sábado, 13 de setembro de 2025

CONTRASTE - PADRE ANTONIO TOMÁS

 




BELÍSSIMO SONETO DO PADRE ANTONIO TOMÁS - Ceará (1868-1941)

CONTRASTE

 
Quando partimos, no verdor dos anos,
da vida pela estrada florescente,
as esperanças vão conosco à frente,
e vão ficando atrás os desenganos.
 
Rindo e cantando, céleres e ufanos,
vamos marchando descuidosamente...
Eis que chega a velhice, de repente,
desfazendo ilusões, matando enganos.
 
Então, nós enxergamos, claramente,
como a existência é rápida e falaz,
e vemos que sucede exatamente
 
o contrário dos tempos de rapaz:
- Os desenganos vão conosco à frente
e as esperanças vão ficando atrás.

MODORRANDO... VOU DE CARONA... - MIGUEL RUSSOWSKY

 



MODORRANDO... VOU DE CARONA...
                   Miguel Russowsky (1923 – 2009)

Verão. Domingo. A brisa morna e branda
vai furungando ao léu, sem disciplina.
De vez em quando, as franjas da cortina
agitam-se em meneios de ciranda.

A tarde está dormindo na varanda
com seu perfil de cortezã grã-fina.
O relógio, viciado na rotina,
parece concordar... Quase não anda.

A preguiça – senhora muito obesa –
cansada, se estatela no sofá,
boceja, devagar... Só quer moleza!...

A vida muitas vezes estaciona...
Mas, se quiser seguir... Deixo que vá!
Eu não posso impedir... Vou de carona!...

(Do BALI – LETRAS ITAOCARENSES – Dezembro/2009-página 12)

TROVAS DE IZO GOLDMAN

 


                                          (FOTO DE SANDRO, CARRANCA, BAHIA)


TROVAS DE IZO GOLDMAN (São Paulo – SP.)

No abismo da solidão
onde o remorso se esconde,
há mil gritos de perdão
e um eco que não responde...

Tenho medo de mulher
com marido e, mesmo sem...
- da solteira, porque quer...
- da casada, porque tem...

No livro da nossa vida
por culpa do teu ciúme,
a estória foi dividida
e eu fiquei noutro volume.

A vida vai prometendo,
não cumprindo e, muito esperta,
quando eu cobro, vai dizendo:
- “qualquer dia a gente acerta...”

(Anuário – Coletânea de Trovas Brasileiras-1979-página 54-organização Fernandes Vianna-Recife-PE)

IPUPIARA - BAHIA

 


(NÃO SEI QUEM É O AUTOR DA FOTO. SE ALGUÉM SOUBER, POR FAVOR, ME INFORME)



IPUPIARA (Chapada Diamantina, Bahia)
         (Retratada no livro “Coronelismo no Antigo Fundão de Brotas,” de Mário Ribeiro Martins)

                   Filemon Martins

Cravada no Sertão, jardim de flores,
nasceu uma cidade hospitaleira.
Seus campos coloridos, sedutores,
tornam a vida bela e alvissareira.

Berço de heróis, poetas, escritores,
produzem versos na cidade ordeira.
O clima é quente, bom e aviva as cores
da alegria que é sempre verdadeira.

Ipupiara é flor cheia de encanto,
cuja beleza inspira o bem, porquanto
as alegrias são puras e completas.

Há de brilhar no céu, mesmo à distância,
esta Terra de amor e de elegância,
pois tu és a cidade dos poetas!

INDIFERENÇA - ZIVER RITTA

 



INDIFERENÇA
           ZIVER RITTA (Porto Alegre-RS)

Dias depois da nossa desavença,
naquela tarde, num final de agosto,
eu compreendi o aviso na sentença
que, sem sorrir, ela jogou-me em rosto.

Disse, claro demais para meu gosto:
“Bem ao contrário do que reza a crença
que nós chamamos popular, o oposto
do amor não é o ódio. É a indiferença”.

Depois da nossa briga assim me disse,
e o fez, como se vê, de forma clara,
para que eu não tomasse por tolice.

Por isso hoje, ao ver-nos frente a frente,
se ela com ódio em seu olhar me encara,
desvio o meu olhar indiferente.

