BANHANDO COM O DEFUNTO
Pastor
Clóvis de Sousa Nogueira
Só
depois do nascimento dos meus filhos, compreendi a preocupação que dei aos meus
pais. Nós não morremos na infância porque Deus não permitiu, mas fizemos de
tudo para isso.
Em nossa região, devido ao longo período de estiagem, era muito comum os criadores de gado abrirem tanques para armazenar a água da chuva, os quais no período chuvoso ficavam cheios e perigosos. As mães pediam para não passarmos nem perto dos tanques. Mas como a teimosia era maior que a obediência, o conselho delas entrava num ouvido e saia no outro.
Certo dia, ignorando os conselhos, saímos para um banho no tanque do Sr. Oscarino (Oscazão), um dos mais procurado por ser grande e fundo. Quando chegamos no local, havia uma camisa e um par de sandálias havaianas, e logo concluímos que alguém havia esquecido. Como o dia estava quente, ideal para um mergulho, imediatamente tiramos a roupa e mergulhamos. Cada um procurava impressionar os colegas com o mergulho mais demorado. Depois de um bom tempo mergulhando, chegaram alguns meninos e disseram que aquela camisa e as sandálias eram do jovem Osvaldo, popularmente conhecido como “Joinha”. Disseram também que ele estava desaparecido há dois dias, e poderia estar no fundo do tanque. Pouco tempo depois, chegou o delegado e com ele outros homens para averiguar se o desaparecido estava lá. Imediatamente, um dos rapazes que estava ali, a pedido do delegado, mergulhou e demorou no fundo do tanque. De repente, o rapaz saiu desesperado, com os olhos esbugalhados, e com a mão cheia de cabelo do defunto, e gritou: “Meu Deus! Ele está aí! Tentei puxá-lo para fora, mas está muito pesado!” Imediatamente, o jovem Ezequiel, filho da Nice do Sr. Rosendo, mergulhou, e com uma corda amarrou o braço do defunto e o puxou para fora. Nunca me esqueci daquele dia, foi uma das cenas mais aterrorizantes que já vi em toda minha vida.
O defunto tinha uma pedra enorme amarrada à perna, e estava em avançado estado de decomposição. Um cheiro horrível! E agora, o que fazer? Nossas mães precisavam saber, não havia como esconder, era necessário contar o acontecido para elas. E foi o que fizemos, contamos tudo que aconteceu. Naquele dia levei uma boa reprimenda e um banho com álcool e água sanitária. Depois desse fato, nunca mais banhamos em tanques.
Trecho
do livro, "O Livro da Minha Vida", em preparo.
SOBRE O AUTOR:
CLÓVIS DE SOUSA NOGUEIRA nasceu em Ipupiara a 16 de junho de
1967. É pastor da Primeira Igreja Batista de Ipupiara. Não tem livros
publicados até agora, mas seus trabalhos publicados nas redes sociais dariam
vários livros, além do trabalho que faz junto aos membros e não membros da
Igreja na cidade de Ipupiara, incluindo a zona rural. Dirige o programa
PROCLAMANDO CRISTO na Diamantina FM. Sob sua direção, a Igreja mantém
congregações em Brotas de Macaúbas e nos povoados de Bela Sombra, Chiquita e
Furados. É casado com Eliene Sodré de Andrade Nogueira e pai de três filhos:
Alber Luiz de Andrade Nogueira, Lincoln Brainerd de Andrade Nogueira e Cléber
Lewis de Andrade Nogueira.
Reside em Ipupiara, Bahia.

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