sábado, 31 de maio de 2025

DIONIZIO CURADOR, MEU PARENTE - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 



DIONÍZIO CURADOR, MEU PARENTE.

(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO).


(Este texto está na INTERNET, no seguinte endereço:
http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=11407&cat=Artigos) 

Mário Ribeiro Martins*




Mário Ribeiro Martins era membro da Academia Goiana e da Academia Tocantinense de Letras, Procurador de Justiça e Escritor.



DIONÍZIO MARTINS DE SOUZA (DIONÍZIO CURADOR) nasceu em FUNDÃO DE BROTAS (Jordão de Brotas, hoje Ipupiara, Bahia), em 1898, mas foi registrado alguns anos depois em Morro do Chapéu, também na Bahia.
Estudou as primeiras letras, em sua terra natal (Jordão), com os professores primários JOÃO CAPOTE e JOÃO PAPAGAIO.
Filho de Roberto Martins de Souza e Marcolina Rosa de Jesus. Teve vários irmãos, entre os quais, José Martins de Souza (Professor Zé Martins), Felisberto Martins de Souza, Nelsina Martins de Souza, Liana Martins de Souza e Alexandrina Martins de Souza, casada com o “finado” Baio (Liberino Francisco Martins), irmão, por sua vez, de Gasparino Francisco Martins (avô do autor destas notas), em Ipupiara, Bahia.
Casou-se, a primeira vez, com 20 anos de idade, em 1918, ficando viúvo alguns anos depois, tendo deste casamento os filhos Isaias Martins, Geremias Martins e Alípio Martins.
Em 1926, com 28 anos de idade, sob o comando do Coronel Horário de Matos, passou a fazer parte do grupo que combateu a Coluna Prestes, com a patente de Tenente Farmacêutico, indo até a Bolívia, quando a coluna desbaratada, penetrou no território boliviano, em outubro de 1926. Relembre-se que, sob a orientação do General Mariante (Álvaro Guilherme Mariante), Representante do Ministério da Guerra, o Coronel Horácio, com 560 homens armados, lançou-se contra a Coluna, comandando o Batalhão Patriótico Lavras Diamantinas. No ano seguinte (1927), retornou ao Fundão de Brotas, de onde tinha saído para acompanhar o Coronel Horácio.
Em 1931, quando tinha 33 anos de idade, mudou-se para Canoão, Bahia, onde se casou, pela segunda vez, com Raimunda Martins de Souza, com quem teve vários filhos, entre os quais, Alcina Martins de Souza, Eliane Souza Rocha (ou Aleônia, LIÓ, nascida em 1934, em Canoão, Bahia) e Samuel Martins de Souza.
Retornou ao JORDÃO e lá viveu até 1940, como Curandeiro e Fazedor de remédios, via ervas medicinais. Mudou-se para Canabrava do Gonçalo (hoje Uibaí), Bahia, também como Curador.
Durante muito tempo viveu em Irecê, Bahia, onde ficou conhecido como “DIONÍZIO CURADOR”, encontrando-se no elenco dos curadores mais famosos da região, ao lado de Zé Rocha, Antônio Batista, Albino Serra Grande e Astolfo Dourado.
Deslocou-se para o garimpo de Gilbués, Piauí, onde foi garimpeiro e curandeiro e onde também nasceu sua filha Noeme. Esteve em Lizarda, norte de Goiás, hoje Tocantins, onde chegou a ser proprietário de uma Fazenda. Mudou-se para Pedro Afonso, norte de Goiás, hoje Tocantins, quando esta cidade era a Capital Administrativa do norte goiano.
Retornou à Bahia e casou-se a terceira vez, com 71 anos de idade, em 1969, com Leonízia Pereira Leite, em Mato Verde de Ibititá, Bahia, com quem teve o último filho Merandolino Martins Pereira, nascido em Circo de Ibititá, em 14.12.1971, sendo que seu pai faleceu logo depois, em 1973, só que em Goiânia.
Graças à interferência de sua filha Eliane Souza Rocha (Dona Lió), DIONÍZIO, já idoso, transferiu-se para Goiânia, Goiás, onde faleceu em 1973, com 75 anos de idade.
Vários de seus filhos permaneceram em Goiás, ocupando funções diferentes, alguns como militares, entre os quais, Geremias Martins e Alípio Martins.
Quanto às filhas, Eliane Souza Rocha, que havia se casado primeiro com o baiano Celso Rocha, em Uibaí, Bahia, tornou-se enfermeira e mãe do Promotor de Justiça Célio de Souza Rocha, bem como da Advogada Consuelo Rocha e do Advogado Celso Rocha. De outro casamento, teve a filha Sheila. Do casamento com Dona Santa, Celso também teve Dorisdei Alencar Rocha (Professora), Délio Rocha (Advogado) e Sara Rocha (Publicitária).
Uma outra filha de DIONÍZIO, Noeme Martins de Souza, tornou-se mãe de Dorisdai (Engenheira Civil), Sílvia(Engenheira Eletricista) e Aguinaldo (Odontólogo).
Quanto ao seu filho caçula Merandolino, nascido quando o pai já tinha 73 anos de idade, fez o segundo grau e tornou-se agricultor, residindo hoje em Circo de Ibititá, Bahia, juntamente com sua mãe que, atualmente (2002) conta com 76 anos de idade.
Entre os parentes de Dionízio Curador, destaca-se Marcolino Martins de Souza que foi Capitão da Guarda Nacional, em 1918, em Fundão de Brotas, na Bahia. A este ramo dos “martins”, estão também vinculados Alvino Francisco Martins, Jovito Francisco Martins, Gasparino Francisco Martins e Adão Francisco Martins. Este último, pai do autor destas notas.
Como se vê, minha tia Alexandrina Martins de Souza (irmã do velho Dionízio Curador), foi casada com o “finado” Baio (Liberino Francisco Martins), irmão, por sua vez, de Gasparino Francisco Martins (avô do autor destas notas).
DIONÍZIO MARTINS DE SOUZA é mencionado no livro “IRECÊ-HISTÓRIA, CASOS E LENDAS”, do escritor Jackson Rubem, na página 55, como “Dionízio Curador”.
Eliane Souza Rocha (Dona Lió), como era chamada, faleceu em Palmas, Tocantins, no dia 26.07.2008, com 74 anos de idade.



*Mário Ribeiro Martins
era Procurador de Justiça e escritor.

QUEM FOI FELICIANO AMARAL? - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 




INFORMAÇÕES FORNECIDAS
PELA ALINE FRANÇA, DO RIO DE JANEIRO, em 19.02.2012, A QUEM ESTE AUTOR AGRADECE.

QUEM FOI FELICIANO AMARAL?

Mário Ribeiro Martins



Feliciano Amaral nasceu na Cidade de Miradouro (20 de outubro de 1920) no Estado de Minas Gerais. Filho de Júlio Augusto do Amaral e de Palmira Maria da Conceição, foi músico, sapateiro e cantor popular, o que podia ter sido o maior da época, conhecido como o rouxinol do Brasil,  o maior cantor da rádio brasileira, conhecido pela excelência e  especificidade da voz, que emanava do peito livremente, sem esforço.  
A voz era de timbre alto, sem ser efeminada, potente no seu alcance mas de sonoridade maviosa, doce, limpa, pelo que se tornou conhecido no exterior, notadamente nos USA, convidado sempre para gravar nas grandes gravadoras da época, resistiu.  
Converteu-se, ainda jovem aos vinte e três anos de idade quando de sua casa podia ouvir o culto da igreja Batista e os hinos. Contrariando a proibição paterna, dirigiu-se até a igreja convertendo-se, ao cristianismo protestante, apregoou-se no Brasil, que a rádio perdia o seu rouxinol.  Foi batizado em 7 de março de 1943, na Igreja Batista de Muriaé. Em 1947 casou-se com Elza Rocha do Amaral, com quem permanece até  a presente, como diz o AUTOR desta biografia, COMPANHEIRA DE SEMPRE.  
Já na cidade do Rio de Janeiro, estudou Teologia no Seminário Teológico Betel. Pastoreou várias igrejas inclusive a Primeira Igreja Batista da Pavuna, onde foi seminarista.
Começou as atividades como cantor evangélico em 1948, viajando por todos os Estados do Brasil a convite das igrejas evangélicas, o que pode ser reconhecido como cantor interdenominacional, atendia, indiferentemente, pedidos para cantar nas igrejas de qualquer denominação cujo repertório abrangia hinos que pela compilação e editora do hinário especificavam as denominações, quais sejam: hinos do Cantor Cristão dos batistas; Harpa Cristã, Assembleia de Deus, e o Melodias de Vitória da Editora Metodista e muito cantado pelos adventistas.  Podendo, sem medo de errar,  dar em prognóstico a gravação de mais de 1000 (mil) hinos gravados, em solos, coral fixo do repertório e  igrejas gravando ao vivo.
Feliciano Amaral também está no Guiness Book como o cantor evangélico que está há mais tempo em atividade no mundo, e também como o mais longevo cantando, completando este ano 92 (noventa e dois) anos de idade em plena campanha pelo Brasil, na certeza, de que Deus o chamou para esta missão, conforme introduz seu momento de louvor e que “cantar é o que sabe”, acompanha sua introdução a leitura  do Salmo 146;1-2: Louvai ao Senhor. Ó minha alma, louvai ao Senhor.  Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus enquanto eu viver. No meio evangélico, depois de Feliciano Amaral atuando como cantores vieram Luiz de Carvalho (gravando o 1º LP evangélico em 1958, intitulado "Musical Boas Novas"), Edgar Martins (in memórian), Josué Barbosa Lira (in memórian), autor da canção "Só o Senhor é Deus", Victorino Silva, dentre muitos outros pioneiros da música evangélica desta época.
Feliciano Amaral também tem hinos de sua autoria  e interpretou canções como: "Oração de Davi", "Céu aberto", "O mar", "Ao meu Redor", "Finda-se este Dia","O Rosto de Cristo", "Rio Profundo", "Sou Filho do Rei", A Face Adorada", "uma Flor Gloriosa", "O Jardim de Oração" entre outras, algumas versões cantadas pelo Elvis Presley e alguns quartetos gospel, “Paz no vale”. Um clássico mundialmente cantado “Senhor meu Deus quando eu maravilhado” e tantos outros.
Em 2003 Feliciano Amaral recebeu um reconhecimento público, quando completou 83 anos, uma Moção de Aplausos e Congratulações da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A homenagem foi requisitada pelo deputado Aurélio Marques, como reconhecimento pela dedicação de Feliciano Amaral à obra de Deus e à música cristã.
Em 2007, o cantor gravou o primeiro DVD ao vivo de sua carreira, em Recife, na Igreja Missionária Canaã do pastor Geziel Gomes.
Em 2010, 22 de novembro,  foi homenageado pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Plenário Teotonio Villela, de iniciativa do vereador Paulo Messina, sob o título  “– FELICIANO AMARAL. Um adorador da verdade”, evento que o Rio de Janeiro e as igrejas batistas, com apresentação especial na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, na Frei Caneca, Centro, talvez a mais antiga do Brasil.  
Teve ainda o prazer,  o que lembrou com muita oportunidade, a pianista Leuzi Soares Figueira,  que estava presente naquele culto, a primeira a acompanhá-lo, especialmente, para o hino que não somente  se tornou um clássico mas o ícone, o carro chefe de suas apresentações.  
A pianista, Dra.Leuzi, tendo iniciado sua missão nesta PIB, em 1944, a convite do Dr. João Filson Soren, continua em plena atividade no serviço de Deus. Toda essa  festa foi para comemorar os 90 anos de idade, a serviço do Rei.
Como não pode faltar ao seu curriculum de grande servo de Deus, não somente como Pastor mas emprestando o seu Talento – a voz -, participou de grandes cruzadas evangelísticas pelo Brasil afora, inclusive de Homens que arrastavam grande contingente de evangélicos e outros, falamos do americano Billy Graham.  Para terminar seus dias o casal escolheu a cidade do  Recife. Parece que o casal teve cinco filhos.
O cantor Feliciano Amaral faleceu em 7 de julho de 2018, aos 98 anos.

PERFIL BIOGRÁFICO DE ADÃO FRANCISCO MARTINS - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 



 

PERFIL BIOGRÁFICO DE ADÃO FRANCISCO MARTINS

(TEXTO ELABORADO PELO SEU TERCEIRO FILHO, DR. MÁRIO RIBEIRO MARTINS, PROCURADOR DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS).


ADÃO FRANCISCO MARTINS (Que havia nascido em 21.05.1915, em Ipupiara, e estava com 23 anos de idade), foi SECRETÁRIO MUNICIPAL, conforme documentos escritos e publicados, na mão do autor destas notas, entre os quais, o “ORÇAMENTO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BROTAS DE MACAÚBAS, PARA O EXERCÍCIO DE 1939” (DECRETO-LEI 63, de 5.7.1938), impresso na LIVRARIA CATILINA, de Romualdo Santos-Livreiro Editor-Rua Portugal, 20, Salvador, Bahia, onde se lê: Prefeito Municipal - Nestor Rodrigues Coelho. Secretário Municipal - Adão Francisco Martins.

