MUNICÍPIOS
DA CHAPADA DIAMANTINA
MUNICÍPIO
DE MACAÚBAS (Parte I)
Saul
Ribeiro dos Santos
INTRODUÇÃO
Macaúbas é um grande e importante
Município do Estado da Bahia. Faz parte do grupo dos Municípios históricos da
região. Este Município está situado na parte Sudoeste da Chapada Diamantina. Seu
território se estende por uma área de 2.459,10 km² e a população em 2016 foi
estimada em 50.637 habitantes. (1) Conforme informativo/2017 da ALBA –
Assembleia Legislativa da Bahia, a distância entre Macaúbas e Salvador é de 682
km.
Este Município pertence à Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco. Os primeiros habitantes, donos das terras
desta parte da Chapada Diamantina, foram os índios das tribos Tupiguás (2) e
Tapuias (3). Nos primórdios os índios habitavam preferencialmente nas regiões
costeiras e nas regiões de confluência de rios com fartura de peixes e caças.
Tupinambás (tupis-guaranis) é uma
designação genérica para os índios descendentes das tribos de língua tupi, os
quais viviam na região costeira do Brasil. O contato com os colonizadores fez
os índios perderem lentamente sua identidade cultural. Pensando na quantidade
de tribos indígenas que viviam no Brasil, em 1980 um estudante universitário do
Rio de Janeiro disse o seguinte: “Os índios eram os donos de todas as terras
do Brasil. Perderam o patrimônio porque não souberam repelir o invasor”. O
professor respondeu dizendo: não foi bem assim, pois os índios eram amistosos,
mas lutaram.
Macaúbas é um Município que desperta
interesse. No subsolo do seu território existem muitas riquezas minerais,
especialmente mármore azul, cristal-de-rocha, galena, manganês, baritas, pedra
ardósia, e outros minerais. Os moradores dizem que o governo federal tem todas
as serras mapeadas com detalhes dos minérios, porém ainda não explorados
comercialmente. O sistema hidrográfico das terras deste Município tem como
principais rios o Paramirim e o Santo Onofre, que são rios temporários, com
forte vazão d’água apenas no período chuvoso. Outrora eram rios caudalosos e
perenes. Ambos têm a foz na margem direita do Rio São Francisco.
Este Município encontra-se a uma altitude
de 690 metros acima do nível do mar. Seus moradores têm perfil hospitaleiro,
trabalhador, comunicativo, solidário e religioso. O Município possui terrenos
com vegetação típica da caatinga e do cerrado, com pequenas matas nas nascentes
e margens dos riachos. Apesar de matas pequenas, ainda são encontradas árvores
de madeira especial (madeira de lei), como pau-d’arco, jatobá, umburana,
juazeiro, angicos, diversos tipos de arbustos e várias plantas medicinais.
A árvore juazeiro é considerada pelos
sertanejos uma planta abençoada. Está sempre verde durante a maior parte do ano
e mesmo no período da seca as folhas caem, mas são renovadas com rapidez.
Possui alto teor de clorofila e serve de alimentação especial para o gado,
especialmente para as ovelhas.
Apesar de não possuir grandes florestas,
a fauna ainda exibe nos campos deste Município muitas espécies de animais. É
uma pequena amostra do que foi no passado: seriemas, pica-paus, garças, nambús,
codornizes, veados, gato-do-mato, teiús, (4) cobras, outros animais e,
raramente, onças nas grutas das serras. Possui um rebanho de gado bovino de 30
mil cabeças.
O Município faz parte do oficialmente
denominado Polígono das Secas (5). No território municipal está localizado o
Açude de Macaúbas, no Riacho Sapecado, cuja construção foi iniciada em 1932 e
concluída em 1937. A obra foi realizada pelo DNOCS – Departamento Nacional de
Obras Contra a Seca. Anos mais tarde passou para o domínio da CODEVASF –
Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco. Após a construção do
açude a lavoura da região tomou impulso e a fome que rondava os povoados foi
embora. O açude é um reservatório com capacidade para armazenar quase 20
milhões de m³ d’água, mas capta pouca água. O problema é motivado pela escassez
de chuvas.
O grande problema enfrentado pelo povo de
Macaúbas e também pela maioria dos Municípios da Chapada Diamantina é o longo
período anual de estiagem – a seca. Esse é um problema que precisa ser
considerado de forma séria e honesta pelas lideranças políticas, sem demagogia
ou promessas vazias. Percebe-se que é tempo para as lideranças políticas,
sindicais, empresariais, religiosas e outras, representantes do povo, se
reunirem sem ambição partidária, mas de forma unida e patriótica para buscarem
soluções. É tempo de planejar e buscar a preparação para o futuro.
As águas do Rio Paramirim, nasce na Serra
das Almas, no Município de Érico Cardoso, descem serras, abastecem a barragem
Zabumbão, descem por Caturama, Ibipitanga e
margeiam as terras do Município de Macaúbas, atravessam outros
Municípios e seguem em direção ao Norte por outros Municípios, até a sua
confluência com o Rio São Francisco, no Município de Morpará.
Este texto é parte integrante do livro Chapada Diamantina, em elaboração.
__________________
(1) Relatório
IBGE/Cidades/Bahia/Macaúbas. Acesso em 30/12/2016.
(2)
Tribos indígenas antigas do sertão da Bahia. Dic. Contemporâneo da
Língua Portuguesa, de Caldas Aulete, volume 5 pág. 5.138, Editora Delta S/A. –
1958. Eram índios descendentes dos tupinambás.
(3)
Antiga nação de índios do Brasil, que falava línguas diferentes dos
tupinambás. Tapuias, designação genérica dada pelos índios tupis aos índios que
habitavam no interior – os inimigos, bárbaros ou gentios. Dic. Folha de
SP/Aurélio, 1994. Eram índios mansos, mas há registros de tribos com índios
antropófagos ou canibais.
(4)
Teiú – grande lagarto. Em algumas regiões do Brasil, é um lagarto também
chamado teiú-açu. Caldas Aulete pág. 4.891
– Edit. Delta, Rio de Janeiro.
(5)
Região semi-árida do Nordeste Brasileiro e uma parte do Norte do Estado
de Minas Gerais. É uma região oficialmente considerada como exposta às
secas. A escassez de chuvas em muitas partes da região tem sido regra,
causando prejuízo aos
lavradores, aos criadores e ao abastecimento d’água potável nas cidades. O
Polígono das Secas alcança uma área de 936,9 mil km². Aproximadamente 1/3 desta
área está dentro do Estado da Bahia.
SOBRE O AUTOR:
SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro,
Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de
Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos
Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro.
Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio,
Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.
Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos
das Regiões da Chapada Diamantina e do
Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o
objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.
Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em
2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário