SONETO DE OLAVO BILAC
(UM DOS PRIMEIROS SONETOS DO POETA)
Asas ao vento abertas, a gaivota
parte, buscando a doce companheira;
roçando as plumas na azulada esteira
pousa distante, na pequena ilhota.
Ah, dos mares na amplidão ignota,
oculto pela encosta da pedreira,
tem ela o ninho pendurado à beira
da água, entre a relva que viçosa brota.
Quando a procela, nos brutais arrancos,
açoita irada do rochedo os flancos,
e os ventos uivam com fragor profundo;
Sem temor, em seu ninho, ela, quieta,
é a imagem pura da alma do poeta,
tranquila, em face das paixões do mundo.
(DO LIVRO "VIDA E POESIA DE OLAVO BILAC, DE FERNANDO JORGE)
Nenhum comentário:
Postar um comentário