segunda-feira, 18 de novembro de 2024

MUNICÍPIO DE WAGNER - PARTE II

 


(PREFEITURA MUNICIPAL DE WAGNER)



(CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES-SEDE PROVISÓRIA)



 

 

MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA

MUNICÍPIO DE WAGNER (Parte II)

Saul Ribeiro dos Santos

📧saul.ribeiro1945@gmail.com

 

  

EMANCIPAÇÃO  POLÍTICO-ADMINISTRATIVA


          

                 

        Hoje estamos apresentando a parte II sobre o Município de Wagner. E uma história emocionante que nos esclarece e mostra a educação escolar - colegial e a assistência médica de alto nível, atividades desenvolvidas nesta parte da Chapada Diamantina e que influenciou a região e todas as demais regiões do Estado da Bahia. Vale a pena ler e tomar ciência.

 

       Os primeiros moradores desta parte da Chapada Diamantina começaram a desenvolver lavouras e criação de gado. Com o passar dos anos foram chegando outras famílias e consequentemente a quantidade de casas foi aumentando, de maneira que o lugarejo com o nome de Cachoeirinha foi tomando o formato urbano. As terras desta parte pertenciam ao Município de Morro do Chapéu. Alguns moradores mais idosos contam que o primeiro nome do lugar foi Pouso de Santo Antônio de Orobó Velho.

      Recordando um pouco de História do Brasil, é importante relembrar que a partir de 1879 a política brasileira começou a receber ideias novas. Era grande o desgaste do regime monárquico. Muitos intelectuais e grupos políticos estavam descontentes com o regime da monarquia, que desde 1873 começou a perder prestígio. O imperador D. Pedro II mostrava sinais de fraqueza política. Os intelectuais do Brasil e a maçonaria formaram clubes e fundaram tablóides de jornais pró - República. A corrente que alimentava as ideias republicanas, partidária da descentralização administrativa, recebeu a adesão de setores políticos e dos empresários que queriam um regime liberal e mais favorável ao desenvolvimento.

       Em 1885 as questões religiosas e as questões militares fizeram com que o sistema de governo vigente (a monarquia) perdesse o apoio de duas forças fundamentais para a sua continuidade, contribuindo assim para o enfraquecimento do regime imperial. Outros países das Américas já haviam adotado o regime republicano. No Brasil, a aprovação da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, assinada pela Princesa Isabel, declarou extinta a escravidão. Assim o movimento a favor da implantação da República no Brasil ganhou força. A convergência desses e outros fatores conduziram à proclamação da República, em 15/11/1889. Nessa ocasião D. Pedro II foi destronado e em 17-XI-1889 embarcou com sua família no navio “Alagoas” da Marinha do Brasil, que os levou para o exílio político em Portugal. (1) Naquele tempo, no Brasil, foi adotada a forma federativa de governo, o presidencialismo. Foram tomadas outras providências.

      A proclamação da República levantou o ânimo da população e especialmente dos políticos e empresários que desejavam ver o Brasil tomar o rumo da liberdade e do progresso. Essas ideias incentivaram o desenvolvimento do interior brasileiro. Políticos do Rio de Janeiro e outras capitais começaram a perceber que o Brasil não era só a faixa litorânea.

       Voltemos à nossa história regional. A partir do início de século XX começaram a surgir oportunidades para a região das Lavras Diamantinas, que até então era pura e simplesmente lembrada para a prospecção e exploração de ouro, diamantes e outros minérios para enriquecer os nobres de Lisboa e do Rio de Janeiro.

      Com os novos tempos, os povoados do sertão passaram a ser mais bem identificados. Despertaram o interesse do poder público pela nossa região (pelo menos era assim demonstrado nas campanhas eleitorais dos anos seguintes).

      Há registros de que nos anos de 1890 e 1891 Cachoeirinha, aqui nesta parte (pertencente ao Município de Morro do Chapéu) e todo o sertão foi atingido por uma grande mudança climática trazendo forte seca, que fragilizou a vida dos moradores - todos trabalhadores nas roças. Antes da proclamação da República em 1889, chegou ao povoado o alemão, Sr. Fritz ou Franz Wagner, (2) homem inteligente e interessado em ajudar, de modo que prestou grande auxílio aos atingidos pela seca. Entregou-se à tarefa de cuidar dos doentes, famintos e a orientar os moradores nos trabalhos das lavouras, conforme as mudanças do clima, que faziam acontecer anos de muitas chuvas ou de estiagem prolongada. O alemão, Sr. Wagner, tornou-se um grande benfeitor da região. Era ele o que até hoje o povo do lugar chama: “homem de bom coração”. De 1891 para 1892 eis que o povo começou a chamar o lugar pelo nome de Wagner. O nome foi bem-aceito. No início o povo do lugar pronunciava o nome completo: Franz Wagner.

      Conforme afirmam os moradores mais idosos, o efetivo desenvolvimento de Wagner começou em 1906 com a idealização, planejamento e construção de um colégio de alto nível pelos missionários da Igreja Evangélica Presbiteriana. Inicialmente os missionários procuraram cidades maiores aqui nas Lavras Diamantinas (como era chamada), mas não foram aceitos devido ao preconceito religioso de alguns líderes locais, que mesmo sabendo da nova Constituição Brasileira em vigor, ainda teimavam com as antigas ideias, ranço ou caráter obsoleto do antigo regime imperial de anos anteriores. A Constituição Republicana abriu espaço e garantiu o direito de liberdade religiosa. Pela lei o Brasil tronou-se um país laico.

 

   Este texto é parte integrante do esboço do livro Chapada Diamantina, em elaboração.

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  (1)     Enciclopédia Barça, vol. 12, pág. 179. Encycl. Britânica do Brasil Public. Ltda. 1995.    

  (2)       Fritz ou Franz Wagner.

          a)  Trecho extraído do Portal da Prefeitura Municipal de Wagner. Acesso em 27/11/2018:

                http://WWW.Wagner.ba.io.org.br/história.

          b)  Um homem alemão, que de acordo com os moradores em Wagner e arredores, foi enviado pela Providência Divina com a finalidade de ajudar o povo na grande seca de 1889 para 1890. Foi um homem de Bom Coração, conforme diz o povo da cidade. Ele foi o homem que orientou os lavradores a usar o sistema de irrigação, que em parte ainda existe.

               Orientou na construção da barragem de Itaberaba.  Com as orientações a produção agrícola melhorou e passou a fornecer alimentos para os garimpeiros de Lençóis. Mas, naquele tempo, a principal lavoura era o cultivo de cana para a               fabricação de rapaduras e outros derivados.

 

 

SOBRE O AUTOR:

SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.

Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das  Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.

Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.

 


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