terça-feira, 3 de junho de 2025

A FILOSOFIA E SUA CONSCIÊNCIA CRESCENTE - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 





A FILOSOFIA E SUA
CONSCIÊNCIA CRESCENTE.

Mário Ribeiro Martins*


(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO, AÉEM DA FONTE).



O homem procura conhecer o mundo e a si próprio, com o saber filosófico, daí o desdobramento natural da filosofia em uma dialética da natureza e uma dialética do espírito. A filosofia é uma consciência crescente. Ela reflete o estudo do crescimento da consciência através da história. A natureza humana tem uma racionalidade progressiva. A razão é ascensional e reflete o mito da lenda grega.
As diversas fases da consciência no seu desenvolvimento natural e histórico são manifestadas vivamente pelos sistemas filosóficos, daí por que a história da filosofia é o labor permanente do pensamento para conquistar a consciência de si próprio. Dir-se-ia que na madrugada filosófica o homem tem consciência obscura e sentimental de si mesmo, mas logo desabrocha até a sua plena floração: O homem se descobre e chega à conclusão de que a filosofia é a atividade permanente do espírito humano.
Hegel, apesar do espólio de sua metafísica herética, declara muito sabiamente: "A filosofia nada tem de sonambulismo, mas é, pelo contrário, a mais vigilante das consciências. Discutindo, interpretando, ajuizando, valorando, mas não divagando em pura imaginação, a filosofia procura explicar o mundo e o espírito. Baseada nos dados da experiência cultural da época e da sociedade com que os metafísicos e filósofos construíram os seus sistemas, a filosofia faz uma reflexão pura.
O processo de crescimento da consciência reflete a atividade filosófica. É esta atividade que interpreta o pensamento que o homem faz de si mesmo e do mundo. Seria a atividade filosófica inútil? Seria a reflexão filosófica um ócio e um lazer desproveitoso para o processo do homem e da civilização?
O grande instrumento da emancipação do homem e que consagra sua libertação é a filosofia. É por isso que o filósofo tem uma visão sintética e compreensiva do mundo, enquanto a discussão e a crítica ajudam a compreender a realidade, o devenido e o devenir, levando em conta o pensamento e suas determinações, o pensamento e o ser, até o espírito tomar consciência de si próprio, daí a afirmativa de Karl Marx: "A filosofia é o cérebro da emancipação do homem".
O homem se emancipa e se liberta através da filosofia como uma atividade permanente do espírito humano, compreende ele o universo racionalmente e nesta racionalidade progressiva está o seu devenir. Djacir Meneses, em MONDOLFO E AS INTERROGAÇÕES DO NOSSO TEMPO, diz sobre o ensino da filosofia: "É despertar o sonolento de sua sonolência para adverti-lo sobre o Universo e suas relações essenciais".
Dir-se-ia, portanto, que a filosofia é o ensino do homem a pensar e a emancipar-se, compreender-se a si mesmo e ao mundo. (JORNAL DO COMMERCIO. Recife, 03.10.1972).



MÁRIO RIBEIRO MARTINS-ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

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