quarta-feira, 30 de abril de 2025

REVISITANDO ANTONIO DE CASTRO ALVES

 




REVISITANDO CASTRO ALVES (1847-1871)

 

¨E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta, que impudente na gávea tripudia?...

Silêncio!... Musa! Chora, chora tanto

Que o pavilhão se lave no teu pranto...

 

Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra

Às promessas divinas da esperança...

Tu, que da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança,

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servires a um povo de mortalha!...¨

 



OBS.: Considero estes versos do poeta baiano como um dos mais belos e significativos da Língua Portuguesa. 









terça-feira, 29 de abril de 2025

ESTRELA - FILEMON MARTINS

 




ESTRELA
Filemon Martins





Olho para o alto e no espaço sideral
vejo uma estrela esplêndida e bela.
Desejo tocá-la, não posso.
Quero trazê-la para mim,
mas não consigo.
Ela desapareceu:
- Era uma Estrela Cadente.

Olho para a Terra, vejo você:
- Uma estrela luzindo no céu da minha vida.
Quero amá-la, não posso.
Quero senti-la, quero possuí-la,
mas meu sonho é inatingível.
Quero, ao menos, tocá-la,
é impossível.

Desisto. E fitando atentamente,
percebo que você é simplesmente:
- Uma estrela que se apaga,
e aos poucos vai se tornando
minha ESTRELA CADENTE!




METRÔSAMPA - FILEMON MARTINS

 




METRÔSAMPA
Filemon Martins




Estação Sé.
A plataforma está lotada.
O povo espera impacientemente.
O trem chega e para.
De repente, já não é o povo,
ouço o tropel da boiada
e os bancos vazios ficam ocupados.
O trem parte rumo à próxima estação,
mas o povo num vaivém,
parece o Brasil,
não vai nem vem.


ECLIPSE - FILEMON MARTINS

 




ECLIPSE

Filemon Martins



Ontem à tarde
a Natureza orava
e o silêncio era profundo.
Uma leve brisa passava
e acariciava meu rosto.

Lá fora
a tarde caía mansamente
e assim suavemente
o eclipse do sol se realizou
e a noite se fez.

Enquanto aqui dentro de mim:
Eclipsei minha vida,
eclipsei meus sonhos,
eclipsei meu amor.

O ALPINISTA - FILEMON MARTINS

 




O ALPINISTA
Filemon Martins



Certo dia ouvi pela televisão
uma entrevista com alguns alpinistas
e vejam só:
- Uns querem escalar o Pico do Jaraguá,
em São Paulo.
Outros, o Pico das Bandeiras,
nas Minas Gerais.
Ou o Pico da Neblina no extremo Norte do Brasil.

Há outros valentes, corajosos:
- Querem escalar o íngreme, belo e misterioso
EVEREST nas Cordilheiras do Himalaia.

E a vida é assim na alegria e na dor:
- Cada um tem seu sonho,
cada sonho, um segredo,
cada segredo, uma história
quase sempre de amor.

E eu,
que sou um bom alpinista,
tenho também meus anseios,
mas prefiro escalar suavemente
e conquistar mansamente
as duas “montanhas” dos teus seios.

MALDADE - SONETO DE OUTRORA - FILEMON MARTINS

 



MALDADE

Filemon Martins



Eu conheço o teu péssimo desejo,
mas não sei a razão de ser assim,
eu, que somente para ti almejo
venturas mil num paraíso, enfim.

Felicidade e paz qual doce beijo
como quiseras ter até o fim,
e muito amor na tua vida eu vejo
como se desejasses para mim.

Pois, eu quero colher, na realidade,
o que plantei na minha mocidade,
no silêncio da minha inspiração.;

porquanto, neste mundo tão ingrato,
nada ficou daquele nosso “trato,”
levaste até meu pobre coração!

EVANGELHO - FILEMON MARTINS

 


EVANGELHO

Filemon Martins



Amo tudo que existe de sublime
no Universo de Deus, o Criador,
cujo poder a Natureza exprime
quando surge a alvorada multicor.

