MUNICÍPIOS
DA CHAPADA DIAMANTINA
Município
de Gentio do Ouro (Parte
III)
Saul
Ribeiro dos Santos
A Câmara
Municipal de Vereadores de Gentio do Ouro funciona em prédio próprio com boas
instalações. Atendendo determinação da legislação federal a Câmara mantém um
auditório equipado com serviço de som, poltronas e demais instalações
apropriadas para receber os interessados em assistir os acontecimentos,
explicações e discussões próprias do
parlamento municipal. O povo deste Município promete que estará presente ao
Plenário do Poder Legislativo do Município para acompanhar de perto as
discussões e votações dos projetos e leis.
Compromisso,
responsabilidade e respeito pelos recursos públicos são ingredientes que formam
os pilares da boa e sólida administração. São fatores que norteiam a sábia
administração municipal.
- Fonte:
Prefeitura Municipal, IBGE, UPB - União dos Municípios da Bahia, Câmara de
Vereadores, Enciclop. dos Municípios Brasileiros, internet, Wikipédia e outras
fontes.
________________
(1)
Caldas Aulete, lexicógrafo – Dicionário Contemporâneo da Língua
Portuguesa, vol. V às páginas 4.864 e 5.138 - Editora Delta, 1958.
ECONOMIA DO
MUNICÍPIO
Torres geradoras de energia eólica
Desde o
final do século XVII as serras da parte central da Capitania da Bahia foram
examinadas e mostraram potencial em riquezas minerais. As notícias despertaram
o interesse do governo português. Os primeiros anos do século XVIII e até
meados do século XIX foram anos de riqueza e prosperidade em Jacobina e Minas
do Rio de Contas. Estes locais produziram e despacharam muito ouro para
Portugal. As notícias corriam de boca em boca entre os garimpeiros da região.
Após a
criação do Município de Minas de Rio de Contas em 1723, muitos aventureiros
foram encorajados a enfrentar os perigos e partir para outras partes da
Chapada, sempre com o objetivo de descobrir novas minas de ouro. A vontade de
encontrar outras partes com potencial para a produção de ouro e diamantes
cresceu entre os garimpeiros portugueses e brasileiros. Na década dos anos
1841/1860, após a descoberta de minas de diamantes em Mucugê, a notícia foi
levada para todas as partes e a esperança tomou conta dos garimpeiros.
Naqueles
anos as notícias motivaram e levaram homens aventureiros por todas as serras
desta imensa região. Queriam encontrar novas regiões com potencial para
produzir ouro e diamantes. Todos queriam fazer fortuna.
O ano de
1939 foi um período de euforia aqui no Município de Gentio do Ouro. Foram
descobertos trechos com veios auríferos, camadas do solo exploráveis, cujas
minas produziram muito ouro. Diz a lenda que entre os anos de 1935 a 1945, após
cada chuva muitas pessoas percorriam as ruas de terra da cidade ou dos
povoados, verificando os regos e lugares por onde escorreu a enxurrada e
encontravam pequenas partículas de ouro.
Durante
muitos anos até a segunda metade do século XX, a base da economia do Município
de Gentio do Ouro estava sustentada na prospecção e extração de minérios,
especialmente ouro. As lavouras eram consideradas um fator coadjuvante na
formação da riqueza local.
Até hoje
existem pessoas que não se esquecem dos garimpos. Entretanto, hoje o trabalho é
feito de modo artesanal. A área está sob proteção e orientação do Ibama –
Instituto Brasileiro de Proteção do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. O
DNPM, que está atuando em conjunto com a ANM - Agência Nacional de Mineração,
que no âmbito federal, planeja e fiscaliza a pesquisa, lavra, beneficiamento e
a comercialização dos bens minerais. São esses órgãos que exercem o controle
ambiental das atividades mineradoras. Tudo é feito de acordo com o Art. 20,
inciso IX da Constituição Federal e no que determina a Lei n° 8.876 de 1994 e
legislação posterior. O subsolo, suas riquezas e os bens minerais no território
do Brasil pertencem à União (Governo Federal).
De acordo
com informações dos moradores mais idosos, com informações passadas de avós e
pais para filhos, nos últimos anos do século XIX e início do século XX, entre
1890 e 1950 as serras desse Município produziram muito ouro. Os registros sobre
a produção mineral naquele tempo são coisas raras. Temos que confiar nas
informações verbais dos moradores octogenários que transmitem as informações
contadas por seus pais. Os compradores atacadistas seguiam com o metal precioso
até a beira do Rio São Francisco, onde embarcavam em um dos navios fluviais que
navegavam rio abaixo tendo como destino a cidade de Juazeiro, onde embarcavam
num trem para Salvador. Nas cidades grandes o ouro era vendido por preço de
mercado internacional. Corria muito dinheiro. Isso acontecia naqueles
bons tempos.
Os
garimpos até hoje representam uma forte atividade na economia do Município de
Gentio do Ouro. As serras da região são ricas também em minerais como cristal
de rochas, granitos e outros minérios. Garimpeiros saem à procura dos minérios,
especialmente cristal.
Entre os
anos de 1910 e 1960 (exceto 1932, por causa da seca e da crise financeira
mundial de 29) era grande a produção de laranjas, bananas e outras frutas, nas
roças dos povoados e Distritos como Brejo, Brumado, Cedro, Sacatruz, Gentio dos
Chagas, e outros locais.
Até 1970
existiam lavouras de subsistência cultivadas pelas famílias. O destaque era
para as lavouras de café, milho, feijão mandioca, frutas, etc. Gasparino
Ribeiro, avô paterno do autor destas linhas, nascido em março de 1887, contava
que entre os anos de 1940 e 1950 em Brumado (região de muitas serras), onde ele
morou durante grande parte da sua vida, nas baixadas ou vales havia boa
produção de café por ano. Produzia também grande quantidade de laranjas. Muitos
tropeiros colocavam esses produtos em bruacas (1) e partiam para a feira
de Ipupiara. Outros levam para Morpará e despachavam para a Cidade da Barra.
Outra produção notável, ainda hoje, é a de frutas silvestres.
Temos que
o Município de Gentio do Ouro está despontando como um polo gerador de energia
eólica. Na linguagem técnica mais simples, energia eólica é a transformação da
força do vento em energia elétrica, pronta para ser conectada ou ligada à rede
de distribuição para poder chegar aos consumidores – casas residenciais,
comerciais e indústrias em geral. As previsões dão conta de que serão
instalados 10 a 12 parques geradores de energia eólica. Para chegar a esse
ponto é necessário utilizar processos de alta tecnologia. Os engenheiros
eletricistas sabem lidar com tudo isso. A produção de energia produz empregos e
traz esperança para todos.
Aqui no
interior do Município a empresa estatal, CHESF-Cia. Hidroelétrica do São
Francisco está construindo uma estação abaixadora de energia elétrica que fará
interligação automática com estações de outras regiões, garantindo assim, de
forma automática, o fornecimento/recebimento de energia elétrica
Nordeste/Sudeste/Sul do Brasil. A estação estará em ligação direta com a
estação da empresa, localizada em Bom Jesus da Lapa.
Atualmente
as principais lavouras da produção neste Município são mandioca e feijão.
Cultivam-se também outras lavouras, como banana, cana, etc. Entretanto a
principal atividade está nos trabalhos dos garimpos. Os criatórios de gado
bovino, caprino, ovino e suíno não apresentam grandes rebanhos.
Outro
fator importante para economia deste Município é a feira (feira livre). A feira
é realizada semanalmente na 6ª feira. É o dia em que os moradores dos sítios e
povoados trazem seus produtos para vender. Aproveitam para visitar parentes e
amigos. A feira de Gentio do Ouro pode ser considerada como um instrumento de “ganha-pão”
para muitas famílias.
Mais
informações sobre este tema você vais encontrar em páginas anteriores, na parte
sobre economia da região.
Percebe-se
que Gentio do Ouro, Ipupiara, Barra do Mendes e Brotas de Macaúbas precisam
organizar entre si estruturas para promover a realização de intercâmbios
comerciais, culturais e esportivos. Políticos precisam unir esforços
(suprapartidários) e unidos partirem para Salvador em busca de apoio público
para ajudar os empreendedores se sentirem incentivados e encorajados a produzir
utilidades. Assim os Municípios produzirão mais, gerando emprego e renda para
seus habitantes.
______________
Este texto é parte integrante do livro Chapada
Diamantina, em elaboração.
(1) Caldas Aulete com sua equipe, historiador e
lexicógrafo, em seu livro Dic. Contemporâneo da Língua Portuguesa, volume I à
pág. n° 737 – Editora Delta S/A. – 1958, confirma que bruaca é uma mala de
couro crú utilizada para o transporte de mercadorias e outros objetos,
suportada em cangalha colocada no dorso de jumentos, burros ou cavalos.
SOBRE O AUTOR:
SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro,
Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de
Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos
Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro.
Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio,
Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.
Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos
das Regiões da Chapada Diamantina e do
Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o
objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.
Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em
2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.
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