Filho de Gasparino Francisco Martins e Jovina Ribeiro Martins, neto do Coronel Isidório Ribeiro dos Santos, meu pai, Adão Francisco Martins, enquanto trabalhava na roça, aprendeu a ler com os antigos professores, “JOÃO CAPOTE” e “JOÃO PAPAGAIO”. Mas, seu principal professor foi Arthur Ribeiro Sobrinho, pai do primeiro médico de Brasília, Dr. Isaque Ribeiro Barreto.
Em 1934, com 19 anos de idade, na cidade de Brotas de Macaúbas, foi nomeado Tabelião de Notas e Agente de Estatística. Casou-se em Brumado, hoje Ibitunane, em 29.10.1937, com Francolina Ribeiro Martins, tornando-se comerciante de Diamantes, em sociedade com Adelino Alves de Almeida.

Em 1946, foi nomeado Prefeito de Brotas de Macaúbas, logo após a gestão do Prefeito Nestor Rodrigues Coelho, que se estendeu de 1934 a 1945, momento em que o Capitão Nestor Coelho permaneceu como Presidente do Diretório Municipal de Brotas e se elegeu Deputado Estadual, a partir de 1946. Nestor Coelho faleceu em Salvador, Bahia, em 26.12.1953, na condição de Deputado Estadual, tendo sido sepultado no Mausoléu da família, em Barra do Mendes.

Nomeado Adão Francisco Martins, Prefeito de Brotas de Macaúbas, em 1946, pelo Interventor Federal na Bahia (1946-1947), General Cândido Caldas, permaneceu no cargo de Prefeito, até abril de 1947, quando, terminada a “interventoria” na Bahia, o Governo Estadual foi passado para o Governador eleito pelo povo, Otávio Mangabeira e realizadas as eleições municipais.
Como Prefeito nomeado de Brotas, meu pai Adão Francisco Martins, construiu entre 1946 e 1947, a ponte de madeira, ainda hoje existente nos povoados de “Mourão” e “Santa Rosa”, debaixo da qual não passa mais hoje nem um pingo de água, onde outrora fora um pequeno rio.
Mas, para que meu pai tomasse posse como Prefeito Municipal de Brotas, não foi fácil. Aliás, foi João da Cruz Cunha que reuniu cerca de 60 cavaleiros para garantir a posse do meu pai Adão Francisco Martins, como Prefeito de Brotas de Macaúbas, na presença do Juiz de Direito da Comarca, Dr. Sebastião, genro do Coronel João Arcanjo Ribeiro, em 1946, quando meu pai foi nomeado Prefeito, pelo Interventor Federal na Bahia, General Cândido Caldas. É que a população de Brotas, sede do município, não admitia que o prefeito nomeado viesse do JORDÃO, um dos Distritos.

Em 03.05.1950, Adão Francisco Martins, mudou-se para Morpará, às margens do Rio São Francisco, onde fundou a “Loja Primavera”, de tecidos, além de ter sido Vereador. No mesmo ano, vinculou-se à Loja Maçônica HARMONIA E AMOR, de Juazeiro, pertencente à GRANDE LOJA DO ESTADO DA BAHIA.

Em abril de 1957, retornou à sua terra natal, Ipupiara, como comerciante de tecidos e como Pregador Evangélico, vinculado ao Protestantismo Batista. Contribuiu, escrevendo discursos e redigindo documentos. Como político, continuou na sua luta pela emancipação política de Ipupiara, que se tornou município independente de Brotas, em 09.08.1958, ao lado do Chefe Político da região, Coronel Arthur Ribeiro.

Colecionou e leu obras famosas, entre as quais, a “HISTÓRIA UNIVERSAL”, de César Cantu, com mais de 30 volumes, hoje em poder deste autor. Entre outros escritos, destaca-se a “HISTÓRIA DOS BATISTAS NO SERTÃO BAIANO”, trabalho que, no entanto, permaneceu inédito.
Após ter fundado a Igreja Batista de Ipupiara, FALECEU REPENTINAMENTE, com parada cardíaca, no dia 07.01.1970, com 55 anos, depois de ter feito um Sermão Evangélico, na Praça Principal da cidade, deixando 5 filhos homens e 3 mulheres.
Sobre ele escreveu Filemon Martins:
“Ele era bom; amigo verdadeiro, /a todos demonstrava o mesmo amor./Em vida foi exemplo brasileiro/no sofrimento atroz, na própria dor. Amante do saber, humilde obreiro, /da Esperança e do Bem foi pregador. /Viveu para servir. Foi companheiro/e em tudo quanto fez, foi professor. /Ele morreu; toda a cidade chora, /não há mais alegria como outrora, /só existe a tristeza e o dissabor.../E o céu pra recebê-lo foi-se abrindo, /porquanto ele morreu, morreu sorrindo, /e sorrindo partiu para o Senhor”!


sexta-feira, 30 de maio de 2025

TROVAS DE NEWTON VIEIRA

 



TROVAS DE NEWTON VIEIRA

CURVELO/MG.



 

“Eu volto!" - Falsa promessa

que ela ainda crê verdadeira,

pois, da varanda, não cessa

de contemplar a porteira...


Feliz Natal, com certeza,

promoverás, meu irmão,

se o pão que sobra na mesa

chegar às mesas sem pão.


Ficou mais lento o meu passo?

Caminharei, mesmo assim!

Só temeria o cansaço

se me cansasse de mim..


Mãos calosas... Entretanto,

cingem de amor o filhinho...

Roseira não perde o encanto,

apenas por ter espinho!…


(CHUVA DE VERSOS, 351, JOSÉ FELDMAN)


TROVAS DE CARLOS RIBEIRO ROCHA

 



TROVAS DE CARLOS RIBEIRO ROCHA

(Em correspondência para o poeta em 15/01/1981)



Lembre-se, amigo pedante,

que julga pela aparência:

bem pequeno é o diamante,

mas tem brilho e resistência.


Em noites de lua clara,

neste Sertão, meus senhores,

coqueiros de Ipupiara

saúdam seus trovadores.


As ilhas, os carnaubais

fazem nosso chão bem rico...

- esmeraldas vegetais

do cofre do velho “CHICO”.


Firmes em suas raízes,

os coqueiros do Sertão

vão se alongando, felizes,

rumo ao céu, presos ao chão.


REFLEXÕES SOBRE O HOMEM - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 




REFLEXÕES SOBRE O HOMEM.