Amo de Cristo o sangue que redime
e a rude cruz, o símbolo da dor,
onde deponho a mágoa que me oprime
em troca do Perdão, consolador...

Então, eu sinto paz, sinto alegria
do Evangelho do Filho de Maria
que me traz eviterna inspiração;

e quando sou, no mundo, desprezado,
como outrora foi Jó abandonado,
Ele vem consolar-me o coração.


DESLUMBRAMENTO - FILEMON MARTINS

 



DESLUMBRAMENTO

Filemon Martins







Não consigo entender porque te quero,

porque te venero, porque te adoro,

porque te amo!



Não consigo entender porque me fascinas,

se teu olhar ardente nunca me pertenceu.

Se tua voz suave nunca me falou de amor.

Se teu sorriso cativante jamais me procurou.

Se tuas mãos macias nunca me acariciaram.

Se teu corpo perfeito nunca me aqueceu.

Se teus lábios doces nunca me beijaram.



Não consigo entender porque esse encantamento
quando me falas, quando te encontro, quando te vejo...

Por que tanto fascínio exerces sobre mim ?

Mas entendo que o amor
quando acontece na vida,
deve ser belo e forte,
e poderoso assim!

segunda-feira, 28 de abril de 2025

LIVRO HERANÇA - EUNICE BARBOSA

 


                                              (FOTO DE VALDIR VASCONCELLOS)


LIVRO HERANÇA

Filemon Martins



Por instrumentalidade do Dr. Luiz A. Martino (excelente médico que me acompanha há anos no tratamento de saúde, na UBS DE VILA JACUÍ), recebi o livro HERANÇA, de EUNICE BARBOSA. Um livro com 160 páginas, de boa e pura poesia. O livro foi editado pelo Grupo Editorial Scortecci, de São Paulo, em 2013 e vale a pena ser lido. Revisão do Professor Almiro Dottori Filho, prefácio do Padre Antônio Maria. Mas, quem é EUNICE BARBOSA (Eunice Barbosa da Silva)? Uma senhora com 94 anos, nascida em 30/08/1919, no bairro de Lagoinha, Belo Horizonte, Minas Gerais. “De origem humilde, mas rica em experiências, graças a suas andanças ligadas ao seu estilo de vida itinerante”. Eunice não teve condições de estudar, mas sua alma de poetisa inspirada é marcante. Seus poemas reunidos em seu livro HERANÇA atestam com fidelidade “uma vida de cenários diversos, de muitas buscas e cheia de desafios”. A mulher Eunice Barbosa teve 09 filhos, sendo 8 do 2º casamento. Seus filhos são: Adolfina Imaculada, Carlos José, Maria Lúcia, Maria Célia, Mário Lúcio, Marco Antonio, Maria Evangelina e Maria Ângela, e o saudoso cantor e compositor Antonio Marcos.

A poetisa e compositora Eunice Barbosa possui várias músicas gravadas nas vozes de Roberto Carlos, Antonio Marcos (seu filho), Jessé, Gilliardi, Fábio Júnior, Roberto Leal, Leonardo, entre outros. Conforme sua biografia, “hoje, aos 94 anos, muito tímida e extremamente emotiva, ela deseja levar ao mundo seu recado no silêncio das páginas de HERANÇA”.

Eis o poema Doce Ternura, página 119:


Você,

sorriso e crença no passar das horas.

Manhã de sol agasalhando a terra.

Recado azul anunciando a vida.

Doce ternura quando a paz encerra.


Você,

silêncio calmo no balanço leve

da rede branca entre as mãos do vento.

Bendita seja a sua prece calma

secando o pranto no olhar do tempo.


Você,

anjo azul no alvorecer do sonho.

Loira brisa farfalhando a flor.

Passos lentos enfeitando a lida.

Mãos abertas semeando amor.


