sábado, 7 de junho de 2025

MERO CONTO DO VIGÁRIO? - FILEMON MARTINS

 



 


 

MERO CONTO DO VIGÁRIO?

Filemon Martins



Escrevi, certa vez, um poema com o título ALERTA, inserido na página 143 do ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL, 3º volume, 1980, Rio de Janeiro, organizado pelo saudoso APARICIO FERNANDES, e publicado em meu livro FLORES DO MEU JARDIM, 1997, 1ª edição e em 2016, 2ª edição, que dizia: - Querem abafar nosso grito, reprimir nosso direito, porque a Verdade sempre dói quando lançada em rosto. Por que protestar, se tudo vai bem? Além do mais, é ilegal dizer a Verdade, principalmente se ela contraria as regras do poder.

Pois é, a cúpula do PT fez nascer nos corações brasileiros uma esperança que há tempos estava morta. Lula vinha se firmando no cenário político nacional muito antes do ano 2000, quando já havia disputado, sem sucesso, outras eleições. Seu discurso empolgava as massas, ávidas para ter um Brasil justo, mais feliz e mais humano. Até este escriba embalado pelo sonho de ver o Brasil no rumo certo, escreveu: “Ao som das ondas do mar com trabalho e competência, o Brasil quer prosperar com Lula na Presidência”! Finalmente em 2002 o homem foi eleito Presidente da República, para o período de 2003 até 2006. É bom lembrar que em seu discurso de posse no Congresso Nacional, com as presenças de Fidel Castro e Hugo Chaves, entre outros, Lula afirmou: “Ser honesto é mais do que não roubar; é também aplicar com eficiência e transparência, sem desperdícios, os recursos públicos”.  O “homem do povo” foi aplaudido de pé. Foi nesse discurso demagógico que muitos brasileiros de boa-fé acreditaram: “salário de trabalhador não é renda” - ele dizia. Outra pérola:- “não é correto o empresário pagar ao trabalhador o vale refeição, porque só ele se alimenta bem, enquanto sua família sofre privações. O certo é que ele receba um salário digno que possa sustentar-se e também à sua família”. Mas ao contrário do que pregava, os projetos das Reformas Previdenciária e Tributária, foram alinhavados para beneficiar empresas, banqueiros, empresários e subtrair direitos dos trabalhadores.

O jeito petista de governar, no entanto, ficou bem claro desde o primeiro mandato, quando explodiu o escândalo dos Correios, e em seguida o caso do mensalão (compra de votos para aprovação da Reforma da Previdência) que culminou na taxação de inativos e pensionistas do serviço público federal, dando origem a Apelação 470, julgada pelo STF, quando o STF ainda era sério, cujo relator, na época, era o Ministro Joaquim Barbosa. Ainda no primeiro mandato do petista, li nos jornais que o presidente Lula havia escolhido e nomeado 12 conselheiros para estudar a Reforma da Previdência e entre esses estavam os maiores devedores do INSS. Pensei comigo: deve ser intriga da imprensa ou brincadeira de mau gosto. Que nada! Era a generosidade do chefe do PT agraciando as raposas com o galinheiro. Lembrei-me também que alguns jornais publicaram a relação dos devedores “históricos” do INSS e o Ministro, na época, Ricardo Berzoini, da Previdência, afirmou que os milhões de reais devidos ao INSS era “muito difícil de ser recuperado”. Sr. Ministro ponha a mão na consciência, difícil mesmo é explicar que o valor descontado do trabalhador não foi repassado aos cofres da Previdência. Como explicar aos servidores federais que estão sem reajuste há muito tempo por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal? Mais fácil mesmo e mais vantajoso é atacar os trabalhadores de modo geral: taxar inativos, reduzir aposentadorias, aumentar a idade mínima para que “a classe trabalhadora morra antes de se aposentar”. Palavras de Lula, em 1987, quando Lula ainda era candidato. O povo brasileiro, pelo menos os que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva, queriam dignidade, coerência, ética, decência e não o que se viu nestes anos de governo. Reuniões, reuniões e nada. Ainda assim com o carisma que lhe é peculiar, reelegeu-se para o segundo mandato que foi até 2011. A verdade é que o povo ficou decepcionado com os políticos, com raras exceções, se é que elas existem. Qual é a

perspectiva do povo até agora? - Nenhuma. O que se viu foi muita falação e pouco trabalho.

Por outro lado, graças a sua persuasão e o poderio econômico do PT e seus aliados, Lula conseguiu eleger sua sucessora Dilma Rousseff, que havia substituído José Dirceu, na Casa Civil, depois do rumoroso escândalo do mensalão.  Reeleita para o segundo mandato, a petista foi afastada em 2016 por um processo de “impeachment”, dando lugar a seu vice, do MDB, Michel Temer.

O PT (Dilma Rousseff) e o MDB (Michel Temer) foram respaldados com quase 55 milhões de votos para cumprir seu programa de governo e honrar suas promessas de campanha e não para mudar de lado. Imagine a decepção do povo ao constatar que o PT e MDB, que prometeu mudanças, novos empregos, manutenção dos já existentes, saúde, educação e crescimento econômico foi-se tornando uma filial do PSDB, em tudo igual ao governo de FHC.

Michel Temer, ao assumir o poder mostrou que o seu governo não seria sério. De entrada, nomeou uma lista de Ministros investigados pela Operação Lava Jato, indo na contra mão do que desejava a sociedade brasileira que, após a derrocada do PT com as revelações advindas dos antigos líderes do governo e seus aliados políticos confessando as falcatruas e roubalheira do dinheiro público destinado à Saúde, Educação, Transporte público, Saneamento básico, Segurança e o bem-estar da população, esperava pelo menos um pouco mais de respeito e honestidade na administração dos recursos públicos, enquanto o que se viu foi malas de dinheiro, uma grande soma guardada, escondida num apartamento em Salvador, cujo proprietário foi investigado pela Polícia Federal. Mas há um ponto positivo em tudo o que ocorreu no Brasil. O povo, uma parte, passou a conhecer melhor os políticos. Vamos torcer para que o tempo passe e tentar, uma vez mais, corrigir o nosso erro. A Operação Lava Jato deveria ter continuado sua limpeza, pegando todos esses políticos, sem distinção de partido, doa a quem doer. Um dia, quem sabe, o povo acordará e se livrará dos bravateiros. Mas, como se diz no Sertão: ¨achar um político honesto é mais difícil que tirar leite de onça¨. E foi assim que liquidaram a Operação Lava Jato, para o contentamento dos larápios que medram na política brasileira.  

 

(LIVRO “HISTÓRIAS QUE SÓ AGORA EU CONTO”)


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