Mário Ribeiro Martins*


O homem, como ser vivo, composto de matéria e como espécie animal que é, pertence à natureza. Mas, como ser racional, atuante e criador, pertence à historia. Como ser pertencente à natureza e à historia, o homem é abrangente, porque ele não está apenas na natureza e na historia, mas interpreta a natureza e a historia.
Dentre todos os elementos vinculados à natureza e à historia, o mais problemático deles é o homem. Apesar disto é o centro da criação e por isto feito à imagem e semelhança de Deus. Encontrar-se no mundo justamente com outros homens é a grande realidade enfrentada e vivida pelo ser humano.
Nem sempre importa ao homem saber de onde veio, embora seja importante saber para onde vai. A natureza vibra pelas paisagens, pelas tempestades, pela brisa, mas não fala. Os animais também não falam, embora reajam de forma convincente.
O homem não apenas vibra, mas reage e fala, dialogando porque ele tem consciência de si e dos outros. Que seria o mundo, com o seu mutismo, sem o homem? Exatamente o mesmo que uma lanterna mágica sem luz: nada. Ao homem coube quebrar o silencio, emprestando vida às coisas. Ao homem coube a transformação dos homens em homem, precisamente porque o homem solitário não seria verdadeiramente homem, mas uma coisa, entre tantas outras.
Ao mundo coube a integração do homem no processo existencial. Sem ele, o existente vivo e corporal seria inerte e não sobreviveria.
Sobre esta posição do homem no universo, escreveu Karl Jaspers: "O homem está sozinho no mundo imenso e mudo. Foi preciso que o homem surgisse para emprestar linguagem ao mutismo das coisas. O silencio da natureza ora lhe parece estranho, inquietante, impiedosamente indiferente, ora lhe parece favorável, despertando-lhe confiança e apoiando-o. O homem acha-se sozinho em meio a uma natureza de que, não obstante, é parte".
Nietzsche, ao fazer uma reflexão sobre o homem, chegou a dizer: "O homem é o animal que jamais se define".
A vida do homem é uma vida de decisões. E se, porventura, o homem não tivesse natureza, teria uma história e essa história nunca terminaria. O homem não pode estar satisfeito, porque se o tivesse, estaria contrariando toda a sua estrutura. Afinal de contas, ele é a pergunta que mantém a história em suspense. Sem o desabrochamento do homem, o mundo seria um verdadeiro caos. O mundo sem Deus seria um desastre, mas o mundo sem o homem voltaria ao nada.
A indefinibilidade produz entre outras coisas a sua dignidade. E é por isso que o homem é como é. Ele reconhece a si mesmo e também aos outros. Não adianta interrogar o homem, esperando dele uma imagem verdadeira e válida. Isto seria contrariar a história e provocar conflitos maiores.
A dignidade, no entanto, está intimamente relacionada com a liberdade. Só o respeito à prática da liberdade torna possível a prática do respeito à dignidade da pessoa humana. A liberdade é um direito inviolável da pessoa. A liberdade não é outra coisa, senão a capacidade que tem o individuo de se determinar sem ser coagido.
Embora se fale de liberdade física, civil e política e que são apenas liberdades exteriores, a verdadeira liberdade é aquela auto-determinação psicológica em que o homem apela para o testemunho da consciência.
Julian Marias, interpretando o maior filósofo espanhol ORTEGA Y GASSET, quanto à historicidade da vida humana, argumenta: “O homem encontra-se vivendo a uma altura determinada dos tempos, em certo nível histórico. A sua vida é feita de uma substância peculiar, que é o seu tempo. Enquanto o tigre é sempre o primeiro tigre que estreia o ser tigre, o homem é herdeiro de um passado, de uma serie de experiências humanas pretéritas, que condicionam o seu ser e as suas possibilidades”.
O homem não somente vive no mundo, mas também interpreta o mundo. Por causa dessa interpretação o seu mundo é formado de conjunto de crenças, de ideias, de usos e problemas. E muitas vezes o homem se deixa ofuscar exatamente porque se esconde atrás das interpretações e não tem coragem de enfrentar e vencer o seu Modus Vivendi.
O pior de tudo é que o homem sabe que essa situação é real, porque se não soubesse seria o mais perfeito dos seres, porquanto não enfrentaria a problemática do dualismo, do ser e não ser.
O homem se encontra perdido e por isso precisa conseguir uma certeza radical em que possa se fundamentar para continuar a viver ou pelo menos para que a vida tenha sentido. De alguma maneira, é essa a razão suprema por que o homem filosofa. Seu filosofar não é para continuar a existir propriamente, mas para ter justificação a sua existência. Afinal de contas, a filosofia procede do homem e para o homem.
Inegavelmente, o homem é o mais grave problema da história, não exatamente pelo que é, mas pelo que não é. As certezas do homem são muitas, mas todas elas colidindo umas com as outras e sem fundamento último. A situação do homem é um perene dualismo, porquanto ele não está nunca em puro saber, nem tão pouco num puro não saber. A verdade, para ele, é insuficiente e por isso se considera sempre em estado de ignorância. Com efeito, como diz ORTEGA Y GASSET “o homem vai sendo e não sendo”.
O homem é um presente que já foi passado e que será futuro, precisamente porque é história, faz e vive a história. Seu momento de existência não é apenas o agora, mas também o amanhã, como já foi o ontem. O homem não pode ser conhecido, nem também definido pela sua dimensão cognoscente. A faculdade de conhecer é apenas uma das coisas a acompanhar o ser humano, porém não é tudo. O conhecimento deriva-se da vida e acontece na vida, mas o homem não é apenas vida, é a interpretação, a justificativa, ele se encontra na vida. (FILOSOFIA DA CIÊNCIA, Goiânia, Oriente, 1979, página 193).



MÁRIO RIBEIRO MARTINS - ERA  PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

MAHATMA GANDHI - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 



 




MAHATMA GANDHI

Mário Ribeiro Martins*


(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO, ALÉM DA FONTE).



