MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA
MUNICÍPIO DE IBIPITANGA (Parte I)
Saul Ribeiro dos Santos
A partir de hoje voltamos ao tema Municípios da Chapada Diamantina.
Nestes dias estou em São Paulo e o médico decidiu me internar no Hospital pois,
após exames, percebeu que o organismo apresentou baixo nível de sódio. Mas o
trabalho não para e assim foi possível terminar a parte I. Inicialmente vamos apresentar
a história de Ibipitanga. É uma história interessante que merece ser conhecida
por todos.
INTRODUÇÃO
Ibipitanga é um importante
Município do Estado da Bahia. Encontra-se na parte Centro-Oeste da Chapada
Diamantina, na margem direita do Rio Paramirim. Seu território se estende
por uma área de 954,37 km² e a população em 2016 foi estimada em 15.356
habitantes. (1) Conforme informativo/2017 da ALBA – Assembleia Legislativa
da Bahia, a distância entre Ibipitanga e Salvador é de 687 km. Este Município
está localizado entre dois antigos e importantes Municípios bem conhecidos na
Bahia - Macaúbas e Ibitiara. O Município é banhado pelas águas do Rio
Paramirim. Suas terras planas e de cor avermelhada despertaram o interesse dos
primeiros transeuntes, pessoas que apenas passaram por esta parte da Chapada em
meados do século XIX.
Mais tarde, entre os anos de 1870 e
1890, chegaram os primeiros exploradores interessados em fixar residência
nestas terras. Ao arraial que estava nascendo deram o nome de Santa Luzia do
Barro Vermelho. Pertencia ao Município com o simpático nome de Remédios, depois
Bom Sucesso (mudança de sede) e mais tarde Ibitiara. O povoado de Sta. Luzia do
Barro Vermelho foi crescendo e o nome Barro Vermelho ficou firme e bem
conhecido.
Anos mais tarde, em 1922, pela Lei
Municipal n° 73 de 25/01/1922 e em 06/08/1923 pela n° 1.634/23 o povoado foi
promovido para a condição de Distrito. Assim permaneceu durante muitos anos
como Distrito de Ibitiara. Em 1938 o nome foi mudado de Barro Vermelho para
Ibipitanga. Esse nome tem origem na língua dos índios das tribos dos tupis.
Até meados do século XX o
Rio Paramirim era um rio caudaloso e piscoso. No período chuvoso apresentava um
grande volume d’água. O precioso líquido é despejado no Rio São Francisco, nas
imediações de Morpará. Naquele tempo a fauna e a flora demonstravam exuberância
e força.
Até 1960 a população de Ibipitanga não
era numerosa e aumentava lentamente. As terras eram suficientes para todas as
famílias. Por este motivo os habitantes do Distrito não retiravam do rio e da
vegetação mais do que a natureza podia repor. Assim o Distrito de Ibipitanga
oferecia um grande atrativo para novos moradores. O grande atrativo era o Rio
Paramirim, com suas margens cobertas de árvores e também de vegetação menor.
A partir da construção e posteriormente a
inauguração de Brasília - o Distrito Federal, toda esta região da Bahia começou
a prosperar. A construção da Novacap influenciou e beneficiou indiretamente
toda essa região da Chapada Diamantina. A população foi aumentando com maior
vigor em toda esta região.
Anos mais tarde, a construção de
barragens na parte de cima do Rio Paramirim trouxe benefícios e malefícios. O
acúmulo de água nas barragens proporcionou o abastecimento permanente d’água
para as cidades, povoados e para os projetos de irrigação, mas prejudicou com a
redução do precioso líquido nos lugares rio abaixo. Ibipitanga ainda enfrenta
abastecimento irregular nos períodos de escassez de chuvas. Outro fator
agravante é a falta de cuidados sanitários. A falta de esclarecimento e
orientação da população ribeirinha quanto aos melhores cuidados de conservação
do rio, lentamente vai transformando o Rio Paramirim em rio temporário, fazendo
assim com que esse importante tributário do Rio São Francisco perca as
características de antigamente.
Mas, os sertanejos têm um ditado
popular muito forte, que precisa ser levado a sério. Eles dizem: “Onde há
erro, há conserto”. Há esperança. Vários rios em outras partes do mundo
apresentavam alto grau de poluição e água sumindo, mas foram recuperados.
As autoridades municipais, estaduais e
federais, em conjunto com a população, podem estabelecer planos para recuperar
este rio e todos os rios da bacia do São Francisco. Tudo precisa ser bem
planejado, bem controlado e levado a sério, respeitando-se o meio-ambiente, os
recursos financeiros aprovados, tendo-se o cuidado para não terminar o dinheiro
antes de terminar a completa revitalização. Ter os devidos cuidados e respeitar
os prazos previstos para começar e terminar a obra. Tudo isso precisa ser respeitado.
Procedendo assim, certamente não demorará muitos anos e os bons resultados
aparecerão.
Campanhas educativas precisam ser
promovidas. Escolas, igrejas, sindicatos, órgãos públicos e a população em
geral – todos deverão estar engajados e demonstrando interesse. São campanhas
seguidas de compromisso para ninguém jogar material poluente, nem lavar carros
ou motos no rio, etc. A lavagem dessas máquinas deixa resíduos de óleo que
poluem a água e tornam mais difícil a limpeza ou despoluição.
A revitalização e o reflorestamento dão bons resultados, mas antes
precisam ser tomadas as providências iniciais. Os engenheiros, os técnicos em
preservação do meio ambiente e o povo, todos percebem que o Rio Paramirim pode
ser plenamente recuperado.
A história registra casos de rios na
Coreia do Sul, que estavam poluídos e quase secos, mas foram recuperados e
voltaram a ser rios navegáveis. Certamente precisou de ação firme da parte do
governo daquele País. A televisão mostrou o “milagre” da despoluição na véspera
quando os jogos da Copa do Mundo foram disputados naquele País da Ásia em 2002.
__________
(1) Relatório
IBGE/Cidades/Bahia/Ibipitanga. (Acesso
em 28/12/2016).
Este texto é parte integrante do esboço do livro Chapada Diamantina, em elaboração.
________________
SOBRE O
AUTOR:
SAUL RIBEIRO
DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro
dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves
Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos
Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em
Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte
anos num grande banco comercial.
Sempre gostou
de escrever. Apaixonado por assuntos das
Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e
costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer
melhor a história regional.
Autor do
livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica
dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.

Nenhum comentário:
Postar um comentário