O ENGENHO DE MADEIRA
Antonio da Costa e Silva
Na remansosa paz da rústica fazenda,
À luz quente do sol e à fria luz do luar,
Vive, como a expiar uma culpa tremenda,
O engenho de madeira a gemer e a chorar.
Ringe e range, rouquenha a rígida moenda,
E ringindo e rangendo, a cana a triturar,
Parece que tem alma, adivinha e desvenda
A ruína, a dor, o mal que vai, talvez, causar.
Movida pelos bois tardos e sonolentos,
Geme, como a exprimir, em doloridos lamentos,
Que as desgraças por vir sabe todas de cor.
Ai! Dos teus tristes ais! Moenda arrependida!
- Álcool! Para esquecer os tormentos da vida
E cavar, sabe Deus! Um tormento maior!
(Do livro COMPOSIÇÕES ESCOLARES, página 18)

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