(EDIFÍCIO-SEDE DA PREFEITURA MUNICIPAL)
MUNICÍPIOS
DA CHAPADA DIAMANTINA
MUNICÍPIO DE BROTAS DE MACAÚBAS
Saul
Ribeiro dos Santos
INTRODUÇÃO
Brotas de Macaúbas faz parte dos Municípios históricos
do Estado da Bahia. Encontra-se localizado na parte Oeste da Chapada
Diamantina. Seu território se estende por uma área de 2.370,49 km² e a
população em 2016 foi estimada em 11.049 habitantes. (1) Conforme
informativo/2017 da ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia, a distância entre
Brotas de Macaúbas e Salvador é de 600 km.
No início do século XIX as terras desta
parte da Província da Bahia pertenciam ao
Conde da Ponte, corretor de terras autorizado pelo rei de Portugal.
(2) Pouco tempo depois foram adquiridas
pelo Sr. Inácio Alves da Silva. Em 1826 o Sr. Inácio Alves da Silva passou as
terras para o domínio da Freguesia da Paróquia de Macaúbas. (3) Inicialmente
esta Freguesia administrava uma vasta extensão de terras. Faziam parte de
Macaúbas as terras que hoje compõem os seguintes Municípios (ou parte deles), a
saber: Brotas de Macaúbas, Ipupiara, parte de Oliveira dos Brejinhos, Boquira,
Caturama, Botuporã, Tanque Novo, Riacho de Santana, e outros. (3)
No século XIX esta parte ficou conhecida
como Chapada Velha. Em meados daquele século as terras desta parte do sertão
pertenciam ao Barão Manoel Saldanha da Gama e sua esposa, a Sra. Joana da Silva
Guedes de Brito. Esta imensa parte da Capitania da Bahia foram desbravadas e
exploradas pelo capitão e sertanista por nome Romão Gramacho. Eram terras com
vales, outeiros e muitas serras. Em 1878 as terras foram desmembradas do
Município de Macaúbas. Com o passar dos anos, após ceder terras para dar origem
a outros Municípios, Brotas de Macaúbas ainda administra uma grande área
territorial. Está localizado na bacia hidrográfica do Rio São Francisco e seus
limites da parte Oeste encontram-se a uma distância aproximada de 30 km. do
rio.
O solo do território deste Município
apresenta muitas pedras. Umas mais visíveis na superfície e outras embutidas. As pedras exibem várias tonalidades e
dureza, indicando a presença de minérios em maior ou menor quantidade. Os
moradores mais idosos dizem que as serras com potencial em minérios estão
mapeadas pelo Governo Federal, podendo a qualquer momento serem exploradas por
grandes empresas.
De acordo com informações de pessoas
idosas de boa reputação e de boa memória, que se lembram das conversas e dos
relatos contados por seus pais e seus avós, afirmam que do final do século XIX
até o início do século XX os riachos do território desse Município produziram
ouro, diamantes e carbonados. O Município é produtor de cristal-de-rocha.
Agora, no início do século XXI os chineses são os maiores compradores de
cristal. Esses compradores estão presentes em todos os Municípios da Chapada
Diamantina, sempre interessados na compra de pedras preciosas, conforme a
preferência do povo chinês.
Ao percorrer as serras e vales (a parte
entre as montanhas) percebe-se que outrora as terras desta parte da Chapada
Diamantina produziram madeira-de-lei para abastecer as necessidades regionais
na construção de casas e também para a confecção de mourões para as cercas das
fazendas. Aroeira, pau-d'arco, jacarandá, baraúna, jatobá e outras árvores
nativas, todas eram encontradas com facilidade. O consumo de madeira foi
aumentando e as derrubadas das árvores também. Hoje em dia ainda são
encontradas algumas espécies de árvores nobres, mas com dificuldades. Estão
espalhadas em pontos distantes. Não houve estímulo das autoridades para que
fossem plantadas árvores em substituição às que foram cortadas.
A natureza por si só não alcançou o ritmo
do consumo de madeira. Aqui no Município, ao longo dos anos, a natureza não
conseguiu fazer prosperar a quantidade de árvores necessária para suprir o
vazio deixado por aquelas que foram cortadas. Todos sabem que o corte não
seletivo e desordenado, a escassez de chuvas e as más condições climáticas
colaboraram para a quase extinção das espécies de árvores especiais. Percebe-se
que é preciso adotar o método dos índios, isto é, deixar a mata descansar e
crescer para que a flora se desenvolva.