Assim é a poesia de nossa grande poetisa, Eunice Barbosa, sempre inspirada e perene como a água que desliza mansamente pelos lagos.  Parabéns! E nós somos privilegiados com leitura tão cativante, tão bela e doce, que só nos resta agradecer: obrigado, Poetisa, por nos conceder tão inebriante prazer.


TROVAS - COLUNA DE MARIA THEREZA CAVALHEIRO

 



TROVAS – COLUNA MARIA THEREZA CAVALHEIRO,

JORNAL O RADAR, FEVEREIRO – 2015.



Com fervor, ao Pai Divino,

Criador deste Universo,

pedi pão quando menino:

deu-me o consolo do verso.

        JERRY FILHO


Meu coração vai à luta,

indefeso e apaixonado,

como se fosse um recruta

pisando em campo minado!

        THEREZINHA D. BRISOLLA


Condeno a pena de morte,

ao me lembrar de Jesus,

que sem merecer tal sorte,

for martelado na cruz.

        ARLINDO NÓBREGA


Não há dizer que defina

o doce amor da mulher.

quando toca, mescla, ensina,

faz do homem o que bem quer!

        JORGE FREGADOLLI


A FAMÍLIA CRISTÃ E O MUNDO ATUAL - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 





A FAMÍLIA CRISTÃ

E O MUNDO ATUAL.

Mário Ribeiro Martins*


(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO, ALEM DA FONTE).


Uma série de fatos sociais ocorridos nas últimas décadas causaram profundo e importante impacto na constituição do grupo familiar. E entre esses fatos sociais é de se destacar a industrialização vertiginosa que atingiu a família de maneira básica, alterando completamente o quadro das atividades familiares, com uma diversificação e descentralização de responsabilidades.
Mas há de se destacar também a urbanização, a explosão demográfica, a elevação do padrão de vida e a transformação radical do status e do papel social da mulher que passou a trabalhar e a competir em igualdade de condições com o homem, no mercado comum das atividades, numa completa e definitiva emancipação, levando-a para fora do lar e provocando evidente transformações na vida da família.
Basta esse fato para se entender o quadro da família na vida moderna. Em que medida todos esses fatos influem na constituição da família cristã e quais as consequências concretas de tal impacto? A família tornou-se nuclear, constituída de pais e filhos, e a educação da prole passou a não depender exclusivamente dos pais, mas de um tecnicismo cada vez mais crescente, enquanto que a emancipação da mulher fez com que se dividisse a autoridade familiar e a responsabilidade na educação dos filhos.
Diante de tudo isso, pergunta-se: É ainda a família a base da sociedade? É verdade que uma família unida gera devoção e uma família desunida gera amarguras. Jesus teve convicções muito claras sobre a família, seguindo a tradição judaica.
A sinagoga tinha grande reverência para com a família. É no Velho Testamento que se encontra "casas e riquezas são herdadas dos pais, mas a esposa prudente é do Senhor". É no Velho Testamento que se lê "não é bom que o homem esteja só". É no Velho Testamento que se encontra a falta de filhos no lar como uma verdadeira tragédia. Os judeus eram fiéis nas relações familiares, daí a Lei e os Profetas ensinarem a pureza e condenarem o adultério.
Mas a grande nódoa judaica era a posição da mulher, classificada como propriedade e de quem o esposo podia divorciar-se à vontade "desde que não achasse graça em seus olhos", conforme Deuteronômio 24:1.
Para Jesus a família é o símbolo do Reino de Deus. E quando quis falar das relações entre os homens e o seu reino apanhou a figura na família, dizendo: "Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe". A família, para Jesus, tinha de ser subjugada ao reino. E o reino de Deus tinha de ocupar o primeiro lugar. E isto não era uma questão teórica para Jesus, mas prática, porquanto ele mesmo havia abandonado o próprio lar para cumprir sua missão e cumpriu, embora debaixo das críticas e da oposição da própria família, segundo Marcos 3: 21.
Para continuar enobrecida, a família não pode fugir de estar subordinada ao Reino de Deus. Os pendores espirituais da família cristã atingem não somente suas próprias fronteiras, mas as necessidades do mundo. A sociedade moderna, pelo grande número de famílias fracassadas, está aprendendo que, como ensinou Jesus, a família é uma instituição em que os participantes se identificam numa nobre e permanente união.
Mas para tudo isso é necessário o material que deve constituir o parapeito de uma família cristã: Vida espiritual - verdadeiro cimento armado. Educação Religiosa - já que a educação pública instrui o intelecto, mas esquece a consciência. Testemunho dos pais - com vida no temor de Deus, que é o princípio da sabedoria.
Tinha razão Salomão quando disse: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam". Josué, no seu famoso discurso de despedida, exclamou: "Eu e a minha casa serviremos ao Senhor". A ele não importava a degradação moral e espiritual por que passava o povo, mas a sua fidelidade. Ao cristão, hoje, não importa a contemporaneidade tolerante, mas a sua fidelidade.
O fato é que o elemento central na salvação da família cristã ainda é a mulher. Quando J. Williams, com 10 anos, foi levado ao grande pregador George Truett, este lhe perguntou como conhecia tanto de Deus e Williams respondeu: "Professei a minha fé nos joelhos de minha mãe".
As mulheres cristãs são guardas das fontes. Numa época em que as fontes da moral e da religião estão poluídas, há necessidade de mulheres cristãs, guardas das fontes, que entendam que nem sempre é moralmente certo, o que é socialmente correto. (JORNAL BATISTA. Rio de Janeiro, 19.08.1973).



MÁRIO RIBEIRO MARTINS - ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

(LIVRO "MANIFESTO CONTRA O ÓBVIO E OUTROS ASSUNTOS", PÁGINAS 27/29)

domingo, 27 de abril de 2025

DEZ MANDAMENTOS DO POLÍTICO - ANTONIO FERNANDO DE ANDRADE

 



Recebi de ANTONIO FERNANDO DE ANDRADE, do Recife - PE, os 10 Mandamentos do Político:

 

1 – Acabar com a impunidade (nas novelas)

2 – Ser grato ao eleitor (privatizando a fome)

3 – Arquivar o nobre projeto (ficha suja zero)

4 – Sabe quem é verdadeira oposição (imprensa)

5 – Inaugurar as obras inacabadas

     (saúde, educação e segurança)

6 – Acompanhar a pauta diária

     (corrupção, renúncia, fraude e desvio)

7 – Atualizar o dicionário político

     (fiança, habeas corpus e renúncia)

8 – Jamais recusar abraços (super salário)

9 – Acreditar que o culpado da não reforma                  agrária são os cassados (Índios)

10 – Amar, respeitar e defender o nobre (voto)

sábado, 26 de abril de 2025

A IMAGEM DE JUDAS ISCAROTES NA LITERATURA - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 




A IMAGEM DE JUDAS ISCARIOTES
NA LITERATURA


Mário Ribeiro Martins*


(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO, ALÉM DA FONTE).


