A DECISÃO DE FREDERICK
CHARLES GLASS
A história de um
jovem inglês que veio para o Brasil trabalhar na construção de estradas de
ferro e em empresas mineradoras.
O BRASIL, desde meados do
século XVI até o final do século XIX, apesar de ser uma nação potencialmente
rica com abundantes reservas minerais, matas exuberantes com muitas árvores
nativas para a produção de madeira de lei, com grandes e caudalosos rios
demonstrando riqueza hídrica e pesca, possuindo uma longa costa marítima, era
uma nação politicamente independente, mas continuava sendo uma nação pobre e
dependente das nações ricas e desenvolvidas.
Naqueles anos aqui
predominava o trabalho baseado na mão de obra escrava, especialmente nas
fazendas com lavouras de cana-de-açúcar e café. De igual modo prevalecia o
trabalho escravo nos garimpos e em outras atividades. Os produtos
industrializados vinham da Europa. Nossos principais fornecedores eram a
Inglaterra, França e Alemanha.
As poucas estradas de
ferro existentes eram construídas e controladas pela Inglaterra. Muitas minas
de ouro e outros minérios, quase tudo era construído e explorado por empresas
inglesas. A estrada de ferro ligando Santos e Jundiaí a São Paulo foi construída
pelos ingleses. A estrada de ferro foi inaugurada com o nome de São Paulo
Railways. Durante o período dos anos do Brasil colônia e do Brasil império,
até a data da primeira constituição republicana o Brasil adotou e apoiou a
Igreja Católica Romana como religião oficial. Com a promulgação da constituição
republicana, legalmente o Brasil passou a ser um país laico.
Corria o ano de 1892 e uma
empresa inglesa foi contratada para construir uma ferrovia ligando o interior
de Minas Gerais, local dos minérios ao Rio de Janeiro, que naquele era a
capital federal ou Distrito Federal. Naquele tempo (como acontece ainda hoje),
o Brasil tinha carência de mão de obra especializada para ocupar postos-chaves
nas construtoras de ferrovias ou nas empresas mineradoras. A construtora foi
contratar seus empregados especializados na Inglaterra, onde tinha a sua
matriz.
Com a notícia da
contratação de empregados para o Brasil, o jovem Frederick enxergou uma
oportunidade. A empresa contratava empregados pelo prazo de dois ou quatro anos
e com bons salários, conforme a função. Frederick, o jovem profissional foi
contratado. Além dele a empresa trouxe engenheiros, mecânicos, ferramenteiros e
outros profissionais graduados. Quando embarcaram no navio movido a vapor (alta
tecnologia para aquele tempo) tendo como destino o Brasil, o jovem
Frederick tinha 21 anos de idade.
O navio aportou no Rio de
Janeiro. Após desembarcar, o jovem começou a enfrentar problemas com
autoridades. Foi acusado de sedição ou revolta. Talvez alguém, por inveja,
tenha criado dificuldades para o jovem. Provavelmente a sua idade, o seu modo
de falar e o seu grau de instrução causaram inveja. Parece que desejavam vê-lo
desorientado e fora do emprego.
Mediante falsa acusação o
jovem recebeu voz de prisão e foi parar na cadeia. A Cadeia nunca foi e jamais
será um bom lugar. Na prisão ele experimentou o local e a vida repugnante no
meio de homens bandidos e os “fora-da-lei”. Naquele momento a má impressão que
ele teve do Brasil quando o empurraram para o cárcere foi tão forte que começou
a passar por sua cabeça a ideia de deixar o Brasil, tão logo saísse da prisão,
cancelar o contrato de trabalho e voltar para a sua terra no primeiro navio.
Felizmente as autoridades
foram ver o processo de acusação e perceberam que todas as acusações eram
falsas. O engano foi desfeito e ele ganhou a liberdade na manhã do dia
seguinte. As autoridades perceberam que tinham sido enganadas. Libertaram o
jovem recém-chegado ao Brasil, mas sem a mínima cerimônia, sem um pedido de
desculpas, sem nada.
Como o jovem Frederick era
uma pessoa de caráter nobre, decidiu não levar o caso adiante. Ele poderia ter
levado o caso ao conhecimento da embaixada da Inglaterra, que sempre foi uma
nação respeitada política e militarmente pelas demais nações do mundo. A
Inglaterra sempre ajudou o Brasil em diversas ocasiões. Entretanto o espírito
perdoador do jovem fez com que ele esquecesse do incidente da prisão.
O jovem Frederick tomou a
firme e importante decisão de permanecer no Brasil. Com essa decisão a nossa
pátria foi beneficiada. Após essa decisão Frederick foi trabalhar na empresa
que o contratou. Pouco tempo foi trabalhar numa empresa inglesa que operava nas
minas de ouro na região de Morro Velho. Nessa empresa foi trabalhar como
“oficial de experiências”, onde purificava ouro.
O novo emprego lhe trouxe
bons resultados financeiros e boas perspectivas profissionais. Ele continuou no
Brasil e se tornou um grande missionário, principalmente nos estados de Minas
Gerais e Espírito Santo. Frederick Charles Glass foi um grande distribuidor de Bíblias
em várias partes do Brasil. Ele admirava e falava para muitas pessoas ou grupos
de famílias com muitas pessoas reunidas no trecho da Bíblia onde fala sobre o
encontro de Felipe com o alto funcionário da rainha da Etiópia. O livro de Atos
relata essa história no capítulo 8, do versículo 26 a 40 e começa assim:
“E o anjo do Senhor
falou a Felipe dizendo: levanta-te e vai para as bandas do Sul, ao caminho que
desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto. Felipe levantou-se e foi ...”
Saul Ribeiro dos Santos
Cont. e economista
aposentado
Natural de Ipupiara – BA.
saul.ribeiro1945@gmail.com


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