sexta-feira, 4 de abril de 2025

MOESTUS SED PLACIDUS - JOSÉ MARIA DO AMARAL

 



MOESTUS SED PLACIDUS

José Maria do Amaral

 

Tristezas de minha alma tão sentidas,

Que sois doces memórias do passado,

Do tempo já vivido, e tão lembrado,

Inda me dais as horas já perdidas!

 

Horas de tanto bem, tão bem vividas,

Quando vivi feliz e descuidado,

Sejam ao coração desenganado

Sonhos que enganem dores tão gemidas.

 

Tem hoje o meu viver tal agonia,

Que é doçura a tristeza da saudade,

E a saudade do tempo é poesia.

 

Flores da quadra sois da mocidade,

Minha velhice em vós se refugia,

Tristezas de minha alma em soledade.

 

(GRANDES SONETOS DA NOSSA LÍNGUA, PÁGINA 94)


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