiantaria¨.

A expressão Amor engloba uma série de significados e símbolos dos mais simples aos mais exóticos e sofisticados: amor divino, amor maternal, paternal, filial, puro, sincero, eterno, frágil, aparente, secreto, inatingível, sensual, carnal, enfim quase um dicionário inteiro. 

Pensadores, filósofos, poetas e escritores têm-se expressado sobre o amor. Luís de Camões, um dos  maiores poetas da Língua Portuguesa, senão o maior, escreveu: ¨Amor é um fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é  um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é solitário andar por entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é cuidar que se ganha em se perder. É um estar-se preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode o seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo amor¨?

Nos tempos hodiernos parece haver um individualismo exagerado nas relações que envolvem o amor. O conceito bíblico afirma que ¨o amor é paciente, não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta¨, parece estar fora de moda. É natural que cada ser humano tenha suas vontades próprias, mas o egoísmo transformou o amor num sentimento interesseiro e exibicionista. 

Contudo, deixando de lado as teses de filósofos e pensadores, o amor continua sendo um sentimento nobre, sublime e que merece ser regado por toda a vida. Triste do ser humano que não tem amor, pois jamais sentiu alguma dor, que faz crescer e evoluir e não terá uma agridoce saudade a recordar.

Para muitos o amor se tornou um lucrativo negócio; para outros, um acordo político, financeiro, origem de prestigio, posição social ou algo parecido. O amor puro, genuíno, verdadeiro ficou em segundo plano, não é real, soa falso e incomoda muita gente estúpida e apalermada.

Muitos trovadores têm tecido suas trovas falando de amor. José Paulo Tavares: ¨Amor - mistério profundo... Milagre que enfeita o verso, oferta de Deus ao mundo, razão de ser do Universo¨. Iraci do Nascimento e Silva: ¨Amor se dá, - não se vende, não se compra não se empresta... Quem o compra, se arrepende, e quem o vende, não presta¨. Geraldo Pimenta de Moraes: ¨Com muita certeza eu digo que agrada mais ao Senhor, quem, além do pão de trigo, dá ao pobre o pão do amor¨!       

Sem divagações, o que importa mesmo é que o amor é como a planta que nasce no quintal e quando bem cuidada floresce e fica linda. Assim o amor que nasce naturalmente pode  ser regado com ternura infinda, porque o amor autêntico não tem rival, embora a beleza do corpo seja fugaz e transitória.

É imprescindível cuidar com carinho e zelo todos os dias, regando-o com compreensão, defendendo-o do ciúme tão nocivo que teima em  dividir, separar e criar atropelos entre as pessoas.

Quando aprendermos a cultivar o amor no Planeta Terra, o mundo será melhor.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

REFLEXÃO

REFLEXÃO

Filemon Martins


É sempre salutar quando paramos um pouco para uma meditação. Ninguém pode viver sem uma pausa para refletir sobre a vida, missão terrena, o que passou, o que fizemos ou deixamos de fazer. É nesse momento que ficamos perplexos com as escolhas que fizemos, seja na vida pessoal, profissional, política ou ambiental. É evidente que todos nós almejamos obter estabilidade econômica, emocional, pessoal e muito pelejamos para encontrar um ¨porto seguro¨.

Contudo, se erramos no passado, se nossa semeadura não foi boa, não precisamos desistir. Ao contrário, vamos planejar e plantar melhor nossas sementes e ideais. Se regarmos bem nossos sonhos, eles brotarão como um roseiral, cujos brotos se transformarão  em botões e mais tarde desabrocharão  em perfumadas rosas.

Nossos erros, decepções e frustrações devem se transformar em combustível para seguirmos com mais experiência, força de vontade e determinação a fim de alcançarmos nossos objetivos no presente e no futuro com uma excelente colheita. Vale refletir.      

ANOITECEU

 ANOITECEU

Filemon Martins


Anoiteceu na terra, mas a lua, tímida, ainda não apareceu para nos dar um ¨boa noite¨. A brisa sopra serenamente balançando os galhos das árvores e saudando o brilho das estrelas que cintilam no céu enamorando os poetas.

Da varanda, em silêncio, observo os transeuntes, que, aos poucos vão passando e se recolhendo em seus lares, depois de um dia de trabalho estafante e exaustivo. Novos sonhos serão idealizados para o novo dia que virá com cores vivas de fé e esperança. 

Também eu me recolho para um balanço introspectivo do que fiz, deixei de fazer e daquilo que ainda posso fazer. É nesse momento que a perseverança fala mais alto: é sempre possível idealizar e criar novas possibilidades para o dia seguinte, mesmo porque o anterior já foi consumado. É isso que tento fazer, interpretar sentimentos de alegria ou tristeza, acertos e erros. Se errei, como corrigir? Por que errei? Como não repetir os mesmos erros? 

Será melhor traçar outra rota, outro caminho que me leve a eliminar, de uma vez por todas, os erros  cometidos. Repetir o que deu errado é errar duas vezes, é desastroso.    

CRÔNICA JOGOS NO INTERIOR

 JOGOS NO INTERIOR

Filemon Martins


É noite. O estádio está lotado. A iluminação dos holofotes refletem a alegria do povo, impaciente e ansioso pelo início dos jogos.

Sente-se que as famílias estão ali reunidas, pais, irmãos, filhos, tios e toda a vizinhança faz comentários sobre as cores dos uniformes de cada equipe envolvida naquele campeonato. 

Sentado num dos degraus da arquibancada, observo e cumprimento alguns conhecidos que passam apressados, sem tempo para um aperto de mão.

