domingo, 28 de maio de 2023

CONFLITO DE GERAÇÕES

 


CONFLITO DE GERAÇÕES

Mário Ribeiro Martins (07/08/1943 a 18/03/2016)


A história jamais resolverá o conflito entre a juventude e a velhice. Não é que a juventude seja inevitavelmente inimiga da velhice. O fato é que o ponteiro de equilíbrio entre as duas gerações tem estado em direção da juventude. Constituindo a maioria populacional, os jovens, como não poderia deixar de ser, brilham mais intensamente.

Daí o uso de expressões, como ¨o mundo é dos jovens¨. Isto, porém, não dá o direito de negar à velhice grandes realizações em todos os tempos.

Haendel compôs sua obra prima, o famoso ¨O Messias¨, quando já possuía 55 anos de idade, embora tivesse produzido uma coleção de sonatas com 10 anos, apenas. A melhor bagagem literária de Vitor Hugo foi produzida na idade provecta. Com 84 anos, Gladstone ainda governou a Inglaterra com pulso firme.

A Segunda Guerra Mundial teve expoentes idosos, tais como, Winston Churchill e Franklin Roosevelt. Charles De Gaulle, com 80 anos, ainda conseguiu governar a França. Salazar deixou o governo de Portugal com idade bem avançada, Eurico Gaspar Dutra, com idade bastante acentuada, era considerado um dos melhores conselheiros políticos no Brasil.

Há, por outro lado, milhares de realizações notáveis oriundas da juventude. Mozart escreveu sua primeira ópera com 12 anos, sendo que com 4 anos de idade compôs melodias. Galileu tinha 18 anos quando descobriu o isocronismo das oscilações do pêndulo. Henrique de Navarra tornou-se chefe dos huguenotes com 16 anos.

De Quincey, com 11 anos, dominava o grego e o latim. Pascal inventou uma máquina de calcular com 18 anos. Com 20 anos Lafayette chegou a general, chefe do exército francês. ¨A juventude, porém, não é tudo¨, como dizia o dramaturgo Eugene O'Neill.

 A sociedade humana compõe-se de gerações, que alimentam e enriquecem o organismo social, e por isso seria arbitrário tentar ressaltar os defeitos ou qualidades de qualquer uma delas. 

A verdade, no entanto, é que como resultado da pouca exigência aos adolescentes (a não ser que frequentem a escola), o sentido de responsabilidade da juventude diminuiu e seu senso crítico cristalizou-se na condenação em massa dos adultos, de quem poderia ganhar a experiência tão necessária à maturidade e essencial  para uma visão global do universo. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, Recife, 06/08/1974). 


(LIVRO CONFLITO DE GERAÇÕES E OUTRAS PROVOCAÇÕES-Páginas 23/24)

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