quarta-feira, 30 de agosto de 2023

A CRUZ - BASTOS TIGRE (RECIFE - 1882 - RIO DE JANEIRO - 1957)

 



A CRUZ

Bastos Tigre (1882/1957)


Era o instrumento vil de suplício infamante.

Condenava-se à cruz o assassino, o ladrão.

Mas ia ter Jesus o atro martírio, diante

Do crime de pregar do Templo a destruição.


Ele próprio a transporta ao Calvário distante

E à medida que vai, pelos calhaus do chão

Arrastando-a, a sangrar, - o madeiro aviltante

Faz-se leve, transluz, num eterno clarão.

 

E quando nele, enfim, abre os braços Jesus,

O corpo do Homem-Deus toma a forma da cruz

Desde a cabeça aos pés, e duma à outra mão.


Desse instante e, a seguir, pelo tempo infinito

O instrumento de morte, oprobrioso e maldito,

Com Jesus se confunde; e é Vida e é Redenção.  

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