domingo, 14 de setembro de 2025

A DECISÃO DE FREDERICK CHARLES GLASS - SAUL RIBEIRO DOS SANTOS

 

 

A DECISÃO DE FREDERICK CHARLES GLASS




A história de um jovem inglês que veio para o Brasil trabalhar na construção de estradas de ferro e em empresas mineradoras.

 

O BRASIL, desde meados do século XVI até o final do século XIX, apesar de ser uma nação potencialmente rica com abundantes reservas minerais, matas exuberantes com muitas árvores nativas para a produção de madeira de lei, com grandes e caudalosos rios demonstrando riqueza hídrica e pesca, possuindo uma longa costa marítima, era uma nação politicamente independente, mas continuava sendo uma nação pobre e dependente das nações ricas e desenvolvidas.

Naqueles anos aqui predominava o trabalho baseado na mão de obra escrava, especialmente nas fazendas com lavouras de cana-de-açúcar e café. De igual modo prevalecia o trabalho escravo nos garimpos e em outras atividades. Os produtos industrializados vinham da Europa. Nossos principais fornecedores eram a Inglaterra, França e Alemanha.

As poucas estradas de ferro existentes eram construídas e controladas pela Inglaterra. Muitas minas de ouro e outros minérios, quase tudo era construído e explorado por empresas inglesas. A estrada de ferro ligando Santos e Jundiaí a São Paulo foi construída pelos ingleses. A estrada de ferro foi inaugurada com o nome de São Paulo Railways. Durante o período dos anos do Brasil colônia e do Brasil império, até a data da primeira constituição republicana o Brasil adotou e apoiou a Igreja Católica Romana como religião oficial. Com a promulgação da constituição republicana, legalmente o Brasil passou a ser um país laico.

Corria o ano de 1892 e uma empresa inglesa foi contratada para construir uma ferrovia ligando o interior de Minas Gerais, local dos minérios ao Rio de Janeiro, que naquele era a capital federal ou Distrito Federal. Naquele tempo (como acontece ainda hoje), o Brasil tinha carência de mão de obra especializada para ocupar postos-chaves nas construtoras de ferrovias ou nas empresas mineradoras. A construtora foi contratar seus empregados especializados na Inglaterra, onde tinha a sua matriz.

Com a notícia da contratação de empregados para o Brasil, o jovem Frederick enxergou uma oportunidade. A empresa contratava empregados pelo prazo de dois ou quatro anos e com bons salários, conforme a função. Frederick, o jovem profissional foi contratado. Além dele a empresa trouxe engenheiros, mecânicos, ferramenteiros e outros profissionais graduados. Quando embarcaram no navio movido a vapor (alta tecnologia para aquele tempo) tendo como destino o Brasil, o jovem Frederick tinha 21 anos de idade. 

O navio aportou no Rio de Janeiro. Após desembarcar, o jovem começou a enfrentar problemas com autoridades. Foi acusado de sedição ou revolta. Talvez alguém, por inveja, tenha criado dificuldades para o jovem. Provavelmente a sua idade, o seu modo de falar e o seu grau de instrução causaram inveja. Parece que desejavam vê-lo desorientado e fora do emprego.

Mediante falsa acusação o jovem recebeu voz de prisão e foi parar na cadeia. A Cadeia nunca foi e jamais será um bom lugar. Na prisão ele experimentou o local e a vida repugnante no meio de homens bandidos e os “fora-da-lei”. Naquele momento a má impressão que ele teve do Brasil quando o empurraram para o cárcere foi tão forte que começou a passar por sua cabeça a ideia de deixar o Brasil, tão logo saísse da prisão, cancelar o contrato de trabalho e voltar para a sua terra no primeiro navio.

Felizmente as autoridades foram ver o processo de acusação e perceberam que todas as acusações eram falsas. O engano foi desfeito e ele ganhou a liberdade na manhã do dia seguinte. As autoridades perceberam que tinham sido enganadas. Libertaram o jovem recém-chegado ao Brasil, mas sem a mínima cerimônia, sem um pedido de desculpas, sem nada.

Como o jovem Frederick era uma pessoa de caráter nobre, decidiu não levar o caso adiante. Ele poderia ter levado o caso ao conhecimento da embaixada da Inglaterra, que sempre foi uma nação respeitada política e militarmente pelas demais nações do mundo. A Inglaterra sempre ajudou o Brasil em diversas ocasiões. Entretanto o espírito perdoador do jovem fez com que ele esquecesse do incidente da prisão.

O jovem Frederick tomou a firme e importante decisão de permanecer no Brasil. Com essa decisão a nossa pátria foi beneficiada. Após essa decisão Frederick foi trabalhar na empresa que o contratou. Pouco tempo foi trabalhar numa empresa inglesa que operava nas minas de ouro na região de Morro Velho. Nessa empresa foi trabalhar como “oficial de experiências”, onde purificava ouro.

O novo emprego lhe trouxe bons resultados financeiros e boas perspectivas profissionais. Ele continuou no Brasil e se tornou um grande missionário, principalmente nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Frederick Charles Glass foi um grande distribuidor de Bíblias em várias partes do Brasil. Ele admirava e falava para muitas pessoas ou grupos de famílias com muitas pessoas reunidas no trecho da Bíblia onde fala sobre o encontro de Felipe com o alto funcionário da rainha da Etiópia. O livro de Atos relata essa história no capítulo 8, do versículo 26 a 40 e começa assim:

E o anjo do Senhor falou a Felipe dizendo: levanta-te e vai para as bandas do Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto. Felipe levantou-se e foi ...”

 



Saul Ribeiro dos Santos

Cont. e economista aposentado

Natural de Ipupiara – BA.

saul.ribeiro1945@gmail.com



 


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