Fico, por algum tempo, sentindo-me um pária e excluído diante daquela multidão. A solidão naquele estádio é perversamente doída, porque todos estão gritando, assoviando e aplaudindo os atletas, como se cada um ali ao lado fosse um estranho.

A cerimônia de abertura já terminou; os jogos já estão em andamento, mas eu estou ali petrificado, absorto, pensando na minha solidão, lembrando o dito popular: ¨Devagar e sozinho se vai ao longe¨, mas como demora chegar!  

 

PROVÉRBIOS DE ENO THEODORO WANKE

PROVÉRBIOS DE ENO THEODORO WANKE


1) Em terra de bobo, inteligência é                  bobagem.

2) Em terra de atrasados, a sina dos                 pontuais é esperar.

3) Em terra de contradições, a lógica é         sempre contraditória.

4) Em terra de erros, o acerto é pecado.

5) Em terra de mentirosos, só quem                mente diz a verdade.

6) Em terra de desonestos, é ridículo ser        honesto.

7) Engana-se quem tenta enganar-se a si      mesmo.

8) Eterno é o que dura mais que a gente.

9) Em terra de pregos, quem tem                    martelo é rei.

10) Entre Judas e Cristo, a escolha é                  unânime: Cristo. Por que será, então,         que Judas tem tantos seguidores, e           Cristo tão poucos?

TROVAS DE CARLOS RIBEIRO ROCHA

 TROVAS DE CARLOS RIBEIRO ROCHA


Minha filha, seja grata,

e saiba que a gratidão

é pulcra flor abstrata

que perfuma o coração.


Nenhum transe ou embaraço

faz-me quebrar essa linha:

quando a minha trova faço,

desfaço a tristeza minha.


Obs.: Constantes do Anuário de POETAS DO BRASIL, edição de 1978, editado pelo saudoso Aparício Fernandes.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

SOU DESTE TEMPO


(FOTO ENVIADA PELO AMIGO JOSEMAR REIS)

SOU DESTE TEMPO
Filemon Martins

Eu e alguns amigos e amigas quando trabalhávamos na Empresa Folha de Manhã S/A usávamos este tipo de máquina. Naquela época era tudo manual.
Quando cheguei a São Paulo já sabia escrever a máquina, porque aprendi numa Remington de meu pai, onde ele costumava redigir discursos e sermões evangélicos. Na empresa, as máquinas e calculadoras já eram da marca Olivetti, mas todas manuais.
Aos poucos foram chegando as máquinas de escrever e calculadoras elétricas que substituíram as antigas. Nosso gerente, Sr. João Arci Netto (já no plano superior), achou por bem guardar algumas destas máquinas ¨para uma emergência¨, dizia ele.
E não é que o homem tinha razão? Quase todos os funcionários tinha uma máquina elétrica em suas unidades de trabalho. Num certo dia tudo apagou, simplesmente não havia energia elétrica. Um transformador explodiu em algum local e toda a região ficou sem energia.
Ocorre que muitos assinantes do jornal e algumas agências de propaganda preferiam pagar seus débitos diretamente no balcão da empresa. Além do mais, uma equipe de cobradores (representantes da Folha) prestavam conta no Deptº de Cobrança da Empresa. Sem energia elétrica, como calcular valores e receber pagamentos? Ora, o gerente tinha a solução: mandava buscar as máquinas e calculadoras manuais e tudo era resolvido. Ninguém deixava a empresa sem quitar seus débitos. Não se ouvia a desculpa: - não tem sistema, caiu o sistema, o sistema está lento. 
É verdade que a modernidade, internet, a tecnologia vieram revolucionar nossa vida, viabilizar mais rapidez nas transações, nas vendas, na indústria, no comércio em geral. Com um, dois, três cliques você pode ter conhecimento de fatos que acabaram de ocorrer, saber de informações, datas históricas, política num passe de mágica.  
Por outro lado, hoje, ficamos muito dependentes da energia e internet. Sem ela, nada funciona: elevador, tv, micro-ondas, liquidificador, chuveiro, geladeira, vídeo game, luz, portão automático, interfone, para tudo. Com a internet também ocorre o mesmo problema. Outro dia, segundo fomos informados, houve um furto de cabos da empresa prestadora de serviços aqui na região. Por consequência ficamos 2 dias e uma noite sem internet e nada pudemos fazer. 
No caixa de um grande supermercado fiquei mais de 30 minutos tentando pagar a compra com cartão, mas o sistema caiu. Perguntei: - e quando deve voltar? Vocês têm um sistema alternativo para estes casos? A resposta que ouvi, jamais seria ouvida naquela época. ¨Não há como receber o pagamento de sua compra e não sabemos quando vai voltar, pode ser rápido ou demorar um pouco mais¨.
Nossa geração está sendo excluída do que, ironicamente, chamamos de Mundo Moderno.      


 

terça-feira, 18 de abril de 2023

NÃO ME ESQUEÇO...


 

NÃO ME ESQUEÇO…

Filemon Martins  


Não me esqueço dos versos comoventes

que escrevi com perene inspiração,

quando vivi nos chapadões florentes

da minha terra em meio do Sertão.


Depois, parti... Sofri dores pungentes

numa luta sem fim de solidão.

Desolado, vivi dias ingentes

mas se caí, jamais fiquei no chão.


Vejo, porém, que os meus cabelos brancos

são apenas troféu para consolo

de quem viveu aos trancos e barrancos...


Desafiei a vida, estou cansado,

só resta agora um pensamento tolo;

sou poeta, sou livre e aposentado.