(FOTO DA INTERNET)
TEMPO-ETERNIDADE
Paulo Mendes Campos (28/02/1922 a 01/07/1991)
O instante é tudo para mim que ausente
do segredo que os dias encadeia
me abismo na canção que pastoreia
as infinitas nuvens do presente.
Pobre de tempo, fico transparente
à luz desta canção que me rodeia
como se a carne se fizesse alheia
à nossa opacidade descontente.
Nos meus olhos o tempo é uma cegueira
e a minha eternidade uma bandeira
aberta ao céu azul de solidões.
Sem margens, sem destino, sem história,
o tempo que se esvai é minha glória
e o susto de minha alma sem razões.
(LIVRO GRANDES SONETOS DA NOSSA LÍNGUA, PÁGINA 202)
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