Há em quase todos os lares hindus, três imagens: Shiva representa a destruição, Vishnu simboliza a conservação e Brahma retrata a criação. Essa é a trindade hindu existente há 25 séculos. Uma nova imagem colocada ao lado dessa trindade: a de Mahatma Gandhi, simbolizando a paz.
Conforme George Woodcock, Gandhi já era venerado, mesmo em vida, como um verdadeiro deus, por algumas tribos da Índia Central. Hoje é considerado como um pai da nação e a maior festa do ano é celebrada em 2 de outubro, dia natalício do herói legendário.
Os hindus estão acostumados a tratar com deuses, heróis e fantasmas gloriosos e, às vezes, não distinguem entre vivos e mortos, nessa unidade fabulosa entre o céu e a terra, entre o passado e o futuro, entre a abstração e a realidade.
Gandhi sempre foi uma abstração ativa e atuante, que continua tão poderosa como quando vivia. Seu mito tem crescido enormemente. É sabido que os grandes mitos, isolados e poderosos, têm conduzido a humanidade na história: Abraão, Moisés, Buda, Mohamed e tantos outros.
O último que merece ser citado nesse nível do sobre-humano é Mahatma Gandhi. Homem excepcional, mas de vida simples. Conheceu as debilidades humanas.
Quando jovem adaptou-se à vida inglesa, vivendo em Londres, onde ensaiou os passos de um burguês conformista. Compreendeu, no entanto, que Oriente e Ocidente representavam culturas distintas, com maneiras diferentes de entender a vida e a morte. Recolheu-se à sua própria cultura e não tardou a ser essa figura que milhões de hindus adoram hoje, depois de venerá-lo em vida.
Respeitam a Mahatma Gandhi não só os hindus, com a mente condicionada pelos livros sagrados, mas também os cristãos, anarquistas e ateus. Saindo decepcionado da Inglaterra, Gandhi foi ao Sul da África, onde levou a cabo, pelo exemplo moral e pregação, uma revolução vitoriosa sem fuzilamentos, guilhotinas, comitês clandestinos ou táticas maquiavélicas.
A única vítima violenta de sua doutrina foi ele mesmo, assassinado na rua por um dissidente. Transladado por um armon da artilharia e escoltado pela antiga guarda do governador inglês, numa procissão fúnebre acompanhada por milhares de soldados, Gandhi foi sepultado, venerado como deus da paz, enquanto seu assassino foi condenado pela lei britânica.
Demonstrou com feitos que a não violência pode converter-se na base filosófica da reconstrução da sociedade, de modo que os excessos de poder e de violência sejam eliminados. Enfrentou e venceu nos campos de batalha um império moderno, bem armado, sem outras armas que não as do exemplo moral e de suas convicções político-religiosas. Teria fracassado diante de inimigos brutais como Hitler e Stalin? Não o creio.
Atrás desses homens estavam as massas humanas com cérebros e corações acessíveis. Poderiam ter matado a Gandhi, porém Mahatma seria o que é: mártir de convicções virtuosas, um desses mitos que conduzem a sociedade na história. (DIARIO DE PERNAMBUCO. Recife, 26.08.1974).



MÁRIO RIBEIRO MARTINS - ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.


(LIVRO "MANIFESTO CONTRA O ÓBVIO E OUTROS ASSUNTOS", PÁGINAS 238/239)

DICIONÁRIO GENEALÓGICO - MÁRIO E FILEMON

 




DICIONÁRIO GENEALÓGICO
-MARIO E FILEMON-.



Antonio Monteiro*





Você diz num dos seus livros, ser uma pessoa fascinada pelos dicionários e eu como leitor e apreciador de suas obras literárias, não poderia deixar de fazer um relato sobre o Dicionário Genealógico da Família Ribeiro Martins, conhecida também como a árvore genealógica da família, aliás, muito bem pesquisado e elaborado em parceria com o seu irmão Filemon Francisco Martins.
Este pode não ser o melhor livro da Vossa Coleção, entre tantos outros, mas para mim é talvez uma das melhores obras literárias escritas por vocês até então, pois este dicionário propriamente dito focaliza a família como um todo, em todas as suas gerações, daí a razão de sua importância. Em suma, uma verdadeira obra de grande valia.
Tenho certeza que tanto você Mário, quanto o seu irmão Filemon, tiveram um minucioso trabalho ao pesquisarem tantos membros de uma numerosa família, uma vez que a grande maioria entre eles, refere-se à pessoas falecidas há muitas décadas atrás.
Com tudo isso, vocês não mediram esforços, não excluíram ninguém, selecionando todas as pessoas da família, sem distinção de nomes ou de grau de parentesco. Esse dicionário é muito divertido, um verdadeiro passa tempo. Parabéns!!!
Acredito que, nenhum professor, pesquisador ou pessoa influente do meio literário, da região de Xique-Xique, Cidade da Barra, Morpará, Ibotirama, Brotas de Macaúbas, Ibipetum, Barra do Mendes e Bom Jesus da Lapa, tenha concretizado até então, um trabalho tão valioso quanto este.
Não poderia deixar de destacar que este dicionário ficará e servirá de exemplo não só para aqueles que estão presentes, mas também para as futuras gerações e muitos que nascerão, provavelmente, hão de concordar com as minhas palavras. Acreditem!!!
Finalmente, quero dizer ao Mário e Filemon, que na minha modesta opinião, a família é o melhor e o maior bem que nós temos em nossa vida enquanto vivermos, já que quando partirmos para a eternidade, nada desta terra levaremos, mas deixaremos portanto, esposa, filhos, netos, enfim, os frutos das sementes que semeamos neste grande Universo de todos. Abraços. (São Paulo, 11 de Outubro de 2008).



ANTONIO MONTEIRO era intelectual, leitor e apreciador de genealogia.

(LIVRO "MANIFESTO CONTRA O ÓBVIO E OUTROS ASSUNTOS", PÁGINAS 143/144)

A ORAÇÃO DE CORA CORALINA - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 




A ORAÇÃO DE CORA CORALINA.

Mário Ribeiro Martins*


(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO, ALÉM DA FONTE).



Com o título "Oração do Pequeno Delinquente" o SUPLEMENTO CULTURAL DE O POPULAR publicou interessantíssima prece de Cora Coralina, em que se destacam estas palavras: "Meu Deus, ninguém me ensinou a rezar. Minha mãe não tinha tempo. Desgastou sua paciência pela labuta diária. Meu pai partiu de madrugada e só o viamos aos domingos, estafado, incapaz de nos entender".
A oração de Cora Coralina é perfeitamente válida, não somente por sua beleza literária impar, mas também por mostrar que uma das consequências das mudanças que se verificam em todo o mundo é a desorganização social. Esta não é outra coisa senão uma condição na qual a estrutura da sociedade se destrói ou não cumpre eficientemente sua função.
Da desorganização social resultam sérios problemas que ameaçam as instituições entre as quais a FAMILIA, que se compromete com sistemas e métodos de educação cada vez mais distanciados dos melhores padrões.
Haverá sempre a desorganização social quando certos fenômenos considerados normais passaram-se a patológicos com alto índice de crescimento, superando as taxas até então conhecidas. Entre os fenômenos sociais como homicídios, suicídios, prostituição, desemprego, desquite, divórcio que indicam o processo da desorganização social, destaca-se a delinquência juvenil.
Inspirado em muitos métodos modernos de pedagogia e da psicologia do aconselhamento, um grupo de policial dos Estados Unidos, sediado em Houston, Texas, formulou uma série de regras que poderiam ser usadas pelos pais, caso desejassem fazer dos seus filhos perigosos delinquentes.
As normas, para uso dos pais, em número de onze, foram sugeridas: 1) Dê a seu filho, desde pequenino, tudo o que ele deseja. Assim ele crescerá pensando que tudo no mundo é dele. 2) Se ele disser palavrões, ria-se. Então ele pensará que é muito esperto. 3) Não lhe dê nenhuma orientação moral: quando ele tiver 21 anos escolherá por si mesmo. 4) Nunca lhe diga: "Não faça isso", porque ele criará um complexo de culpabilidade. Mais tarde quando for preso por furto de auto, diga que a sociedade o persegue. 5) Apanhe tudo o que ele deixar pelo chão. Assim ele estará certo, sempre, de que os outros é que devem fazer as coisas. 6) Deixe-o ler tudo. Esterilize a sua xícara, mas deixe que ele contamine o espírito. 7) Discuta sempre diante dele. Quando seu lar desmoronar, ele não estranhará nada. 8) Dê-lhe todo o dinheiro que ele queira. Assim ele crescerá em sua inteira dependência financeira sem saber como adquiri-lo. 9) Satisfaça também todos os seus desejos, senão ele ficará frustrado. 10) Dê-lhe sempre razão: os vizinhos, os professores, a polícia é que o perseguem. 11) Quando ele estiver perdido, explique que nada lhe foi possível fazer, e prepare-se então para uma vida de sofrimento e amarguras.
Estas normas formuladas pelos agentes da lei constituem significativa advertência para os pais, sobretudo nesta época quando há a tendência de identificar certas manifestações da delinquência juvenil e de outros problemas sociais com aspectos da vida de Cristo, como está acontecendo atualmente com o movimento jovem, denominado: "Jesus Cristo, precursor dos Hippies".
Sabe-se perfeitamente que a rebeldia, a ânsia de independência dos jovens são resultantes dos novos estilos de vida da época e da omissão dos pais, permitindo uma orfandade existencial dos menores e dos adolescentes.
Daí o apelo do Dr. Alves Garcia: "Que as autoridades se mobilizem e alertem as famílias para menos "café-society", menos coquetéis, menos egoísmo e mais vigilância e cuidado com os filhos. Que se restaure a autoridade familiar e que a educação dos menores seja da responsabilidade dos pais e não do chefe do bando da esquina ou do bairro, como está acontecendo".
A oração do Pequeno Delinquente de Cora Coralina é mais uma voz que ergue no conturbado mundo moderno a favor do menor abandonado que, conforme a própria Cora, sonha "com um bife bem grande, um pastel enorme, um doce e uma fruta".
Bendita oração, a de Cora, porque haverá de clamar aos corações, falando mais alto do que a arbitrariedade, do que a cegueira, do que os partipris, do que os sofismas que procuram, por interesses mesquinhos e vantagens hedonísticas, destruir, ocultar e manter os anseios de uma vida melhor e que poderia ser vivida longe do pátio das Delegacias, mas perto das Escolas, dos Alimentos, dos Brinquedos e especialmente da compreensão e do amor que é o grande elo da vida ou como disse Bareal "o diamante que risca todas as demais pedras preciosas". (O POPULAR. Goiânia, 30.10.1977).


MÁRIO RIBEIRO MARTINS - ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

FILOSOFIA MAÇÔNICA - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 




FILOSOFIA MAÇÔNICA.

Mário Ribeiro Martins*



Evidentemente, a maçonaria não é uma instituição estática, mas dinâmica. Isto significa que certos conceitos são mudados para satisfazer as contigências dos séculos.
Contudo, ela tem os seus “LANDMARKS” ou “ANTIGOS LINDEIROS”, que são considerados absolutamente básicos para toda a maçonaria.
Além disto, há a Constituição de Anderson, elaborada pelo Pastor Protestante James Anderson, Ministro da Igreja Presbiteriana de Londres, em 1717 e que é considerado até mesmo pelos inimigos da Ordem e não somente por eles, mas por todos os maçons, como o Profeta da Maçonaria.
Embora existam outros documentos de grande importância, estes dois são os textos fundamentais da Maçonaria Universal. É com base em tais documentos que cada Potencia Maçônica tem a sua Constituição e cada Loja o seu regulamento.
O que pensa a Maçonaria Nacional é sempre de grande significação. Ninguém pode, como individuo, estabelecer este ou aquele pensamento e atribuí-lo à Sublime Ordem. No entanto, pelos documentos que se tem em mãos, é possível perceber o pensamento da maçonaria brasileira nos seguintes pontos:
Tanto a maçonaria quanto o cristianismo combatem não apenas o comunismo, mas também o capitalismo. O equilíbrio entre estes dois sistemas econômicos está nas doutrinas maçônica e cristã, que defendem o que é justo.
Enquanto Capitalismo e Comunismo são a negação do amor, Maçonaria e Cristianismo são a mais alta expressão do sentimento de solidariedade humana pela liberdade, igualdade e fraternidade.
Se, de um lado, o comunismo explora o homem, também o capitalismo comete injustiças. Se no comunismo é difícil ver o dinheiro, no capitalismo prende-se o dinheiro que deveria ser utilizado para o bem comum. O cristianismo e maçonismo reprimem a injustiça e ensinam o amor ao próximo.
Maçonismo não é comunismo. Os inimigos da Ordem têm criado, em torno dela, os mais aberrantes conceitos. O Comunismo é uma ditadura política, que nega a importância do homem, transformando-o em escravo da máquina estatal.
Contudo, não se pode negar que tanto o maçonismo como o comunismo fazem guerra contra a exploração do homem. Só que os meios são por demais divergentes.
Enquanto o Comunismo se vale do “direito da força”, a Maçonaria se vale da “força do direito”. No maçonismo, o homem tem de se curvar diante do Arquiteto dos Mundos, que é Deus, para vencer as lutas diárias.
Para a Maçonaria, o homem é um ser que pensa e que tem o direito de externar os seus pensamentos. Para o Comunismo, o homem transformado em máquina, não tem o direito de pensar, pois quem pensa é o Estado.
Em virtude de ser a Maçonaria uma organização de caráter universal, há sempre aqueles que encontram na Sublime Instituição um caráter desnacionalizador.
A maçonaria, no entanto, é nacionalista. O primeiro dever do maçom é a fidelidade à pátria. O caráter universal que tem a Ordem não destrói o patriotismo.
A maçonaria é nacionalista e contribui, de todos os modos, para criar condições favoráveis ao desenvolvimento da nação. O nacionalismo da instituição é acentuado de várias maneiras, entre as quais, a importância dada ao Pavilhão Nacional, o numero de colégios e escolas mantidos, além da proibição de trocar frases, amistosas ou não, em língua estrangeira, fora de ordem e sem que haja intérprete.
A maçonaria tem lutado com todas as forças para concretizar o ideal da liberdade religiosa. Conseguiu impor este principio, no Brasil, quando do movimento republicano de 1889, em que um dos primeiros passos foi a separação entre a Igreja e o Estado, com a consequente liberdade de consciência.
A Sublime Ordem tem sido protetora e defensora do ideal religioso, da liberdade de culto, de crença, de consciência e de pensamento do indivíduo.
Ensina a Maçonaria que o Estado não deve ter Religião Oficial, mas deve amparar todo e qualquer sistema religioso. (Texto publicado no livro ESCRITORES DO BRASIL. Rio de Janeiro, Arte Moderna, 1980, I volume, p. 307).