(Jornal FANAL, n° 564, agosto de 2002, página 01, órgão oficial da Casa do Poeta “Lampião de Gás”, de São Paulo)

TROVAS DE JESSÉ NASCIMENTO

 



TROVAS DE JESSÉ NASCIMENTO

 

Com meus sonhos mais singelos

Embalados na esperança

Venho erguendo meus castelos

Desde os tempos de criança.

 

No sonho e imaginação,

Vou compondo cada verso;

Partindo do coração,

Viajo pelo universo.

 

Num cenário colorido,

Cheio de encanto e alegria,

A vida tem mais sentido:

A primavera extasia!

 

Vida, que desigualdade,

Nós, homens, como lamento,

A mulher não tem idade,

Tampouco envelhecimento.


sexta-feira, 12 de setembro de 2025

ESCASSEZ DE CARÁTER - FILEMON MARTINS

 



 

ESCASSEZ DE CARÁTER

Filemon Martins



É impossível ficar alheio ao que se passa em todo o Brasil, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. Nestes últimos tempos, a escassez de caráter de nossos deputados, juízes, ministros e políticos em geral tem sido um absurdo. Transformaram-se em déspotas e oportunistas.

Insistem em perpetuar a miséria no país, para terem o controle do poder.

O povo, pobre e desvalido, comemora as esmolas assistenciais. Dizem na propaganda oficial que tiraram milhões da miséria. Quem anda na rua, sabe que é exatamente o contrário, 30 passos e você já encontra sem teto, sem comida, jogado nas ruas e praças, mas se você dialogar, ele recebe o bolsa família, por isso vota no PT.

Deste modo, o país vai descambando para a falência total, sem emprego, sem trabalho e sem educação.
Ao cidadão comum não é dado o direito de entender porque a Justiça permite que a corrupção se alastre em todos os segmentos, com impunidade, acobertando aqueles que se apropriam do dinheiro do povo.   Assim, só nos resta lamentar e protestar contra esses parlamentares, empresários, juízes e ministros, caras de pau, a ponto de obstruírem as investigações, mentirem, omitirem dados num descalabro total de desrespeito ao povo brasileiro e aos cargos que ocupam. Uma pena que alguns eleitores, talvez por interesses obscuros, temporariamente cegos, insistem em não enxergarem o óbvio.
Definitivamente, os políticos brasileiros não são sérios. As exceções, se existem, são tão raras, que, apesar das embrulhadas que o PT e a equipe de Lula fizeram no governo, parece que o eleitor está anestesiado pelo desencanto e pela desesperança que se abateram sobre o Brasil, que se comporta com um “tanto faz, como tanto fez”. Não há diferença entre estes e aqueles que governavam o Brasil, pelo menos é o que se infere do resultado das últimas pesquisas de opinião, se estas pesquisas forem sérias (não manipuladas).

A impunidade tem sido a mola mestra que impulsiona essa engrenagem de corrupção que se alastra por todo o país, sob o olhar complacente de um Judiciário político que se submeteu aos caprichos dos prepotentes e poderosos, daí estar sendo criticado por quase todos os segmentos da sociedade brasileira.

No campo religioso, descobriu-se o chamado “Evangelho de Judas”. Como se sabe, Judas Iscariotes é conhecido, no Novo Testamento, como o Apóstolo que traiu Cristo, entregando-o aos poderosos romanos que o prenderam, julgaram-no e o condenaram à morte. Independentemente da autenticidade do documento, já se difunde a ideia de que Judas não foi um traidor. Segundo o novo Evangelho, apenas obedeceu a ordem superior e, portanto, não traiu Cristo.

Ora, no cenário político brasileiro, muito antes da descoberta deste documento religioso, a turma do Planalto já incorporava essa ideia: mais de 70 parlamentares que receberam altas somas oriundas do valerioduto, de acordo com o Presidente da República e a maioria da Câmara de Deputados, apenas cometeram deslizes, um simples desvio de conduta, mas não são corruptos e não merecem a cassação. Não traíram o mandato que lhes foi outorgado pelo povo.
É melancólico, mas chega-se à conclusão de que somente o povo, através do voto, se não tivesse memória curta, poderia limpar as cadeiras do Congresso Nacional, na esperança de que se possa construir um Brasil sério, um Brasil justo, com oportunidades iguais para todos, sem conchavos, sem protecionismo, mas com honestidade, dignidade e caráter, que anda em falta no mercado dos que mandam no Brasil. Tomara que sejamos abençoados com mais luz, inteligência e seriedade nos próximos anos! Porque até agora estamos na Idade das Trevas.

 


FILOSOFIA ROTÁRIA - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 





FILOSOFIA ROTÁRIA.
Mário Ribeiro Martins*




Escrevo com aquele gosto cinza de quem chegou atrasado, paralisado na massa revolta dos idealistas ingênuos. Lembro-me daquele que ingressou no mundo rotário equipado com o entusiasmo dos iniciados sinceros, queimando-se nos naturais ardores de cristão novo.
E para sua sorte, encontrou cristãos velhos, trabalhados na experiência e por isso mesmo, alérgicos à beatice e aos fanatismos.
A filosofia rotária é experiência humana. E, como experiência humana, somente ganha dimensão se há militância e vivência.
A existência em si é incompleta. Toda existência apenas vale quando projetada como coexistência. Todo viver, já disse alguém, unicamente significa como conviver. Viver e existir são verbos humanamente transitivos, verbos que ajudam o transito da sociedade, a passagem, a transferência de nossa humanidade para outros.
Filosofia rotária é uma oportunidade magnifica para se revelar e transferir humanidade. Mas também pode ser uma não menos magnifica oportunidade para se comunicar desumanidade, isto porque o bem e o mal utilizam os mesmos canais.
E quando o mal se canaliza não há defesa ativa, porém apenas defesa passiva. Utilizam-se vacinas, entra-se em férias psicológicas ou licença - premio espiritual e espera-se que a dinâmica maléfica se esgote. Mas esse mal tem um valor extraordinário: ele vai testar a capacidade de compreensão, virtude básica da filosofia rotária. Sem compreensão não há companheirismo e dissolve-se a solidariedade.
Poucos conhecem o significado histórico e filosófico da comunidade de mesa. A filosofia rotária, acima de tudo, apresenta-se na condição de comunhão em torno de uma mesa. Não para agregar-se mecanicamente no espaço de uma hora, entre o expediente matutino e o vespertino, enquanto se almoça. Precisa-se não esquecer da refeição da alma, a mais difícil de todas, porque o cardápio é infinito e os temperos variados.
Sem a compreensão não se pode servir. Mas é preciso cuidado para que esse servir não se transforme em “servir-se”, pois há quem não sirva à filosofia rotária, porém se sirva da filosofia rotária para a sua vaidade pessoal, o que, evidentemente, não traduz o verdadeiro companheirismo rotariano. (Texto publicado no livro ESCRITORES DO BRASIL. Rio de Janeiro, Arte Moderna, 1979, II volume, p. 350).



MÁRIO RIBEIRO MARTINS - ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

A MEDICINA E OS ESCRITORES - HÉLIO MOREIRA

 




A MEDICINA E OS ESCRITORES.
Hélio Moreira*



O diário de Humberto de Campos, que só foi divulgado 15 anos após a sua morte, é um manancial impressionante de informações sobre a vida literária e política da sua época.
No dia 22 de setembro de 1934, Humberto de Campos escreveu no seu “DIÁRIO SECRETO”:
“Há seis meses, precisamente, a 22 de março de 1934, fui operado. Abriram-me a bexiga, escancararam-me como a um peixe. E, ainda hoje, parcialmente aberto, sofro. Sofro mais do que antes da operação. Sofro, e tenho nojo de mim, com este apêndice de borracha que me sai de sob o umbigo, e com este mau cheiro, que, não obstante a higiene mantida, os dois curativos, às vezes me entontece!
Às vezes, choro sozinho. Choro com pena de mim. Choro, com saudades de mim. Mas, é preciso trabalhar, e eu trabalho. Trabalho e sorrio. E quantas vezes, ao ser entregue à porta, ao portador, o artigo que acabo de escrever, e em que há alegria ou sarcasmo, não mergulho a cabeça nas mãos e soluço longamente, atormentado pelas dores que me perseguem!...
-Ri-te, palhaço!..”.
O escritor Humberto de Campos, membro da Academia Brasileira de Letras, político, contista, poeta e romancista, foi uma das mais importantes figuras da literatura brasileira do século XX.
Seu diário, que só foi divulgado 15 anos após a sua morte, atendendo sua expressa recomendação, é um manancial impressionante de informações sobre a vida literária e política da sua época.
Sofria de ACROMEGALIA, devido a um tumor na hipófise. Existem várias “entradas” no seu diário (iniciado em 1906 e encerrado, com a sua morte, em 1934) com referências ao seu estado de saúde e principalmente sobre a evolução da sua doença.
O trecho que reproduzimos fala da sua angústia e principalmente da veemência da sua pena poética, apesar do infortúnio. (REVISTA DA ACADEMIA GOIANA DE MEDICINA. Goiânia, setembro de 2008).





HÉLIO MOREIRA é Médico, Escritor. Membro da Academia Goiana de Letras e da Academia Goiana de Medicina.


(LIVRO "ENCANTAMENTO DO MUNDO E OUTRAS IDEIAS", DE MÁRIO RIBEIRO MARTINS)



PROGRESSISTA: NOME BONITO PARA VELHO DESASTRE - FÉLIX MAIER

 



Progressista: nome bonito para velho desastre

Félix Maier

 

Progressista soa chique, parece título de palestra da ONU com cafezinho gourmet no intervalo. Progressista vem de progresso. Bonito, não? Parece coisa de cartilha escolar com arco-íris e pombinhas. Mas quando você tira o laço colorido, descobre o que sempre esteve por baixo: comunista, socialista, bolivariano, lulopetista — é tudo a mesma árvore genealógica, só mudam os apelidos para enganar os incautos.

Progressista é aquele vendedor que te empurra um caixão de defunto dizendo que é cama box novinha. É a arte de trocar o rótulo: fome vira “justiça social”, censura vira “controle responsável da informação”, ditadura vira “democracia popular”.

No século XX, os tais progressistas entregaram o maior “avanço” da humanidade: mais de 100 milhões de mortos. União Soviética, China de Mao, Coreia do Norte, Cuba de Fidel, Camboja de Pol Pot… cada um contribuindo com sua pilha de ossos. Atualmente, ainda contam as vítimas em Cuba, Coreia do Norte, Vietnã, Camboja, Venezuela e Nicarágua, onde a fome e o autoritarismo são tratados como “justiça social”.

A lógica é simples: matar em nome do futuro. Sempre tem um paraíso prometido na esquina da História, só que nunca chega. Chega mesmo é a fila do pão, o longo encarceramento, o paredón e o passaporte proibido.

E, para disfarçar, adotam o rótulo fofinho de “progressistas”. Assim fica mais palatável vender o atraso como avanço, a censura como liberdade e o carrasco como benfeitor.

No fim, progressismo é isso: a arte de trocar o nome para não mudar a antiga prática criminosa. Como dizia Orwell, basta chamar a escravidão de liberdade e a fome de igualdade.

 


(FONTE WWW.USINADELETRAS.COM.BR)

COSME VELHO - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 





                       COSME VELHO

                             Mário Ribeiro Martins


Quando contemplo as tuas obras primas,    escritor imortal, de que me ufano,      

eu não tenho nas minhas pobres rimas,      

um termo que te cante e seja humano.

      

Do romantismo, sufocaste as cimas,      

com coragem tal qual de veterano.      Pregaste o realismo com seus climas,      

pelo teu verbo forte e soberano.

      

Como se fosses ser divino - humano,      passaste humildemente pelo mundo,      vencendo os homens com vigor profundo.


Mas, como não venceste o teu engano,    morreste então, sem fé, sem Evangelho,      no rico casarão do COSME VELHO.



