MUNICÍPIOS
DA CHAPADA DIAMANTINA
MUNICÍPIO
DE WAGNER (Parte
I)
Saul Ribeiro dos Santos
INTRODUÇÃO
Wagner é um importante Município
do interior do Estado da Bahia. Está situado na parte Nordeste do território da
Chapada Diamantina. O Município estende suas terras por uma área de 522,37
km² e a população no ano 2016 foi estimada em 9.743 habitantes.(1) Conforme
informativo/2017 da ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia, a distância entre
Wagner e Salvador é de 390 km.
Até meados do século XVIII estas terras
com suas montanhas e grutas estavam dominadas por animais selvagens. Na
primeira metade do século XIX, homens corajosos fundaram uma fazenda às margens
do rio ao qual deram o nome de Rio Cachoeirinha. Os primeiros moradores desta
parte da Chapada Diamantina começaram a desenvolver lavouras e criação de gado
nas proximidades do rio.
Moradores mais idosos informam que o
primeiro nome deste lugar foi Pouso de Santo Antônio de Orobó Velho, que era o
local onde os tropeiros e demais viajantes repousavam uns dois dias ou mais.
Colocavam “peias” (2) nos animais de carga e montaria e levavam para o
pasto. Os animais não conseguiam ir para muito longe.
Com o passar dos anos foram chegando
outras famílias e construindo suas casas, de modo que na segunda metade do
século XIX o povoado pertencente ao Município de Morro do Chapéu apresentava
sinais de progresso.
Naquele tempo os dias e os anos
aparentemente demoravam passar. A vida era sossegada e os instrumentos
utilizados no dia a dia eram simples. Os cereais, como milho, arroz, feijão, e
outros, eram plantados e colhidos ali mesmo nas proximidades. O feijão era debulhado nas casas e a palha virava ração
para os animais. Outros cerais eram beneficiados no pilão (instrumento de
madeira feito do âmago da aroeira). Durante a noite a iluminação doméstica era
conseguida por meio do fifó (candeeiro) e o combustível quase sempre era o
azeite de mamona. Na cozinha o fogão era construído de adobos e pedras e o
combustível para o fogo era a lenha encontrada com facilidade nas redondezas.
Não existiam isqueiros para acender cigarro ou cachimbo. O povo da roça e dos
lugarejos usava um instrumento rústico chamado bogue (feito por eles
mesmos). Alguns utensílios de cozinha eram feito de barro tipo argila. Pratos
de louça ou em cerâmica especial, bem esmaltados, parecidos com os que
conhecemos hoje, eram peças raras e só os mais ricos podiam comprar. Os meios
de transporte eram a canoa, cavalo e os famosos carros de bois. Os tecidos eram
feitos nos teares de madeira com linha de algodão plantado na própria região. A
vida era assim mesmo, bem simples e boa.
Os moradores do pequeno povoado eram
laboriosos, trabalhadores e dedicados em desenvolver a agricultura de
subsistência. Tudo era feito nos moldes que aprenderam dos seus avós e bisavós.
Haviam engenhos com moendas giratórias movidas por uma junta de bois. Era um
grande instrumento com engrenagem feito da madeira aroeira ou outra de dureza
semelhante. Montar um engenho era obra dos profissionais. Era um instrumento
utilizado para esmagar ou moer cana.
Todos os trabalhadores careciam de
orientações técnicas para melhor desenvolverem as lavouras. É necessário
considerar que não havia infraestrutura logística para escoar a produção.
Durante os anos 1870/1889 a política
nacional passou por momentos agitados. Os homens com ideias republicanas
empenhavam-se por encontrar um meio de derrubar a monarquia para implantar no
Brasil o regime republicano.
Foi naqueles anos que chegou ao local um
homem alemão chamado Franz ou Fritz Wagner (significa aquele que dirige, que
ajuda). Esse grande ajudador passou a morar no local. Franz Wagner era um homem
amistoso, inteligente e decidido a orientar e ajudar os necessitados. A
profa. Belamy Macedo de Almeida, no seu livro Ponte Nova,(3) conta
que em 1890 a região experimentou uma grande seca. O povo do lugar, nas suas
necessidades durante a seca, recebeu auxílio de Franz Wagner. Ele orientou os
moradores sobre noções de higiene, como economizar água e como melhorar os
trabalhos na agricultura.
Cachoeirinha, Itacira, Tapiraípe, Lajedinho
e Ponte Nova são nomes de locais importantes que fazem parte da história deste
Município. As terras de Wagner são banhadas pelo Rio Utinga (e por pequenos
riachos), que por sua vez é afluente do Rio Santo Antônio, sendo este afluente
do Rio Paraguaçu, o qual tem a sua foz na Baia de Todos os Santos.
Este texto é
parte integrante do esboço do livro Chapada Diamantina, em elaboração.
____________________________________________
(1)
Relatório
IBGE/Cidades/Bahia/Wagner. Acesso em 30/12/2016.
(2)
Obstáculo, uma espécie de prisão que prende ou segura parcialmente pé e
mão de cavalos ou animais semelhantes, para que possam pastar soltos e não
consigam ir para longe. Geralmente são feitas de cordas ou correntes com
presilhas.
(3)
A escritora Bellamy Macêdo de Almeida, digna professora, foi durante
muitos anos educadora muito dedicada no Colégio Presbiteriano Instituto Ponte
Nova. Uma mulher honrada e de muito respeito em toda a região.
SOBRE O AUTOR:
SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de
Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª
Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos,
Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de
Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou
durante vinte anos num grande banco comercial.
Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale
do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo
de aprender e conhecer melhor a história regional.
Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e
Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.

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