MÁRIO RIBEIRO MARTINS - ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

A ESCALADA DOS TÓXICOS - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 





A ESCALADA DOS TÓXICOS.

Mário Ribeiro Martins*



(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO, ALÉM DA FONTE).



O uso indiscriminado de tóxicos, por parte de milhões de viciados em todo o mundo, é, sem dúvida, um dos flagelos sociais mais alarmantes dos últimos tempos. Transformadoras da percepção mental, as drogas são conhecidas desde os tempos remotos e mencionadas pelas literaturas mais primitivas que falam sobre seu uso e suas consequências.
Os povos orientais não só conheciam, mas também usavam largamente o ópio e o cânhamo indiano. Os astecas usavam o peiote, do qual extraiam a mescalina, chegando mesmo a adorá-lo por verem nesse cacto um verdadeiro deus. As drogas foram introduzidas no Ocidente através de intelectuais e artistas, tais como, Baudelaire, De Quincey e outros que, depois de experimentarem os efeitos alucinógenos de certas substâncias, tornaram-se porta-vozes e defensores de seu uso.
Mais recentemente Aldous Huxley transformou em livros suas experiências com a mescalina. Numa série de artigos para a imprensa chegou a preconizar uma "evangelização química", no sentido de que as drogas fossem colocadas ao alcance de todos, principalmente intelectuais. Após a Segunda Guerra Mundial e com o advento de certos fenômenos sociais, entre os quais o Hippismo, os tóxicos passaram a ser difundidos e usados numa escala maior.
No famoso festival de Woodstock (Estados Unidos), o ácido lisérgico foi vendido a quatro dólares, dose suficiente para uma "viagem inesquecível". No festival de Wight (Inglaterra) centenas de hippies curtiram o vício da maconha, das bolinhas e do LSD, a mais poderosa droga mental até hoje conhecida.
Conforme pesquisadores da UNESCO há no mundo cerca de quinhentos milhões de viciados em uma droga qualquer. A maconha, droga mais popular no Brasil, em virtude da grande produção e do baixo preço, é usada em São Paulo, capital nacional do Vício, por cerca de 150 mil viciados. O fenômeno, portanto, não é só americano. A indústria dos tóxicos expande-se fortemente na Inglaterra, Itália, Alemanha, França, Suécia, etc. Corre-se tanto perigo hoje em Nova Iorque como se corria na Indochina.
O tóxico é o inimigo publico número um da humanidade. Com esta preocupação e na tentativa de esclarecer a juventude brasileira quanto aos perigos a que se expõe diante do uso dos tóxicos, foi que o governo instituiu o Conselho Nacional Antitóxico, reunindo médicos, professores, religiosos, jornalistas e outros interessados, capazes de abordar corajosamente o problema, numa ação educativa e racional.
A rebeldia e ânsia de independência dos jovens são resultantes dos novos estilos de vida da época e da omissão dos pais, permitindo uma orfandade existencial dos menores e adolescentes. Daí o apelo do Dr. Alves Garcia: "Que as autoridades se mobilizem e alertem as famílias para menos café-society, menos coquetéis, menos egoísmo e mais vigilância e cuidado com os filhos. Que se restaure a autoridade familiar e que a educação dos menores seja da responsabilidade dos pais e não do chefe do bando da esquina ou do bairro, como está acontecendo. (MANCHESTER. Anápolis, 02.09.1975).


MÁRIO RIBEIRO MARTINS - ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

(LIVRO "MANIFESTO CONTRA O ÓBVIO E OUTROS ASSUNTOS", PÁGINAS 25/26)

terça-feira, 27 de maio de 2025

SÓ PALAVRAS... - FILEMON MARTINS

 






SÓ PALAVRAS...

Filemon Martins



É bom relembrar o discurso de Lula, no ano 2000: “O empresário tem que ter medo do PT, pessoas que degradam o meio ambiente têm que ter medo do PT, pessoas que praticam corrupção têm que ter medo do PT, aqueles que querem manter relações com o Estado entrando pela porta dos fundos têm que ter medo do PT.”
Com este e outros discursos do mesmo jaez, Lula chegou à Presidência da República em seu primeiro mandato. O povo, embalado pelo sonho de viver num País melhor, mais justo e mais humano, votou para mudar o Brasil. Até o poeta, impregnado de esperança e de sonhos, escreveu trovas, como essa: “É a voz do povo a clamar/ com talento e competência: / o Brasil quer prosperar/ com Lula na Presidência.”

