MUNICÍPIOS
DA CHAPADA DIAMANTINA
MUNICÍPIO
DE WAGNER (Parte
II)
Saul Ribeiro dos Santos
EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Hoje estamos apresentando a parte II
sobre o Município de Wagner. E uma história emocionante que nos esclarece e
mostra a educação escolar - colegial e a assistência médica de alto nível,
atividades desenvolvidas nesta parte da Chapada Diamantina e que influenciou a
região e todas as demais regiões do Estado da Bahia. Vale a pena ler e tomar
ciência.
Os primeiros moradores desta
parte da Chapada Diamantina começaram a desenvolver lavouras e criação de gado.
Com o passar dos anos foram chegando outras famílias e consequentemente a
quantidade de casas foi aumentando, de maneira que o lugarejo com o nome de
Cachoeirinha foi tomando o formato urbano. As terras desta parte pertenciam ao
Município de Morro do Chapéu. Alguns moradores mais idosos contam que o
primeiro nome do lugar foi Pouso de Santo Antônio de Orobó Velho.
Recordando um pouco de História do
Brasil, é importante relembrar que a partir de 1879 a política brasileira
começou a receber ideias novas. Era grande o desgaste do regime monárquico.
Muitos intelectuais e grupos políticos estavam descontentes com o regime da
monarquia, que desde 1873 começou a perder prestígio. O imperador D. Pedro II
mostrava sinais de fraqueza política. Os intelectuais do Brasil e a maçonaria
formaram clubes e fundaram tablóides de jornais pró - República. A corrente que
alimentava as ideias republicanas, partidária da descentralização
administrativa, recebeu a adesão de setores políticos e dos empresários que
queriam um regime liberal e mais favorável ao desenvolvimento.
Em 1885 as questões religiosas e as
questões militares fizeram com que o sistema de governo vigente (a monarquia)
perdesse o apoio de duas forças fundamentais para a sua continuidade,
contribuindo assim para o enfraquecimento do regime imperial. Outros países das
Américas já haviam adotado o regime republicano. No Brasil, a aprovação da Lei
Áurea, em 13 de maio de 1888, assinada pela Princesa Isabel, declarou extinta a
escravidão. Assim o movimento a favor da implantação da República no Brasil
ganhou força. A convergência desses e outros fatores conduziram à proclamação
da República, em 15/11/1889. Nessa ocasião D. Pedro II foi destronado e em
17-XI-1889 embarcou com sua família no navio “Alagoas” da Marinha do Brasil,
que os levou para o exílio político em Portugal. (1) Naquele tempo, no
Brasil, foi adotada a forma federativa de governo, o presidencialismo. Foram
tomadas outras providências.
A proclamação da República levantou o
ânimo da população e especialmente dos políticos e empresários que desejavam
ver o Brasil tomar o rumo da liberdade e do progresso. Essas ideias
incentivaram o desenvolvimento do interior brasileiro. Políticos do Rio de
Janeiro e outras capitais começaram a perceber que o Brasil não era só a faixa
litorânea.
Voltemos à nossa história regional. A
partir do início de século XX começaram a surgir oportunidades para a região
das Lavras Diamantinas, que até então era pura e simplesmente lembrada para a
prospecção e exploração de ouro, diamantes e outros minérios para enriquecer os
nobres de Lisboa e do Rio de Janeiro.
Com os novos tempos, os povoados do
sertão passaram a ser mais bem identificados. Despertaram o interesse do poder
público pela nossa região (pelo menos era assim demonstrado nas campanhas
eleitorais dos anos seguintes).
Há registros de que nos anos de 1890 e
1891 Cachoeirinha, aqui nesta parte (pertencente ao Município de Morro do
Chapéu) e todo o sertão foi atingido por uma grande mudança climática trazendo
forte seca, que fragilizou a vida dos moradores - todos trabalhadores nas
roças. Antes da proclamação da República em 1889, chegou ao povoado o
alemão, Sr. Fritz ou Franz Wagner, (2) homem inteligente e interessado em
ajudar, de modo que prestou grande auxílio aos atingidos pela seca. Entregou-se
à tarefa de cuidar dos doentes, famintos e a orientar os moradores nos
trabalhos das lavouras, conforme as mudanças do clima, que faziam acontecer
anos de muitas chuvas ou de estiagem prolongada. O alemão, Sr. Wagner,
tornou-se um grande benfeitor da região. Era ele o que até hoje o povo do lugar
chama: “homem de bom coração”. De 1891 para 1892 eis que o povo começou
a chamar o lugar pelo nome de Wagner. O nome foi bem-aceito. No início o povo
do lugar pronunciava o nome completo: Franz Wagner.
Conforme afirmam os moradores mais
idosos, o efetivo desenvolvimento de Wagner começou em 1906 com a idealização,
planejamento e construção de um colégio de alto nível pelos missionários da
Igreja Evangélica Presbiteriana. Inicialmente os missionários procuraram
cidades maiores aqui nas Lavras Diamantinas (como era chamada), mas não foram
aceitos devido ao preconceito religioso de alguns líderes locais, que mesmo
sabendo da nova Constituição Brasileira em vigor, ainda teimavam com as antigas
ideias, ranço ou caráter obsoleto do antigo regime imperial de anos anteriores.
A Constituição Republicana abriu espaço e garantiu o direito de liberdade
religiosa. Pela lei o Brasil tronou-se um país laico.
Este texto é parte integrante do esboço do
livro Chapada Diamantina, em elaboração.
________________
(1) Enciclopédia Barça, vol.
12, pág. 179. Encycl. Britânica do Brasil Public. Ltda. 1995.
(2) Fritz ou Franz Wagner.
a)
Trecho extraído do Portal da Prefeitura Municipal de Wagner. Acesso em
27/11/2018:
http://WWW.Wagner.ba.io.org.br/história.
b)
Um homem alemão, que de acordo com os moradores em Wagner e arredores,
foi enviado pela Providência Divina com a finalidade de ajudar o povo na grande
seca de 1889 para 1890. Foi um homem de Bom Coração, conforme diz o povo da
cidade. Ele foi o homem que orientou os lavradores a usar o sistema de
irrigação, que em parte ainda existe.
Orientou na construção da
barragem de Itaberaba. Com as
orientações a produção agrícola melhorou e passou a fornecer alimentos para os
garimpeiros de Lençóis. Mas, naquele tempo, a principal lavoura era o cultivo
de cana para a fabricação
de rapaduras e outros derivados.
SOBRE O
AUTOR:
SAUL RIBEIRO
DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro
dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves
Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos
Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em
Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte
anos num grande banco comercial.
Sempre gostou
de escrever. Apaixonado por assuntos das
Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e
costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer
melhor a história regional.
Autor do
livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica
dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.



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