O VOADOR
Olavo Bilac
Em Toledo. Lá fora, a vida tumultua
e canta. A multidão em festa se atropela...
E o pobre que o suor da agonia enregela,
cuida o seu nome ouvir na aclamação da rua.
Agoniza o Voador. Piedosamente a lua
vem velar-lhe a agonia, através da janela...
A febre, o sonho, a glória enchem a escura cela,
e entre as névoas da morte uma visão flutua:
¨Voar! Varrer o céu com as asas poderosas,
sobre as nuvens! correr o mar das nebulosas,
os continentes de ouro e fogo da amplidão!... "
E o pranto do luar cai sobre o catre imundo...
E em farrapos, sozinho, arqueja moribundo
Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão...
(LIVRO " GRANDES SONETOS DA NOSSA LÍNGUA" , PÁGINA 78)
Nenhum comentário:
Postar um comentário