Ao tempo em que Jesus nascia em Belém, nascia Judas cujo nome significa "louvor ao Senhor", na casa de Simão de Cariote. Como os nomes expressavam o desejo dos pais em relação aos filhos, pode-se notar o desapontamento dos pais de Judas, cujo nome passou à História, com o significado de "louvor ao diabo". É o personagem mais controvertido, no drama do Calvário.
Apesar disto, há os defensores de Judas. É uma tendência da época defender e reabilitar os vultos da História. É a contemporaneidade tolerante. Uma pesquisa na literatura sobre o assunto mostra que outrora Judas era condenado sem reservas, a começar pela DIVINA COMÉDIA, de Dante, em que Judas aparece na boca do diabo, por ele triturado, num profundo abismo infernal.
Como defende a modernidade, o Iscariotes? Judas é uma vítima do destino, portanto não tem responsabilidade pelos atos praticados, dizem seus defensores. Fez tudo levado por uma força cega e inevitável. Seus acusadores respondem: não existe destino cego e fatal. O homem age livremente.
Judas não é culpado, porque Deus sabia antecipadamente e as Escrituras prediziam, séculos antes, a traição de Judas, insistem os defensores. Os acusadores argumentam: a paciência de Deus corre paralela com a liberdade do homem. Uma não elimina a outra. O diabo é que colocou no coração de Judas trair o mestre, conforme João 13:2. Judas não queria e não pretendia trair Jesus, fê-lo pelas circunstâncias, continuam seus defensores e arrematam, dizendo: Judas queria forçar Jesus a proclamar-se Rei, mas quando viu o seu sonho frustrado, suicidou-se, segundo Mateus 27:3.
Deve-se observar também a carreira de Judas. Ele nunca foi mau e egoísta. Era homem de talento e habilidade, daí ter sido escolhido por Jesus não só para discípulo, mas para tesoureiro do Colégio Apostólico. O espírito egoísta que Judas revelou foi também demonstrado pelos demais discípulos, só que eles souberam dominar aquela tendência, enquanto Judas foi dominado. Ele começou a mudar de atitude quando notou que Jesus não tinha a ideia da missão temporal, pelo menos é o que se deduz de João 6:15. Aliás, um ano antes da traição, Jesus se referia a Judas como um diabo, segundo narra João 6:70.
Mas os acontecimentos relativos à traição culminaram com a repreensão que Jesus lhe fez na casa de Simão, o leproso, e que deve ter provocado ainda mais a ira de Judas, segundo João 12:4 a 8. É a partir deste momento que se encontra fraqueza em Judas: deixou-se dominar completamente pelo ódio.
Há por outro lado, uma série de curiosidades sobre Judas, na literatura. Nas listas dos doze, Judas sempre aparece em último lugar, acompanhado de um aposto infamante: "quem o traiu", "o que se tornou traidor".
O sobrenome Iscariotes deriva-se do hebraico ICHI QUERIOTI (homem de queriote). Schultess e Welhausen sugerem o aramaico ISCARYA- (assassino). Judas era tesoureiro, mas o evangelista João o chama de ladrão. No incidente de Betânia, com Maria, Judas adicionou à cobiça a figura do dolo. Logo depois dirigiu-se aos sacerdotes secretamente. O pão embebido na refeição pascal era o apelo final de Jesus a JUDAS.
Embora a tradução portuguesa use a palavra amigo (Mateus 26:50), Jesus não chamou Judas de AMIGO, mas de COMPANHEIRO. A palavra usada por Jesus e que está no original é etairos que significa companheiro, enquanto o verdadeiro amigo é traduzido por filos, conforme se lê em Lucas 7:6. A diferença entre companheiro e amigo pode ser notada com a seguinte ilustração. José de Arimatéia não era companheiro de Jesus, mas era amigo. Judas era companheiro, mas não era amigo.
Papias diz que o corpo de Judas inchou. Agostinho diz que a corda rebentou e Judas morreu devido à queda, não se suicidou.
Uma série de perguntas capciosas há sobre Judas. Quais os motivos que o conduziram a tão horrendo destino e fim? Como harmonizar isto com a declaração escriturística que dá a impressão de que ele tinha sido predeterminado para cumprir o papel de traidor?
A explicação psicológica invoca razões como o amor ao dinheiro, inveja aos outros, o desejo de Judas de salvar a pele no desastre do Cristo e forçar Jesus a tornar-se ou declarar-se Messias. Tudo isto transformou-se em despeito e o despeito em ódio. A explicação teológica invoca razões como o fato de que a presciência de Jesus não implicava em predeterminação.
Judas foi apóstolo, mas nunca fora salvo e mais, Deus não predestina para o mal, logo a frase "tal coisa se deu para cumprir a Escritura" significa que as ocorrências no seu curso normal, concorreram para cumprimento de uma profecia.
O fato é que Judas tinha uma vida promissora, mas seus talentos não foram usados corretamente, o que pode acontecer a qualquer indivíduo. Deixou-se levar pela cobiça. No cômputo geral, dir-se-ia que Judas se acostumou às coisas sagradas, mas nunca teve respeito por elas, o que é também muito comum na atualidade. (O POPULAR. Goiânia, 18.04.1976).



