sábado, 1 de julho de 2023

LEMBRANDO CASTRO ALVES

 


(FOTO DA INTERNET)

LEMBRANDO CASTRO ALVES
Filemon Martins

Antonio Frederico de CASTRO ALVES, nascido na Fazenda Cabaceiras, Curralinho, hoje cidade de Castro Alves, Bahia, um dos mais populares poetas do Brasil, escreveu versos admiráveis, entre outros, O NAVIO NEGREIRO – Tragédia no mar, do qual extraímos parte da VI estrofe:
“E existe um povo que a bandeira empresta/pra cobrir tanta infâmia e cobardia!... /E deixa-a transformar-se nessa festa/em manto impuro de bacante fria!... /Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta,/que impudente na gávea tripudia?!.../Silêncio!...Musa! chora, chora tanto/que o pavilhão se lave no teu pranto.../Auriverde pendão de minha terra,/que a brisa do Brasil beija e balança,/Estandarte que a luz do sol encerra/às promessas divinas da esperança.../Tu, que da liberdade após a guerra,/foste hasteado dos heróis na lança,/antes te houvessem roto na batalha,/que servires a um povo de mortalha!...”
Parece que o poeta baiano escreveu estes versos, que considero um dos mais belos e significativos da Língua Portuguesa, nos dias atuais. Se hoje não temos a escravatura a que se referia o poeta, continuamos escravos do analfabetismo, da corrupção, da política de exclusão social, do desemprego, do crescimento da miséria, da fome, da violência, do medo, dos preconceitos, da falta de investimentos em educação, saúde e da submissão ao poder econômico dos países ricos e exploradores. Aqueles que vivem em seus gabinetes atapetados e não têm contato com o povo, não percebem ou fingem não perceber como tem aumentado o exército de desempregados e consequentemente da fome e da miséria.
O ex-presidente José Sarney, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, pondera que “no nosso velho estilo de malhar o país, o noticiário ressalta o negativo e esquece o grande salto. As manchetes resumem esses cem anos como o século da desigualdade.” 
Por outro lado, ex-presidente, é bom lembrar que não malhamos o Brasil, mas sim aqueles que têm tido a responsabilidade de dirigir os destinos do País e não enxergam o futuro. Nasci e cresci no interior da Bahia e, em busca de dias melhores, como outros o fizeram, me transferi para São Paulo e sempre ouvi falar em programas de erradicação do analfabetismo. Aos 73 anos, constato, entristecido, que pouco se fez para alcançar tal objetivo. A educação, no Brasil, assim como a saúde, transportes, saneamento básico e qualidade de vida, nunca foram prioridades de nenhum governo. Todos, todos mesmo vão sucateando a educação, transporte, segurança pública, além de subtrair direitos dos trabalhadores de forma injusta e criminosa.
Dizer que a “saúde é universal, que temos salário mínimo, garantias individuais, direitos sociais e somos a segunda democracia do mundo ocidental” não enche barriga de ninguém, nem satisfaz a busca da sociedade brasileira por dias melhores, por um Brasil decente, digno, com oportunidades iguais para seus filhos, e grande não somente na dádiva da Natureza, que, a bem da verdade nunca soubemos valorizar e aproveitar.
Utilizar os serviços e tecnologia de hospitais como o Albert Einsten, Sírio Libanês ou Incor, em São Paulo, não é a mesma coisa que frequentar hospitais públicos da rede municipal ou estadual. Estudar na USP e na FATEC, além de ser menos oneroso, não é a mesma coisa que estudar em Universidades, que, embora pagas e caras, não oferecem um ensino esmerado.
O que se questiona é que não avançamos. O próprio José Sarney, no mesmo artigo, reconhece que em seu governo, éramos a oitava economia do mundo e em (2022) somos a 12ª (décima segunda). Por que não avançamos? Dirão os tecnocratas de plantão que a economia do mundo mudou. Sim, mas mudou para todos. Por que, então, recuamos? Ao longo do tempo, nossos governadores de Estado nunca deram maior importância aos verdadeiros problemas sociais. Sempre procuraram soluções paliativas, sem debelarem as causas da doença. Já faz algum tempo (2003) que foi aprovado e sancionado pelo Presidente da República, o Estatuto do Idoso, agora Estatuto da Pessoa Idosa, que merece aplausos, porque preenche uma lacuna até então existente e vamos torcer para que, na prática, funcione. Espera-se que os nossos políticos trabalhem para o bem da sociedade e não como é de costume acontecer, mais uma Lei a servir de propaganda nas eleições futuras.
Enquanto isso, vemos imagens na televisão e lemos em jornais as falcatruas, os acordos de partidos políticos que geram tanto dinheiro, que já não cabem na bolsa, no bolso do paletó, na meia, na cueca e nos sapatos, com a conivência da Suprema Corte.
Acorda, Brasil!


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