QUEM FOI THÉO
DRUMMOND?
Filemon Martins
THÉO DRUMMOND
nasceu no Rio de Janeiro a 04 de fevereiro de 1927. Filho de Edgard Pillar
Drummond e Maria de Lourdes de Castro Drummond. Desde os sete anos se revelou
um leitor aplicado, sempre incentivado por seu pai, que era jornalista, lendo
especialmente os versos de Cruz e Souza, Castro Alves e Olavo Bilac. A escola
parnasiana muito o influenciou. Tornou-se admirador da arte de Bilac e já nos
primeiros 9, 10 anos de vida, começou a escrever seus primeiros poemas. Aos
doze anos encheu-se de coragem e apresentou um soneto ao então Presidente da
Academia Carioca de Letras. Dois dias depois recebeu a resposta para continuar
escrevendo, eis que, seu soneto tinha qualidade e sensibilidade. E assim o fez.
Este soneto foi publicado pelo autor já aos 54 anos no livro “TEMPO DE POESIA”,
e mesmo assim, confessa o poeta, por insistência do seu filho mais velho. Foi
um dos maiores sonetistas do Brasil.
Iniciou sua vida
profissional aos 16 anos trabalhando no jornal “A NOITE”, que era “O GLOBO” nas
décadas de 50/60. Foi Repórter, Redator, Colunista de jornais e revistas da
época, entre as quais, “VAMOS LER”, “FON-FON”, “CARETA” etc. Tornou-se
Vice-Diretor de publicidade do Grupo Manchete e de O Globo. No “Jornal dos
Sports”, foi também Diretor Comercial. Posteriormente, dedicou-se à Consultoria
Política, como Diretor Comercial, tendo passado um ano e meio na África,
assessorando o Presidente da FRENTE NACIONAL DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA (FNLA),
com base em Angola, viajando por quase todo o continente africano. De volta ao
Brasil, fundou a “Genesis Propaganda”, uma empresa de Propaganda e Marketing,
que funcionou durante 21 anos. Em 2000, com a fusão feita com as agências
Speroni/Ferrari, nasceu a Agência3, na qual foi presidente até 2005. Hoje a
Agencia3 se transformou no Grupo3+ do qual o empresário é sócio-diretor e
integra o Conselho Consultivo da empresa, apesar dos seus 85 anos de vida.
Escritor,
Publicitário, Jornalista, Poeta, Cronista, Redator, Contista, Ecologista,
Produtor Cultural, Memorialista, Pesquisador, escreveu vários livros, entre
outros: “TEMPO DE POESIA” (1990), “PALAVRAS DE OUTONO” (1992), “VOO DE NUVEM”
(1993), “VERSOS ANTIGOS” (1995), “CAÇADOR DE ESTRELAS” (1997), “AS PEGADAS DE
DEUS” (1998), “VRINDAVAN” (1999), “DEDETIZE SUA VIDA” (2000), “ADEUS A MIM”
(2001), “A FORMIGA e EU” (2004), “100 SONETOS” (2006), “PORTA DO CORAÇÃO”
(2008), “PALAVRAS DE OBSERVANTE” (PROSA-2002), “OS VELHOS PRECISAM MORRER”
(PROSA-2003), “ALFRED E SUA TARA” (PROSA-2005), “A REVOLUÇÃO DOS VELHOS E
OUTROS CONTOS”, “A PAULISTA QUE BIN LADEN MATOU” (CONTOS-2006), ¨PORTA DO
CORAÇÃO¨ (POESIA, 2008) e ¨UM CÃO AO TELEFONE E OUTRAS CRÔNICAS¨ (2011).
Interessou-se
também pelo teatro, tendo escrito cinco comédias, das quais três foram
encenadas no Rio de Janeiro. Publicou ao todo, 12 livros de poesia, 2 de prosa
poética e 5 de contos.
Com o advento da
INTERNET tornou-se colaborador de vários sites, como www.prefacio.net,
(hoje extinto) com publicação de poemas e sonetos que cantam o amor, a vida, a
natureza, a ternura e Deus, enfim. Seus sonetos são perfeitos, inspirados e
nascem com uma ternura que emociona. São frutos do coração do poeta. Transcrevo
dois sonetos, primeiro CHUVA, depois ADEUS A MIM, como exemplos: “Olho em minha
janela a chuva fina:/é como a lágrima do lampião/ que parece chorar na minha
esquina, /em sua interminável solidão. Eu já me acostumei a esta rotina/de
tanto tempo te aguardar, em vão. /Sempre a esperar que surjas, repentina,
/abrindo, alegremente, o meu portão. Mas na verdade a vida nos ensina/ que é
inútil sustentar uma ilusão, /um belo dia ela se esvai, termina. / E olhando a
chuva que ainda cai no chão, /percebo esta verdade cristalina:/chove, mas
dentro do meu coração”.
“Adeus à minha casa
tão querida/ que à sua paz há anos me entreguei./Adeus à verde grama, à flor
nascida/ em profusão na terra em que as plantei. Adeus mangueiras, festa
colorida/das manhãs de que nunca esquecerei. /Adeus cachoeira gélida e
escondida/ que me banhava em noites que acordei. Adeus às coisas todas que eu
amava, / aos latidos dos cães quando chegava, / adeus ao cheiro forte do
jasmim. Adeus aos beija-flores, às cigarras, / romperam-se, afinal, todas as
amarras,/ adeus tempo feliz, adeus a mim!”