MÁRIO RIBEIRO MARTINS - ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

(LIVRO "MANIFESTO CONTRA O OBVIO E OUTROS ASSUNTOS", PÁGINAS 58/60)

ESCOLA SUPERIOR DA AVAREZA - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 




ESCOLA SUPERIOR DA AVAREZA

Mário Ribeiro Martins*


(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO, ALÉM DA FONTE).


A Bíblia apresenta, embora sem nomeá-las, várias Escolas: Escola dos Profetas, Escola de Alexandria, Escola Mosaica, Escola Judaica, Escola Paulina, entre outras. Todas tiveram seus fundadores e seguidores. A Bíblia apresenta uma escola "sui generis": A Escola Superior de Avareza. Caim teria sido seu fundador, nos primórdios da humanidade, se é que foi o resto imprestável da sua lavoura que ele separou para entregar ao Senhor, como alguns supõem.
Mas esta escola, como todas as outras do Velho e Novo Testamento, teve os seus seguidores, dos quais a Bíblia guarda tristes e horripilantes memórias. Um deles foi Judas Iscariotes que revelou seu instinto bestial e avarento quando Maria, irmã de Lázaro, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, derramou sobre os pés de Jesus e os enxugou com suas madeixas. Foi aí que Judas disse: "Por que não se vendeu por trezentos dinheiros, Senhor?" Judas não queria o dinheiro para o Senhor, mas para a sua bolsa.
Quantas vezes se ouve: para que comprar terreno para a Igreja, se o dinheiro tem de sair do nosso bolso? Judas provavelmente diria: é melhor não comprar móveis, porque desde a fundação da Igreja estamos acostumados com velhos bancos e nunca morremos. Mas Judas fez muito mais do que isto. Diz Mateus que por causa dele os discípulos se indignaram contra Jesus.
Dois outros discípulos da Escola Superior da Avareza foram Ananias e Safira dos quais a Bíblia apresenta uma ingrata memória. Foi mais fácil Deus ressuscitar a Lázaro, abrir o Mar Vermelho ou o Rio Jordão do que abrir o coração avarento de Ananias e Safira. Haviam dado profissão de fé. Haviam sido imersos nas águas batismais. Haviam preenchido uma ficha. Sabeis qual? A ficha da fidelidade e da honra, escrita não com letras e tinta, mas com lágrimas caídas dos seus olhos nos dias das perseguições.
Vivemos no mundo dos símbolos: a aliança representa a união matrimonial, o batismo simboliza uma nova vida, o diploma é a expressão da formatura, a ficha que o membro de uma igreja assina representa a fidelidade. Mas a avareza fez com que Ananias e Safira pensassem: nos dias de Cristo não era assim, a gente dava quando queria, dava voluntariamente e a obra foi realizada. Agora estes apóstolos querem até saber quanto nós ganhamos com a venda da propriedade. Verdadeiro crediário, Safira! Vamos dar quanto nós entendemos! Foi aí que Pedro disse: "Não mentiste aos homens, mas a Deus". É provável que Ananias ao ouvir as palavras de Pedro ainda tenha pensado: é um verdadeiro crediário, pesquisou a minha vida e soube por quanto vendi a propriedade!
Estas são as argumentações da avareza. Ananias e Safira foram fulminados. Deus não conseguiu vencer a avareza. Aquelas mesmas portas largas pelas quais entraram, por elas saíram. Entraram como bons crentes e saíram como maus mordomos. Como Ananias e Safira, há aqueles que entraram para as igrejas como crentes, mas saem por causa da avareza, levando na consciência as marcas de um mau mordomo.
A Escola Superior da Avareza ainda existe e seus seguidores estão espalhados por toda parte: entre pastores, diáconos, professores da Escola Dominical, alunos, verdadeiros "Cains" que dizem: o fogo do altar também pode acender-se com os restos da minha lavoura. Esta meditação é uma advertência para que não se cometa o pecado da avareza. (JORNAL BATISTA. Rio de Janeiro, 16.09.1973).