Ledo engano. O povo cumpriu a sua parte votando e elegendo aquele que parecia estar, pelo menos naquele momento, ao lado dos trabalhadores, dos desesperançados, dos pobres e desvalidos, mas infelizmente assim que o PT assumiu, não demorou muito, as promessas de moralidade, ética e decência feitas ao longo de 30 anos de luta, foram substituídas para satisfazer a sede de poder dos aliados, sempre atrelados às benesses do poder, incapaz de um gesto nobre que pudesse beneficiar o povo brasileiro.
Ora, a miséria está estampada em todas as cidades brasileiras: pequenas, médias e grandes. Ainda assim nada tem sido feito para melhorar a vida destas pessoas. Ao contrário, assim que o novo governo se instalou, foi possível constatar o descontentamento do povo através dos servidores públicos federais, dos aposentados e dos que produzem em geral, bombardeados com reformas e medidas prejudiciais aos trabalhadores.
Já estamos em maio de 2025, 3º mandato de Lula e seus aliados ainda se debatem num mar de lama e de escândalos que vêm à tona aos borbotões em toda a administração sob a batuta do governo petista. Só não vê quem não quer. Não há dúvidas de que as propinas (mensalão) pagas pelo PT a alguns deputados da base governista e aliados, conforme o ex-deputado Roberto Jefferson (cassado), serviram para aprovar tudo o que era prejudicial aos servidores públicos federais e pensionistas, além de outros projetos nocivos ao Brasil.
Ainda hoje os servidores federais inativos e pensionistas são confiscados em 14% dos seus salários, graças ao famigerado mensalão, que, segundo Lula, nunca existiu.
Evidentemente, tudo o que foi aprovado até agora no governo petista está sob suspeita. Mas este seria um assunto para os Ministros do Supremo Tribunal Federal, se a maioria deles não fosse indicado pelo PT.
Pior é imaginar que mais alguns meses tudo estará devidamente esquecido e servindo de piada nos salões. Os maus deputados e seus comparsas continuarão suas ações ilegais causando prejuízos aos cofres públicos, como INSS, PETROBRÁS, ITAIPU e outros órgãos, cujos reflexos são o aumento da desigualdade social, o caos na saúde pública, na educação, na previdência, o crescimento assombroso da criminalidade nas cidades brasileiras, sem contar com o abandono das estradas no interior do Brasil, entre outros.
É desanimador, porque o Brasil é um País imenso e rico, com um povo ordeiro, trabalhador e bom, embora inculto, mas a insensibilidade dos políticos e administradores é um absurdo. Observe-se que 2026 é ano eleitoral. Acorda, Brasil!


segunda-feira, 26 de maio de 2025

UM CAMINHO PARA A CIDADANIA - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 






UM CAMINHO PARA A CIDADANIA
Mário Ribeiro Martins*



Não se pode falar em cidadania, sem relembrar a necessidade da existência do indivíduo no pleno gozo dos seus direitos civis e políticos, dentro da família, do grupo, da comunidade e da sociedade em que, eventualmente, possa viver.
Esta qualidade ou estado de cidadão que se traduz por cidadania é tão importante no mundo moderno e, especialmente, no contexto brasileiro, que a própria CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, de 1988, ao elencar os princípios fundamentais da República Brasileira e seu Estado Democrático de Direito, coloca a CIDADANIA em segundo lugar, entre os cinco elementos fundamentais, tão forte quanto a própria SOBERANIA NACIONAL.
Tal a significação do conceito de cidadania que a expressão aparece logo no primeiro artigo da Constituição Brasileira, em seu inciso segundo e em apenas três outras oportunidades, no elenco dos trezentos e quinze artigos que formam a Constituição Nacional.
Visualiza-se, assim, a importância do tema: UM CAMINHO PARA A CIDADANIA. Não se poderia falar sobre o assunto, sem atentar para a existência de uma diversidade de caminhos para se chegar à verdadeira cidadania, daí a razão pela qual o tema poderia ser estudado do ponto de vista filosófico, teológico, sociológico, político, etc.
Mas, se há de convir que o grande caminho para a cidadania é o da inteligência. Mas inteligência aqui, como capacidade da mente para resolver problemas e que não pode ser confundida com a razão que é a faculdade da mente de julgar e discernir o bem e o mal, o verdadeiro e o falso.
A crise do mundo atual é uma crise da inteligência, porque a inteligência não é encontrada ao mesmo nível em todos os indivíduos, daí a particularidade de cada QI (Quociente de Inteligência).
É essa crise da inteligência que provoca o extraordinário drama em que os problemas colocados pelos homens de ação não encontram resposta por parte dos homens de fé e vice-versa.
Ora, se há uma crise da inteligência, ela está umbilicalmente vinculada ao processo educacional que, muitas vezes, não possibilita ao cidadão, o alcance do saber, da verdade e da certeza.
A inteligência é uma iluminação que se faz acompanhar da solução. Aqui entra de novo o conceito de cidadania, eis que a inteligência, como INSIGHT que é, além de ser criadora, aplica-se muito mais ao trabalho.
É instrumento de operações, de funcionamento, relaciona-se mais com a ação e com o viver diário, propondo-se a resolver problemas colocados diante do cidadão que nem sempre corresponde ao que se chama, usualmente, de "homem".
Portanto, não se pode falar em cidadania, no sentido mais perfeccionista do termo, sem que neste caminho haja a inteligência, que se revela sempre através de um ato criador da mente e que é capaz de realizar, desempenhar, concretizar, enfim, a inteligência é um valor de sobrevivência e, como tal, é capaz de conduzir o homem ao verdadeiro momento da cidadania. (IMAGEM ATUAL. Anápolis, abril de 1988).



MÁRIO RIBEIRO MARTINS - ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

NA PRAIA - FILEMON MARTINS

 







 

NA PRAIA

Filemon Martins

                           

Caminho, sem destino, pela praia,

- por que me fere a solidão assim?

Percebo que à distância o sol desmaia

talvez para esconder o amor de mim.

 

O mar, aos prantos, seu furor ensaia

mostrando seu poder quase sem-fim,

mas vou partindo sem que a noite caia

enquanto as ondas fazem seu motim.

 

Minhas marcas se perdem pela areia,

porque depois com força a maré-cheia

vem e apaga as pegadas que deixei...

 

Também a minha sorte me maltrata

como a maré que passa, a vida ingrata

vai apagando tudo o que sonhei!


INCOERÊNCIAS - FILEMON MARTINS

 



 

INCOERÊNCIAS

Filemon Martins

 

Penso...

Mas pensar muito não faz bem.

Na conjuntura política atual pensar faz mal.

Como pode isso, se bandidos são presos, não podemos ver os rostos (caso de menores), porque a lei não permite. Há outros que conhecemos seus rostos: foram sentenciados, condenados e presos por um juiz federal e confirmado por desembargadores do TRF4, mas foram soltos porque um dos magistrados do STF desprezou as provas apresentadas no processo, tornando-os elegíveis aos mais altos cargos da República.

Perguntar não ofende, será? Que fim levou aquele dinheiro encontrado em malas num apartamento em Salvador? Só 51 milhões de reais, que, segundo se noticiou, nunca serviram de prova. É preciso lembrar que a mãe de um envolvido, afirmou numa entrevista: - meu filho não é mau, é uma pessoa doente. Contudo, já se movimentou costurando aliança política entre PT e MDB na Bahia, fazendo parte, portanto, do governo baiano.

Parodiando Gióia Júnior: Chega de prosa, nem é bom pensar demais.