sexta-feira, 14 de novembro de 2025

REMORSO - OLAVO BILAC

 



  REMORSO
                      Olavo Bilac (1865-1918)

Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando,
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei, calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!

Sinto o que esperdicei na juventude,
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude.

Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!

(Do livro "VIDA E POESIA DE OLAVO BILAC", página 284, de FERNANDO JORGE)

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