segunda-feira, 2 de junho de 2025

SONETO DA DEPRESSÃO - MIGUEL RUSSOWSKY

 



 

SONETO DA DEPRESSÃO

Miguel Russowsky

 

Envelheço. Estou só. Colho as cinzas do outono.

Vou deixar ao morrer, uma herança nefasta

De assíduas negações. Nasci iconoclasta.

Tenho sombras no olhar e nelas me aprisiono.

 

Desandar... padecer... sucumbir... relaciono

Como regra a cumprir nesta vida madrasta.

Ela vem me avisar que meu corpo se arrasta

Para um torvo final de fraqueza e abandono.

 

Mal ou bem?... Tanto faz. Sou inerte à disputa

E não tomo partido. Em qualquer patamar

É a carga de gens que modula a conduta.

 

Ilusões?... Não as tenho. Eu não vim por prazer

Ao satélite azul do sistema solar:

(Pois ninguém perguntou se eu queria nascer).

 

(“CANTARES DE UM VULCÃO QUASE 

EXTINTO”, PÁGINA 46)


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