segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

MUNICÍPIO DE BROTAS DE MACAÚBAS

 



(CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES)


                                        (EDIFÍCIO-SEDE DA PREFEITURA MUNICIPAL)


MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA

MUNICÍPIO DE BROTAS DE MACAÚBAS

                    

Saul Ribeiro dos Santos

📧saul.ribeiro1945@gmail.com

 

INTRODUÇÃO

 

     Brotas de Macaúbas faz parte dos Municípios históricos do Estado da Bahia. Encontra-se localizado na parte Oeste da Chapada Diamantina. Seu território se estende por uma área de 2.370,49 km² e a população em 2016 foi estimada em 11.049 habitantes. (1) Conforme informativo/2017 da ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia, a distância entre Brotas de Macaúbas e Salvador é de 600 km.

        No início do século XIX as terras desta parte da Província da Bahia pertenciam ao  Conde da Ponte, corretor de terras autorizado pelo rei de Portugal. (2) Pouco tempo depois  foram adquiridas pelo Sr. Inácio Alves da Silva. Em 1826 o Sr. Inácio Alves da Silva passou as terras para o domínio da Freguesia da Paróquia de Macaúbas. (3) Inicialmente esta Freguesia administrava uma vasta extensão de terras. Faziam parte de Macaúbas as terras que hoje compõem os seguintes Municípios (ou parte deles), a saber: Brotas de Macaúbas, Ipupiara, parte de Oliveira dos Brejinhos, Boquira, Caturama, Botuporã, Tanque Novo, Riacho de Santana, e outros. (3)

      No século XIX esta parte ficou conhecida como Chapada Velha. Em meados daquele século as terras desta parte do sertão pertenciam ao Barão Manoel Saldanha da Gama e sua esposa, a Sra. Joana da Silva Guedes de Brito. Esta imensa parte da Capitania da Bahia foram desbravadas e exploradas pelo capitão e sertanista por nome Romão Gramacho. Eram terras com vales, outeiros e muitas serras. Em 1878 as terras foram desmembradas do Município de Macaúbas. Com o passar dos anos, após ceder terras para dar origem a outros Municípios, Brotas de Macaúbas ainda administra uma grande área territorial. Está localizado na bacia hidrográfica do Rio São Francisco e seus limites da parte Oeste encontram-se a uma distância aproximada de 30 km. do rio.

      O solo do território deste Município apresenta muitas pedras. Umas mais visíveis na superfície e outras embutidas. As pedras exibem várias tonalidades e dureza, indicando a presença de minérios em maior ou menor quantidade. Os moradores mais idosos dizem que as serras com potencial em minérios estão mapeadas pelo Governo Federal, podendo a qualquer momento serem exploradas por grandes empresas.

      De acordo com informações de pessoas idosas de boa reputação e de boa memória, que se lembram das conversas e dos relatos contados por seus pais e seus avós, afirmam que do final do século XIX até o início do século XX os riachos do território desse Município produziram ouro, diamantes e carbonados. O Município é produtor de cristal-de-rocha. Agora, no início do século XXI os chineses são os maiores compradores de cristal. Esses compradores estão presentes em todos os Municípios da Chapada Diamantina, sempre interessados na compra de pedras preciosas, conforme a preferência do povo chinês.

       Ao percorrer as serras e vales (a parte entre as montanhas) percebe-se que outrora as terras desta parte da Chapada Diamantina produziram madeira-de-lei para abastecer as necessidades regionais na construção de casas e também para a confecção de mourões para as cercas das fazendas. Aroeira, pau-d'arco, jacarandá, baraúna, jatobá e outras árvores nativas, todas eram encontradas com facilidade. O consumo de madeira foi aumentando e as derrubadas das árvores também. Hoje em dia ainda são encontradas algumas espécies de árvores nobres, mas com dificuldades. Estão espalhadas em pontos distantes. Não houve estímulo das autoridades para que fossem plantadas árvores em substituição às que foram cortadas.

      A natureza por si só não alcançou o ritmo do consumo de madeira. Aqui no Município, ao longo dos anos, a natureza não conseguiu fazer prosperar a quantidade de árvores necessária para suprir o vazio deixado por aquelas que foram cortadas. Todos sabem que o corte não seletivo e desordenado, a escassez de chuvas e as más condições climáticas colaboraram para a quase extinção das espécies de árvores especiais. Percebe-se que é preciso adotar o método dos índios, isto é, deixar a mata descansar e crescer para que a flora se desenvolva.

       O Município de Brotas de Macaúbas foi palco de muitas batalhas políticas na época do coronelismo. (4) Ostenta uma longa história de lutas políticas, ocorridas do final do século XIX até as primeiras três décadas do século XX. Além disso, no mesmo período, mostrou forte influência política na região e perante o governo do Estado.

