MENSALÃO: UM JULGAMENTO
INCOMPLETO
Filemon Martins
“Mensalão. O maior escândalo da política brasileira, um
esquema de compra de votos de parlamentares, denunciado no primeiro mandato do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT – Partido dos Trabalhadores)”.
O esquema foi denunciado pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) em
junho de 2005 ao jornal Folha de São Paulo. Na época, Roberto Jefferson, era
acusado de envolvimento em licitações praticadas por funcionários da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), ligados ao PTB, do qual ele era
presidente. Acuado por uma investigação, ele denunciou o escândalo do Mensalão.
Segundo o deputado
Roberto Jefferson, parlamentares da base aliada do PT recebiam uma “mesada”
para votarem a favor dos projetos do governo. Havia também “mensaleiros” que seriam
do PL (Partido Liberal), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), PP (Partido
Progressista), PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), incluindo o
próprio PT (Partido dos Trabalhadores).
Assim, deu-se início a
Ação Penal nº 470, no Supremo Tribunal Federal, que, em novembro de 2013
determinou a execução das penas dos condenados. Inicialmente, 25 tiveram prisão
decretada, posteriormente um deles foi absolvido ao ter os recursos aceitos pela
Corte Suprema. Enfim, nas idas e vindas, Lula escapou, afirmando que nada sabia
do Mensalão. Seus companheiros também o pouparam, enquanto seus homens de
confiança caíram, Lula se manteve no cargo e se reelegeu em 2006.
No mês de março de 2014,
o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento dos réus acusados no
esquema de corrupção, ou seja, a compra de votos com o objetivo de obter apoio
político na Câmara pelo PT nos primeiros anos do mandato de Lula. Dos 40 denunciados,
apenas 24 foram condenados ao fim do julgamento.
Na noite do dia
27/08/2003, o então presidente Lula comemorava sua primeira e grande vitória na
Câmara dos Deputados. Com 357 votos a favor e 123 contra, era aprovada a
Reforma da Previdência. Nove anos depois, o Supremo Tribunal Federal (STF)
entendeu que o governo comprou votos para aprovar essa e outras propostas por
meio do Mensalão. E foi assim que o Juiz mineiro Geraldo Claret de Arantes
considerou a votação inválida ao julgar um processo sobre pensão de uma viúva
de servidor público. Houve um roubo, o ladrão foi preso e condenado. Não há motivo
para deixar o produto do roubo com a família do ladrão. O próprio ministro
Celso de Mello, na época, afirmou que o “caso deve ser enfrentado pelo Supremo
Tribunal Federal”. Ele comparou a validade das reformas aprovadas, como a da
Previdência Social, à legalidade de sentenças proferidas por juízes corruptos:
“É o mesmo que ocorre com um juiz corrupto, no qual suas sentenças podem ser
anuladas mesmo que estejam em trânsito julgado”.
Diante de tudo que foi
aprovado pelo Congresso na época, fim do caso Mensalão? - Não! Em entrevista
recente, Lula disse que o “julgamento do Mensalão foi 80% político e apenas 20%
foi jurídico”. Mais uma bravata do político do PT. Mas, é muito bom voltar ao
assunto, porque o tema vai ficando esquecido: as leis que foram aprovadas entre
2003 e 2005, a reboque do mensalão são legítimas? Não é preciso ser advogado
para responder. Muitos partidos políticos exploram em seus programas, assuntos
como Fator Previdenciário, Reajuste da Tabela de Imposto de Renda etc. Mas não
mencionam a taxação de inativos e pensionistas, embutida na Reforma. - Por que será? Ora, como eu existem muitos
outros, se depois de 21 anos de trabalho na Empresa Folha da Manhã S/A; depois,
por concurso público, na Prefeitura de São Paulo e por fim também mediante
concurso público no Judiciário Federal, agora aposentado, por que tenho que
continuar pagando 16% do meu salário? Será que ao me tornar um fantasma vou
precisar de outra aposentadoria? Acredito e tenho certeza de que nosso
sindicato, o SINTRAJUD, entrou com ação na justiça para derrubar essa injustiça
cometida contra pensionistas e aposentados do serviço público federal ou pelo
menos reduzir o percentual de desconto.
Continuo reafirmando
aquilo que escrevi no meu livro “FAGULHAS”, referindo-me às reformas aprovadas
no governo do PT, através da Emenda Constitucional nº 41, à custa do mensalão:
“se não houver anulação desses atos, teremos um caos, porque, por enquanto,
ainda contamos com um povo bom e honesto, não obstante o exemplo que vem dos
governantes brasileiros”. E acrescento: sem anulação de tudo o que foi aprovado
com a compra de votos, chegaremos à conclusão de que o crime compensa e muito.
Não é por acaso que
vivemos tempos tenebrosos no Brasil, com extrema violência, roubos em todas as
cidades e lugares, além de desonestidade em todos os segmentos da sociedade
brasileira.
Estamos em 2025 e é difícil
imaginar como anda a consciência daqueles que planejaram tal enredo, cujos
resultados são nefastos para o país, aumentando a miséria, a pobreza, a
dependência do povo, cada vez maior, ao sistema assistencialista do governo,
que prefere ter o domínio do povo pelo cabresto, embora a propaganda oficial
pinte uma realidade bonita, mas que nós, mortais, que andamos na rua, sabemos
que não existe.
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