quinta-feira, 29 de agosto de 2024

SONETO DE OLAVO BILAC

 




SONETO DE OLAVO BILAC
(UM DOS PRIMEIROS SONETOS DO POETA)

Asas ao vento abertas, a gaivota
parte, buscando a doce companheira;
roçando as plumas na azulada esteira
pousa distante, na pequena ilhota.

Ah, dos mares na amplidão ignota,
oculto pela encosta da pedreira,
tem ela o ninho pendurado à beira
da água, entre a relva que viçosa brota.

Quando a procela, nos brutais arrancos,
açoita irada do rochedo os flancos,
e os ventos uivam com fragor profundo;

Sem temor, em seu ninho, ela, quieta,
é a imagem pura da alma do poeta,
tranquila, em face das paixões do mundo.

(DO LIVRO "VIDA E POESIA DE OLAVO BILAC, DE FERNANDO JORGE)

Nenhum comentário:

Postar um comentário