sexta-feira, 22 de setembro de 2023

A MORTE DO JANGADEIRO

 


A MORTE DO JANGADEIRO

Padre Antônio Tomás (1868-1941)



Ao sopro do terral abrindo a vela, 

Na esteira azul das águas arrastada,  

Segue veloz a intrépida jangada   

Entre os uivos do mar que se encapela.


Prudente, o jangadeiro se acautela   

Contra os mil acidentes da jornada.   

Fazem-lhe, entanto, guerra encarniçada   

O vento, a chuva, os raios, a procela. 


Súbito, um raio o prostra e, furioso,   

Da jangada o despeja na água escura;   

E, em brancos véus de espuma, o desditoso


Envolve e traga a onda intumescida,   

Dando-lhe, assim, mortalha e sepultura   

O mesmo mar que o pão lhe dera em vida.


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