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  (1)   Relatório IBGE/Cidades/Bahia/Brotas de Macaúbas. Acesso em 26/12/2016.

  (2)   Conde da Ponte (título de nobreza) – foi durante muitos anos um título criado por Carta  Régia de 16/05/1661 assinada pelo Rei de Portugal D. Afonso VI. O objetivo era povoar e desenvolver o território da região concedida.

  (3)  Prof. Alan José Figueiredo em seu livro Paróquia de N. Sra. da Conceição de Macaúbas, pág. 20. Gráfica e Pap. Globo.

Caitité – BA., 2001.

  (4) Coronelismo - termo que refere-se aos coronéis do sertão. Patente criada pela Guarda Nacional no tempo do Governo           Imperial, formada em 1831. Eram nomeados com a patente de coronel homens de grande influência na política regional.

            Geralmente a patente era concedida a fazendeiros de grande carisma e prestígio – que possuíam o dom da iniciativa, poder  econômico e notoriedade entre os habitantes da região. Ao receber a patente, o novo coronel recebia também a farda, a espada e as insígnias, que simbolizavam poder, privilégios e deveres. O coronelismo foi extinto após 1930, no governo do presidente Getúlio Vargas, com leis combatendo as oligarquias regionais. Enciclopédia Barsa, vol. 6 pág. 32 –  Encycl. Britânica do Brasil Public. Ltda. 1995.


EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

         A história do Município tem origem na 2ª metade do século XVIII, quando chegaram os primeiros exploradores, homens corajosos e interessados em descobrir minas de ouro, diamantes e outras pedras preciosas, mas não demoraram. Muitos anos mais tarde chegaram pessoas importantes com o desejo de explorar as serras e riachos à procura de riquezas minerais. Fixaram residência nesta parte de montanhas.

      Na verdade, os primeiros moradores donos das terras desta parte da Chapada Diamantina foram os índios das tribos tupiguás e tapuias. (1) As tribos tupis-guaranis, grandes nações de povos indígenas, eram índios que viviam preferencialmente nas regiões costeiras do Brasil e nas regiões de confluência de rios com fartura de peixes e caças. Todavia, à medida que os colonizadores portugueses e seus auxiliares foram se apossando das terras do litoral da Bahia os índios foram paulatinamente “empurrados” para outras partes. Uma parte dessa nação indígena que deixou o litoral migrou para o interior, alcançando as terras interioranas do sertão. A obra do renomado professor da língua portuguesa, Francisco Caldas Aulete, lexicógrafo e historiador, informa textualmente que os índios das tribos tupiguás habitavam o sertão da Bahia. (1)

        Tapuia – designação genérica dada pelos Tupis aos índios considerados inimigos e com troncos linguísticos diferentes. Os índios tapuias eram considerados como sendo índios mansos, mas há registros de índios canibais. Em muitas grutas nas serras existentes aqui neste Município são encontradas marcas rupestres, informando sobre antigos povos  indígenas que viviam nesta parte do interior. Com o passar dos anos houve aculturação, adaptação, integração das culturas e do modo de vida. A flora e a fauna apresentavam exuberância, em condições ideais, do jeito e preferência dos índios.

    Conta-se que nas localidades de Minas do Espírito Santo (que hoje pertence ao Município de Barra do Mendes) e Pintada (que hoje pertence ao Município de Ipupiara), mas até 1958 faziam parte do Município de Brotas de Macaúbas, na 2a. metade do século XVIII foram construídas as duas primeiras e pequenas capelas para as rezas e festividades religiosas nesta parte da Chapada Velha.

         No ano 1825, no pequeno povoado com o nome de Caiambola, foi edificada uma Igreja Católica. A igreja foi reformada e ampliada por quatro vezes. A última reforma foi a construção da 2a torre, no ângulo frontal do lado direito. Na pequena e primitiva igreja passaram a realizar as rezas em louvor a N. Sra. das Brotas. No entorno da igreja eram realizadas as festas religiosas. Antes da construção da igreja as rezas eram realizadas nas casas dos devotos.

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 Este texto é parte integrante do esboço do livro Chapada Diamantina, em elaboração.

    (1)      Índios Tupiguás e Tapuias – índios do interior. Enciclopédia Universo, vol. VI pág. 2.736 – Editora Delta e Editora Três – 1973; Caldas Aulete – Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, vol. V págs. 4.864 e 5.138, Editora Delta 1958.



SOBRE O AUTOR

SAUL RIBEIRO DOS SANTOS é casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro.

Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.

Colaborador assíduo do Blog Literário do Filemon e trabalha no projeto do livro CHAPADA DIAMANTINA, em elaboração.

 


2 comentários:

  1. Tenho apreciado e aprendido muito sobre a história dos Municípios da Chapada Diamantina com seus artigos!

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    1. O Saul tem sido um excelente colaborador e conhecedor profundo dos assuntos relativos à Chapada Diamantina.

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