(JORNAL DA POESIA )

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

COMENTÁRIO DA DRª ALINE BARBOSA - RIO DE JANEIRO

 


Minha neta Nicole Jinkings Martins resgatou este comentário no site www.usinadeletras.com.br, que republico hoje: 


Sou grato a Drª Aline Barbosa, Advogada no Rio de Janeiro, pelo comentário feito sobre o meu livro “Fagulhas”, publicado em 2013 pela Editora Scortecci, São Paulo. Para massagear o meu ego, tomei a liberdade de publicá-lo, incluindo em minha fortuna crítica.


Sr. Filemon

 

Após a leitura de “FAGULHAS” capa a capa, fortuna crítica, silenciei e, somente, passei a admirar essa combustão de inspiração.  Leio sempre fortuna crítica que transmite ao leitor uma suma do estilo do escritor revelando o que já está sublimado.   Em FAGULHAS – seu talento literário, cultural, poético, prosaico.  As “ESCADAS DE TROVAS” de fácil inspiração, porém, de difícil escrita faz com destreza, “tira de letra”, como dizemos na gíria e, os SONETOS são versatilidades desse escritor pensante, inspirador. A habilidade e destreza com que maneja e liga a inspiração à escrita de forma inteligente, leve, o faz um ARTISTA PLÁSTICO das letras.  Na POESIA, poemas em verso ou prosa, qualquer gênero, um CIRURGIÃO capaz de descer o mais profundo do espírito, queimar a insensatez do coração e aquecendo o espírito, sarar a alma.    Tivesse eu, tal capacidade para descrever este escritor Filemon Francisco Martins e, seria uma biografia, o que se dispensa pelo que já escreveu seu irmão, o biobibliógrafo por excelência.  Todavia, por ser leitora, creio que a nós que não somos nada do mundo literário, apenas, isso – leitores, é a nós, que cabe dizer dessas fagulhas atiradas para todos os lados, críticos ou não. O idealizador ou a capista foi feliz, em apresentar fagulhas em combustão, soltando FAÍSCAS sem direção para todos os lados, de todos os tamanhos – BRASAS VIVAS.  Um retrato de riqueza inspiradora dessa alma infatigável, desse ser que ama escrever, um poço de combustão de inspiração constante que não se apaga... efervescente... Foi assim, que lendo o livro “ANSEIOS DO CORAÇÃO”  e este, “FAGULHAS”,   vi que estava diante de um - vulcão da cultura literária, poética -, eternamente em erupção, ardente em suas inspirações multifacetadas e multiformes de seus escritos, variando, estendendo a todo gênero de escrita; nada se furta a essa capacidade de escrever, o que é gostoso para ler,  e até pensar.  Quem não gosta de trovas passa a gostar e quem não é dado a leitura passa a apreciar e gostar. 

Tenho lido seus escritos fagulhentos que como faíscas espalham centelhas do saber, da política, sabe cantar o amor em versos como poucos... para todos os lados a sua percepção ardente de escritor acompanha até, a atual conjuntura político-social do país. Lembra outros escritores. Relembra historias e estórias que atravessa com o tempo...  É que, esse Poeta e Escritor vive aspirando, transpirando, respirando letras.  Uma admiração maior que tenho por este poeta, escritor e por quantos são portadores de especial capacidade para escrever, semelhante a fontes a jorrar inspiração - é que Filemon Francisco Martins se prostra diante de Deus - Criador, por essa fonte inesgotável, perene de poetar, escrever, fazendo sempre registros da Sagrada Escritura em seus poemas, o que é admirável, pois sabe que está diante da Fonte da Sabedoria.

 

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

LEITURA AO ENTARDECER - MIGUEL RUSSOWSKY

 



LEITURA AO ENTARDECER
        Miguel Russowsky  (1923 - 2009)

Leio um soneto triste enquanto o dia
vai se envolvendo em auras de tristeza...
Cada esperança escolhe uma devesa
para sumir, sem vez, na fantasia...

- Uma réstia de luz, ainda acesa,
põe cores desiguais na ramaria...
Há soluços fazendo a travessia
nos mares lusco-fuscos da incerteza...

Como se fosse um moribundo calmo
o sol cochicha o derradeiro salmo
e a lágrima deforma os olhos seus.

Tange ao longe uma voz na voz do sino:
- Ninguém pode mudar o seu destino!...
- Todo encontro é prenúncio de um adeus!

(O RADAR, Apucarana - PR, página 18)