quinta-feira, 31 de agosto de 2023

DESMANTELO AZUL

 



DESMANTELO AZUL

Carlos Pena Filho


 

Então pintei de azul os meus sapatos

por não poder de azul pintar as ruas

depois vesti meus gestos insensatos

e colori as minhas mãos e as tuas.


Para extinguir de nós o azul ausente

e aprisionar o azul nas coisas gratas

Enfim, nós derramamos simplesmente

azul sobre os vestidos e as gravatas


E afogados em nós nem nos lembramos

que no excesso que havia em nosso espaço

pudesse haver de azul também cansaço


E perdidos no azul nos contemplamos

e vimos que entre nós nascia um sul

vertiginosamente azul: azul.


(FONTE AVBAP) 




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