Pode-se afirmar que
Théo Drummond foi um dos maiores sonetistas da língua portuguesa, ao lado de
poetas, como, Augusto dos Anjos, Cláudio Manoel da Costa, Cruz e Souza, Luís
Vaz de Camões, Manuel Maria Du Bocage, Olavo Bilac, Vinicius de Morais, Antero
de Quental, Paulo Bonfim, Carlos Ribeiro Rocha, Humberto Del Maestro e tantos
outros que cultivaram e ainda cultivam a forma fixa. Não foi sem reflexão que
Alceu Amoroso Lima disse: “As escolas literárias passam, o soneto fica”. Ou
ainda na expressão de Paulo Bonfim (poeta paulista): “O Soneto é o traje a
rigor do pensamento.”
E permanecem em
nossos corações os versos deste vate carioca, como este soneto “MUTAÇÕES”:
“Quanta coisa supomos permanente/mas que depois se mostra transitória. /O rio
muda o rumo numa enchente, /cada minuto altera a nossa história. Por isso é
tolo presumir que a gente/terá sempre guardado na memória/o que nos seja
estranho e indiferente/ou que supomos ser a nossa glória. Tudo no mundo é
instável e se altera/quando menos se quer, menos se espera, /é uma ilusão fazer
projetos, planos. E assim vamos cumprindo a nossa sina, /vivendo o que o
destino nos destina, /porque não somos Deus, somos humanos”.
Quem não se
enternece ao ler os poemas e sonetos do poeta Théo Drummond? Sua poesia brota
suave como a água da fonte que desliza num rio de emoções e vai contornando os
meandros dos sentimentos e se transformando em sonetos e poemas harmoniosos que
agradam ao mais exigente leitor. Tornei-me um admirador do poeta ao manter um
intercâmbio de leitura de seus trabalhos através do site www.prefacio.net, onde o poeta desfila entre o
Clássico e o Moderno com a maestria dos grandes literatos. Há uma lição em cada
soneto, em cada verso, em cada conto, como nos versos do livro “Porta do
Coração” ou nos dez contos que compõem o livro “A PAULISTA QUE BIN LADEN
MATOU”, cujos leitores se espalham pelo Brasil e pelo Mundo.
Extraímos do livro
“Porta do Coração” esta joia: TORTURA – “Quando escrevo um soneto me torturo/na
busca de uma rima que traduza/um sentimento cada vez mais puro, /que mostre que
és meu tudo, minha musa. E assim, o pensamento me conduza/ a ti – luz que me
guia neste escuro, /e cada passo teu sempre me induza/a perceber que és tudo o
que procuro. E ao nascer o soneto, em cada rima/arrancada do fundo do meu
peito, /dizendo tudo o que a palavra exprima, Meus versos serão puros como a
tua/forma de ser, que me acalenta e anima/a ver em ti, o sol, a estrela e a
lua...”
A professora e
poetisa Clau Assi, prefaciando o livro “Porta do Coração”, afirma: “Enfim,
PORTA DO CORAÇÃO nos proporciona um leque de opções para que abramos nossos
corações à vida. É certo que vivemos num mundo, numa época, em que o mais comum
é manter nossos corações fechados, para nos proteger. Talvez esta seja mais uma
das grandes observações que Théo Drummond queira nos fazer ver: “É tempo de
abrirmos nossos corações. É com ele aberto que tudo pode acontecer!”
Transcrevo algumas
apreciações sobre a obra do vate carioca: - “Sua veia poética é densa, profunda
e competente”. (Murilo Melo Filho – Academia Brasileira de Letras); “Meu caro
poeta, você tem uma linguagem transparente, adequada a cada soneto, com seu tom
amadurecido”. (Lúcia Aizim – Escritora e Poetisa); “Théo Drummond é um
especialista na arte de escrever sonetos e oferece muito mais do que reflexões
autobiográficas.” (Jornal do Commercio – página “Livros”); “Você se exprime,
nesta difícil forma poética (cuja estrutura rígida torna-se suscetível, de
algum modo, a limitar a liberdade criativa do poeta) como se o soneto fosse,
afinal, a sua natural forma de expressão.” (Ilona Bastos – Escritora, Poetisa e
Jornalista, em Lisboa, Portugal). O crítico literário Mário Margutti assim se
expressou: “Théo Drummond aborda os temas eternos da poesia, de maneira direta,
bastante coloquial. Sua fluidez o afasta dos mergulhos profundos e das imagens
literárias, compondo um “confessionário” lírico e aberto, numa clave que só a
maturidade pode proporcionar...”
Théo Drummond é um
intelectual incansável, pois que, continua produzindo e me confessou via e-mail
que está preparando juntamente com o diretor e produtor da TV-Globo, Roberto
Farias, o lançamento de um filme baseado em uma de suas peças escrita há muitos
anos, a comédia chamada “O ANJO DO MEU MARIDO”.
De fato, a
qualidade do seu trabalho, aliada à sua produção, já lhe garantem um lugar de
destaque no Panorama da Literatura Brasileira, merecendo mais divulgação, mais
atenção dos críticos e da Imprensa em geral.
Faleceu no Rio de
Janeiro a 20.03.2015, aos 88 anos de idade.
BIBLIOGRAFIA:
1 - CONSULTA AO
SITE WWW.PREFACIO.NET. (EXTINTO)
2 - CONSULTA À
INTERNET.
3 - THÉO DRUMMOND -
“A PAULISTA QUE BIN LADEN MATOU” (CONTOS-EDITORA CARAVANSARAI-2006).
4 - THÉO DRUMMOND –
“PORTA DO CORAÇÃO” (POESIA- EDITORA CARAVANSARAI-2008).
5 – Agradecimentos
ao Théo Drummond que, em vida, com sua modéstia característica, nos agraciou
via e-mail com informações preciosas sobre sua vida profissional.
Em tempo: este
texto foi inserido no livro ¨UM CÃO AO TELEFONE e outras crônicas¨, publicado
em 2011, páginas 13/15, quando ainda era vivo o poeta.

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