(FOTO DO PRIMO SANDRO, IPUPIARA, BAHIA)
AMARGURA
J. G. DE ARAÚJO JORGE
Só podes me ofertar o silêncio e a amargura,
- meu pobre coração de ti só espera a indiferença...
Perdoa o meu amor... Perdoa-me a loucura
que quem tem, como eu tenho, um coração, não pensa...
Há muito pela vida eu seguia à procura
de alguém que viesse encher de luz minha descrença...
Foi então que te vi... E julguei que a ventura
pudesse ainda encontrar nesta jornada imensa...
E foi assim que um dia eu fui sentimental...
Acreditei no amor... E, talvez por castigo
fizeste-me sofrer – mas não te quero mal...
Quem amou, fui eu só... Eu nunca fui amado!...
Mereço a minha dor, e este sofrer bendigo
na amargura cruel de me julgar culpado!
(DO LIVRO MEU CÉU INTERIOR, SETEMBRO/1934)