O Município de Brotas de Macaúbas foi
palco de muitas batalhas políticas na época do coronelismo. (4) Ostenta uma
longa história de lutas políticas, ocorridas do final do século XIX até as
primeiras três décadas do século XX. Além disso, no mesmo período, mostrou
forte influência política na região e perante o governo do Estado.
________________
(1)
Relatório IBGE/Cidades/Bahia/Brotas de Macaúbas. Acesso em 26/12/2016.
(2)
Conde da Ponte (título de nobreza) – foi durante muitos anos um título
criado por Carta Régia de 16/05/1661
assinada pelo Rei de Portugal D. Afonso VI. O objetivo era povoar e desenvolver
o território da região concedida.
(3)
Prof. Alan José Figueiredo em seu livro Paróquia de N. Sra. da Conceição
de Macaúbas, pág. 20. Gráfica e Pap. Globo.
Caitité –
BA., 2001.
(4) Coronelismo - termo que refere-se aos
coronéis do sertão. Patente criada pela Guarda Nacional no tempo do
Governo Imperial, formada em
1831. Eram nomeados com a patente de coronel homens de grande influência na
política regional.
Geralmente a patente era concedida
a fazendeiros de grande carisma e prestígio – que possuíam o dom da iniciativa,
poder econômico e notoriedade entre os
habitantes da região. Ao receber a patente, o novo coronel recebia também a
farda, a espada e as insígnias, que simbolizavam poder, privilégios e deveres.
O coronelismo foi extinto após 1930, no governo do presidente Getúlio Vargas,
com leis combatendo as oligarquias regionais. Enciclopédia Barsa, vol. 6 pág.
32 – Encycl. Britânica do Brasil Public.
Ltda. 1995.
EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Na verdade, os primeiros moradores donos
das terras desta parte da Chapada Diamantina foram os índios das tribos
tupiguás e tapuias. (1) As tribos tupis-guaranis, grandes nações de povos
indígenas, eram índios que viviam preferencialmente nas regiões costeiras do
Brasil e nas regiões de confluência de rios com fartura de peixes e caças.
Todavia, à medida que os colonizadores portugueses e seus auxiliares foram se
apossando das terras do litoral da Bahia os índios foram paulatinamente
“empurrados” para outras partes. Uma parte dessa nação indígena que deixou o
litoral migrou para o interior, alcançando as terras interioranas do sertão. A
obra do renomado professor da língua portuguesa, Francisco Caldas Aulete,
lexicógrafo e historiador, informa textualmente que os índios das tribos
tupiguás habitavam o sertão da Bahia. (1)
Conta-se que nas localidades de Minas do
Espírito Santo (que hoje pertence ao Município de Barra do Mendes) e Pintada
(que hoje pertence ao Município de Ipupiara), mas até 1958 faziam parte do
Município de Brotas de Macaúbas, na 2a. metade do século XVIII foram
construídas as duas primeiras e pequenas capelas para as rezas e festividades
religiosas nesta parte da Chapada Velha.
No ano 1825, no pequeno povoado com o
nome de Caiambola, foi edificada uma Igreja Católica. A igreja foi reformada e
ampliada por quatro vezes. A última reforma foi a construção da 2a
torre, no ângulo frontal do lado direito. Na pequena e primitiva igreja
passaram a realizar as rezas em louvor a N. Sra. das Brotas. No entorno da
igreja eram realizadas as festas religiosas. Antes da construção da igreja as
rezas eram realizadas nas casas dos devotos.
SOBRE O AUTOR
SAUL RIBEIRO DOS
SANTOS é casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel
Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro.
Autor do livro
DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos
Livros, de Feira de Santana, Bahia.
Colaborador assíduo
do Blog Literário do Filemon e trabalha no projeto do livro CHAPADA DIAMANTINA,
em elaboração.
Tenho apreciado e aprendido muito sobre a história dos Municípios da Chapada Diamantina com seus artigos!
ResponderExcluirO Saul tem sido um excelente colaborador e conhecedor profundo dos assuntos relativos à Chapada Diamantina.
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