MÁRIO RIBEIRO MARTINS - ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

CADEIRA VAZIA - FILEMON MARTINS

 



CADEIRA VAZIA

Filemon Martins



Não poucas vezes, nos dois primeiros mandatos, a cadeira destinada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, permaneceu vazia. Aliás, há muito ela estava vazia, pois tudo o que se passava ali ao redor dele, ele nada viu e pouco soube, conforme disse inúmeras vezes.

Grande parte da população brasileira, que há tempos ainda acreditava na moralidade dos políticos, vibrou com a possibilidade de ver um Brasil digno e decente, longe dos conchavos e da subserviência que caracterizaram as gestões anteriores, mas logo percebeu o engodo, a demagogia, o populismo, os escândalos e a baixaria que tomaria conta do governo Lula. É preciso compreender e manter a calma, porque ninguém aprende sem errar. Quase sempre, na vida, bater cabeça, quebrar a cara ensina melhor que várias aulas, congressos e palestras.

Modestamente, no panorama da vida política aqui no Brasil, cá de nosso canto, vamos continuar gritando, falando, escrevendo, alertando com nossa poesia, nossa crônica de protesto, de ética sem ganância, sem violência, sem subterfúgios, longe dos interesses pessoais, que cada vez mais, enlameiam os políticos brasileiros que querem se perpetuar no poder. Já estão acostumados, acomodados e são coniventes com as negociatas ilícitas que acontecem no Congresso Nacional.

Aos pobres eleitores, sempre culpados pela escolha errada, sem cultura, sem emprego, sem teto, sem-terra, sem esperança e sem justiça, pouco resta: sonham com dias melhores através de benefícios sociais ilusórios, tais como os programas BOLSA FAMÍLIA e projetos assistencialistas que os subjugam, como se fossem escravos. Escravos da propaganda enganosa do próprio governo, da justiça inoperante que absolve mensaleiros, sanguessugas, falsários e fomenta uma verdadeira quadrilha para roubar os cofres públicos.

A verdade é que o poder econômico sempre fala mais alto. A corrupção campeia pelos corredores do poder; a política brasileira está apodrecida e infectada pela falta de honestidade, pela imoralidade, pela corrupção e pela conivência dos que deveriam implementar projetos sérios em favor da sociedade brasileira, zelando pela correta aplicação do dinheiro público.

Há uma impunidade inexplicável dos Tribunais Superiores.

Enquanto isso, o “Zé povinho” contenta-se com esmolas que, certamente lhe custarão o futuro dos seus filhos, a vida, a saúde, a dignidade e a perspectiva de um País melhor, mais justo e mais humano.
Contudo, reza a lei que somos obrigados a respeitar a escolha do povo, qualquer que seja o escolhido, caberia ao partido político não permitir que fichas sujas disputem a eleição, ainda que isso nos custe presenciar em todo o mandato do eleito, as raposas no poleiro, o riso indecente e falso dos Judas que se corromperam e se venderam por algumas moedas, sem se importar com a inocência das crianças, o suor derramado dos trabalhadores para ganhar uma migalha de pão que o diabo amassou. O choro silencioso dos que acreditaram no sonho de ser feliz e sentiram o amargor da decepção e a esperança se esvaindo aos pés de políticos profissionais trambiqueiros, banqueiros, pagamento de juros aos capitalistas internacionais.

Mesmo que a cadeira continue vazia, é necessário recuperar a alegria, a esperança, o entusiasmo e a certeza de que o Brasil é um País exuberante, onde o barulho dos rios e das cachoeiras ainda nos encanta. Um País formado por um povo trabalhador, ordeiro e bom, merece governantes mais sérios e capazes. É preciso buscar, dentro de nós, uma força superior, como disse Bruce Barton: “AS GRANDES REALIZAÇÕES SÓ SÃO POSSÍVEIS POR AQUELES QUE ACREDITAM POSSUIR, DENTRO DE SI, ALGUMA FORÇA SUPERIOR ÀS CIRCUNSTÂNCIAS”.


