quarta-feira, 9 de abril de 2025

A MUSA ENFERMA - CHARLES BAUDELAIRE

 




A MUSA ENFERMA

Charles Baudelaire

(1821 – 1867)



 

A morte é que consola e que nos faz viver

É o alvo desta vida e a única esperança

Que, como um elixir, nos dá fé e confiança,

E forças para andar até o anoitecer.


Em meio à tempestade e à neve a se desfazer,

E a luz que em nosso lívido horizonte avança,

E a pousada que um livro diz como se alcança,

E onde se pode descansar e adormecer.


E um arcanjo que tem nos dedos imantados

O sono eterno e o dom dos sonhos extasiados,

E arruma o leito para os nus e os desvalidos;


E dos deuses a glória e o místico celeiro

E a sacola do pobre e o seu lar verdadeiro

O pórtico que se abre aos Céus desconhecidos!


(FONTE: ALMANAQUE CHUVA DE VERSOS 364, JOSÉ FELDMAN)


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