SOLIDÃO
Glória Guedes Di Paizzin
Solidão não é a decrepitude no espelho.
É um estado de escuta, de escrita.
É o desprezar do olhar alheio.
É entrar em contato consigo de forma absoluta.
Só se envelhece por fora.
Nunca por inteiro.
Solidão é o mover-se em sua dança.
É estar atenta a essa visceralidade.
É tocar suas vontades.
A solidão é mutante, é criadora.
É excitante.
Vaidades vão ficando no escanteio.
Solidão é o abrir do portal dos sonhos.
Hilários, medonhos.
Contudo são seus.
Plante uma árvore, é tempo.
A ansiedade vai amortecendo,
serenando, decantando silêncios.
Solidão é o desentender como suas falas.
É compreender e acalmá-las.
Onde há decrepitude, não é falta de juventude.
Posto que é só externa.
Solidão é possibilidade de atitudes.
É privilégio de poucos.
É poço da juventude eterna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário