PRECE NOTURNA
Gióia Júnior
Senhor, não é por mim que não mereço nada...
Peço pela mulher estática, assombrada,
de feridas no olhar e de manchas no rosto;
pela mãe que padece o supremo desgosto;
peço pela mulher que tem calos na mão
e passa, horas sem fim, num feno de carvão,
uma roupa do filho, o seu único bem,
e que não vai dormir enquanto ele não vem.
Escuta a minha voz, nestas horas incertas,
guarda os fracos que vão pelas ruas desertas;
ó Tu que em Teu amor não morres nem Te escondes,
guarda os pobres que vão nos estribos dos bondes!
São Paulo, 7 de maio de 1948
(ORÇÕES DO COTIDIANO, VERSÃO DIGITAL ENVIADA PELO AMIGO ESCRITOR SAMMIS
REACHERS)
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