sexta-feira, 20 de outubro de 2023

SOLIDÃO - POEMA DE GLÓRIA GUEDES

 



SOLIDÃO

Glória Guedes Di Paizzin


Solidão não é a decrepitude no espelho.

É um estado de escuta, de escrita. 

É o desprezar do olhar alheio.

É entrar em contato consigo de forma absoluta.

Só se envelhece por fora.

Nunca por inteiro.

Solidão é o mover-se em sua dança.

É estar atenta a essa visceralidade.

É tocar suas vontades.

A solidão é mutante, é criadora.

É excitante.

Vaidades vão ficando no escanteio.

Solidão é o abrir do portal dos sonhos.

Hilários, medonhos.

Contudo são seus.

Plante uma árvore, é tempo.

A ansiedade vai amortecendo, 

serenando, decantando silêncios.

Solidão é o desentender como suas falas.

É compreender e acalmá-las.

Onde há decrepitude, não é falta de juventude.

Posto que é só externa.

Solidão é possibilidade de atitudes.

É privilégio de poucos.

É poço da juventude eterna.


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