BLEFO E BAMBURRO - ÁLVARO CASTRO


 


“BLEFO E BAMBURRO”, UM LIVRO ESCRITO POR QUEM CONHECE OS GARIMPOS DE OURO DO BRASIL.

Filemon Martins





Recebi e li “BLEFO E BAMBURRO”, que o amigo Álvaro Castro teve a gentileza de enviar-me. Fiquei encantado com o livro. Com um vocabulário adequado, Álvaro Castro descreveu o garimpo de ouro na região do rio Tapajós, de forma magistral.
E eu imaginava que sabia alguma coisa de garimpo de ouro. Com “Blefo e Bamburro”, sim. Conhecia o garimpo de serra, especificamente o garimpo de cristal de rocha, onde o garimpeiro ousado e forte vai abrindo “catras” enormes e quase não há água para batear, como se faz no caso do ouro e do diamante. É o caso, por exemplo, de Gentio do Ouro, no agreste da Bahia, que antigamente produziu bastante ouro, daí o nome da cidade.
O livro “Blefo e Bamburro” é excelente. Bem escrito e impecável. Apenas uma ressalva: o pesquisador de hoje e do futuro, ao manusear o livro, nada vai encontrar sobre o autor. Um pecado. Quem é Álvaro Castro? Onde nasceu? Onde passou a infância? Onde aprendeu as primeiras letras? O que pensa o escritor Álvaro Castro? De onde vem e para onde vai?
É preciso deixar a modéstia de lado e fazer constar nos livros essas informações. Como pesquisador, fico desapontado quando apanho um bom livro e a editora simplesmente nada informa sobre o escritor. Este fato depõe contra a editora e prejudica, por consequência, o escritor e o pesquisador do futuro.
Quanto ao livro, caro amigo, Parabéns! Com P maiúsculo. Tomara que outros leitores brasileiros descubram o seu livro e façam, como eu fiz, uma festa em casa. Fiquei mais rico de conhecimento ao receber e ler “Blefo e Bamburro”. Obrigado, de coração, amigo.

CURIOSIDADES DE ITANHAÉM

 




Curiosidades de Itanhaém: segundo o livro Itanhaém Histórica, de André Caldas, algumas celebridades conhecidas do grande público nos anos 50, 60, 70, 80 e 90 “tiveram estreitas ligações com Itanhaém. O apresentador J. Silvestre, conhecido pelo programa “O Céu é o Limite”, da TV Tupi, frequentava a cidade, em sua casa na Rua João Mariano, Centro, seu lugar preferido. O cantor Francisco Petrônio, manteve enquanto vivo uma casa no bairro Cibratel I, próximo ao Pocinho de Anchieta. No mês de abril, aniversário da cidade, trazia seu inesquecível Baile da Saudade para o Calçadão da Praça Narciso de Andrade.

Outros nomes igualmente famosos como Elias Gleiser, Décio Piccinnini e Raul Gil foram assíduos frequentadores da cidade nos anos 70”.


SINOPSE - LIVRO FAGULHAS

 




SINOPSE




FAGULHAS, novo livro de Filemon F. Martins, lançado pela SCORTECCI EDITORA-SP (2013), apresenta uma série de textos, incluindo artigos, cartas, crônicas, ensaios e algumas histórias.

Atento à realidade e com apurada percepção, o autor mergulha nos meandros da política brasileira, abordando os escândalos, as crises, as contradições de líderes políticos, enfim os fatos vividos no país nestes últimos anos.

Focaliza também, de forma inteligente, a vida e obra de alguns intelectuais brasileiros, fazendo uma viagem pelo universo da literatura.

Com esmero e um pouco de humor conta histórias curiosas e interessantes do cotidiano, trabalhando as palavras entre a ficção e o mundo real.