quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

CANTO DO CISNE

 



CANTO DO CISNE (Joana Camandaroba)

Mário Ribeiro Martins*




“O ÚLTIMO CANTO DO CISNE”, de Joana Camandaroba (Utinga, Ba, 14.06.1914) é de uma preciosidade sem tamanho. Lá da distante cidade da Barra, na Bahia, às margens do Rio São Francisco, o livro me veio às mãos através da instrumentalidade do casal de empresários Adão Ramos Costa Filho e Carla.

O livro faz jus à significação cultural e também à importância da cidade da Barra, na Bahia. Na verdade, Barra era uma cidade tão importante do ponto vista educacional e estratégico que os missionários americanos que mantinham o Instituto Batista Industrial de Corrente, no sul do Piauí, vinham de avião buscar suas correspondências, na Caixa Postal 2, no Correio da cidade da Barra. É que todos os vapores da VIAÇÃO BAIANA e da VIAÇÃO MINEIRA por ali passavam, deixando suas cargas, procedentes de Juazeiro (BA) ou de Pirapora (MG). As de Juazeiro já vinham de Salvador, do Norte e Nordeste. As de Pirapora já vinham de São Paulo, Rio de Janeiro, Sul e Sudeste.

A tradição educacional de Barra era tão forte que os antigos diziam: “marido na cidade da Barra não tem nome. É sempre chamado o marido da professora”. E explicavam: “todas as moças da Barra são formadas normalistas. Os rapazes quando se casam, unem-se com uma professora e passam a ser denominados marido da professora”.

Feita esta digressão, só para mostrar a importância da cidade da Barra, voltemos ao livro de Joana Camandaroba. São 373 páginas, publicação da EGBA (Empresa Gráfica da Bahia), em Salvador. As notas de orelha são do Frei Luiz Flávio Cappio, Bispo Diocesano de Barra e o prefácio de Humberto Araújo.

Para escrever o seu livro, a Professora Joana Camandaroba fez um “tour” pelas cidades que, se não estão às margens do Rio São Francisco, estão, no entanto, em alguns afluentes do Velho Chico.

E começa o percurso no dia 21.01.2001 (com 87 anos de idade), pela cidade de Barreiras, Bahia, às margens do Rio Grande, afluente do São Francisco. Depois de uma peregrinação pela aconchegante cidade, entrevista figuras ilustres e faz anotações preciosas sobre a quase capital da soja, desde o tempo em que, no dia 20.03.1940, tornara-se Diretora da Escola Dr. Costa Borges.

Prossegue sua viagem por Ibotirama (Bom Jardim), Paratinga (Urubu), Bom Jesus da Lapa, Agrovilas, Carinhanha, Santa Maria da Vitória, Correntina, Santana, Xique-Xique, Casa Nova, Remanso, Sento Sé, Juazeiro, Petrolina e Pilão Arcado, tendo terminado esta viagem em 13.12.2001.

Em cada uma destas cidades, faz um levantamento histórico, cultural, político e econômico da melhor qualidade, focalizando aspectos pouco conhecidos de seus habitantes atuais. Dá gosto ler o livro da Professora Joana Camandaroba. Foi neste livro, por exemplo, que o autor destas notas descobriu que o pai do famoso jurista Fernando da Costa Tourinho Filho, foi Juiz de Direito da Comarca de Xique-Xique, na Bahia, nos idos de 1914 e 1915.

Ela relembra nomes extraordinários: DJALMA ALVES BESSA (de Xique-Xique, Ba, 08.10.1923) - Promotor de Justiça, Deputado Federal, Senador da República. CARLOS FERNANDO FILGUEIRAS DE MAGALHÃES (de Paratinga, Ba, 17.10.1959)- Médico, Escritor, Professor da Universidade Federal de Goiás). HUMBERTO ARAÚJO (de Formosa do Rio Preto, Ba, 1934)- Escritor, Promotor de Justiça. JOÃO LUIS CAMANDAROBA (Barra, Ba, 12.10.1932)- Médico, Pecuarista.

Como se não bastasse, o seu livro apresenta o capítulo HISTÓRIA POLÍTICA E LITERÁRIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Só este capitulo, pela sua preciosidade, justificaria a importância do livro. Não é todo dia que se encontra uma mulher com seus 89 (oitenta e nove) anos de idade, escrevendo com tanta lucidez. Se Antonio Loureiro de Souza, da Academia de Letras da Bahia, a tivesse conhecido antes, certamente a teria incluído em seu livro BAIANOS ILUSTRES, publicado em 1979, pelo Instituto Nacional do Livro, como uma homenagem à ilustre família CAMANDAROBA.

Embora em seu livro, ela descreva dezenas de “Camandarobas”, este nome é raríssimo. O DICIONÁRIO DE FAMÍLIAS BRASILEIRAS, por exemplo, com 4 (quatro) volumes gigantes, não traz nenhuma família com o nome CAMANDAROBA, o mesmo ocorrendo com dezenas de dicionários especializados, assim como livros diversos consultados por este autor. Nem mesmo o famoso DICIONÁRIO HISTÓRICO-BIOGRÁFICO BRASILEIRO (2001), da Fundação Getúlio Vargas traz algum Camandaroba. Portanto, até o momento (09.12.2005), o único livro em que este autor encontrou qualquer CAMANDAROBA é no livro O ÚLTIMO CANTO DO CISNE. Mas, se você encontrou algum “Camandaroba” em outro livro, mande-me a notícia pelo e-mail mariormartins@hotmail.com


Joana Camandaroba é verbete do DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO REGIONAL DO BRASIL, LETRA J, via INTERNET, de Mário Ribeiro Martins, no site www.mariomartins.com.br

*Mário Ribeiro Martins era Procurador de Justiça e Escritor.

2 comentários:

  1. Deslumbrante está sua resenha. Me deu até vontade de ler o livro. É adorável e principalmente muito útil livros que traz histórias de sua gente. Admirável. Amei.

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  2. Obrigado poetisa. Aproveito para lembrar que o Blog está à sua disposição. Que tal um texto sobre o Natal?

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