segunda-feira, 1 de abril de 2024

MUNICÍPIO DE GENTIO DO OURO - PARTE III

 


MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA

Município de Gentio do Ouro (Parte III)

Saul Ribeiro dos Santos

📧saul.ribeiro1945@gmail.com

 

 

A Câmara Municipal de Vereadores de Gentio do Ouro funciona em prédio próprio com boas instalações. Atendendo determinação da legislação federal a Câmara mantém um auditório equipado com serviço de som, poltronas e demais instalações apropriadas para receber os interessados em assistir os acontecimentos, explicações e discussões  próprias do parlamento municipal. O povo deste Município promete que estará presente ao Plenário do Poder Legislativo do Município para acompanhar de perto as discussões e votações dos projetos e leis.

Compromisso, responsabilidade e respeito pelos recursos públicos são ingredientes que formam os pilares da boa e sólida administração. São fatores que norteiam a sábia administração municipal.

- Fonte: Prefeitura Municipal, IBGE, UPB - União dos Municípios da Bahia, Câmara de Vereadores, Enciclop. dos Municípios Brasileiros, internet, Wikipédia e outras fontes.

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   (1)     Caldas Aulete, lexicógrafo – Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, vol. V às páginas 4.864 e 5.138 - Editora Delta, 1958.

 

 

ECONOMIA DO MUNICÍPIO



 Torres geradoras de energia eólica

 

Desde o final do século XVII as serras da parte central da Capitania da Bahia foram examinadas e mostraram potencial em riquezas minerais. As notícias despertaram o interesse do governo português. Os primeiros anos do século XVIII e até meados do século XIX foram anos de riqueza e prosperidade em Jacobina e Minas do Rio de Contas. Estes locais produziram e despacharam muito ouro para Portugal. As notícias corriam de boca em boca entre os garimpeiros da região.

Após a criação do Município de Minas de Rio de Contas em 1723, muitos aventureiros foram encorajados a enfrentar os perigos e partir para outras partes da Chapada, sempre com o objetivo de descobrir novas minas de ouro. A vontade de encontrar outras partes com potencial para a produção de ouro e diamantes cresceu entre os garimpeiros portugueses e brasileiros. Na década dos anos 1841/1860, após a descoberta de minas de diamantes em Mucugê, a notícia foi levada para todas as partes e a esperança tomou conta dos garimpeiros.

Naqueles anos as notícias motivaram e levaram homens aventureiros por todas as serras desta imensa região. Queriam encontrar novas regiões com potencial para produzir ouro e diamantes. Todos queriam fazer fortuna.

O ano de 1939 foi um período de euforia aqui no Município de Gentio do Ouro. Foram descobertos trechos com veios auríferos, camadas do solo exploráveis, cujas minas produziram muito ouro. Diz a lenda que entre os anos de 1935 a 1945, após cada chuva muitas pessoas percorriam as ruas de terra da cidade ou dos povoados, verificando os regos e lugares por onde escorreu a enxurrada e encontravam pequenas partículas de ouro.

Durante muitos anos até a segunda metade do século XX, a base da economia do Município de Gentio do Ouro estava sustentada na prospecção e extração de minérios, especialmente ouro. As lavouras eram consideradas um fator coadjuvante na formação da riqueza local.

Até hoje existem pessoas que não se esquecem dos garimpos. Entretanto, hoje o trabalho é feito de modo artesanal. A área está sob proteção e orientação do Ibama – Instituto Brasileiro de Proteção do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. O DNPM, que está atuando em conjunto com a ANM - Agência Nacional de Mineração, que no âmbito federal, planeja e fiscaliza a pesquisa, lavra, beneficiamento e a comercialização dos bens minerais. São esses órgãos que exercem o controle ambiental das atividades mineradoras. Tudo é feito de acordo com o Art. 20, inciso IX da Constituição Federal e no que determina a Lei n° 8.876 de 1994 e legislação posterior. O subsolo, suas riquezas e os bens minerais no território do Brasil pertencem à União (Governo Federal).

De acordo com informações dos moradores mais idosos, com informações passadas de avós e pais para filhos, nos últimos anos do século XIX e início do século XX, entre 1890 e 1950 as serras desse Município produziram muito ouro. Os registros sobre a produção mineral naquele tempo são coisas raras. Temos que confiar nas informações verbais dos moradores octogenários que transmitem as informações contadas por seus pais. Os compradores atacadistas seguiam com o metal precioso até a beira do Rio São Francisco, onde embarcavam em um dos navios fluviais que navegavam rio abaixo tendo como destino a cidade de Juazeiro, onde embarcavam num trem para Salvador. Nas cidades grandes o ouro era vendido por preço de mercado internacional. Corria muito dinheiro. Isso acontecia naqueles bons tempos.

Os garimpos até hoje representam uma forte atividade na economia do Município de Gentio do Ouro. As serras da região são ricas também em minerais como cristal de rochas, granitos e outros minérios. Garimpeiros saem à procura dos minérios, especialmente cristal.

Entre os anos de 1910 e 1960 (exceto 1932, por causa da seca e da crise financeira mundial de 29) era grande a produção de laranjas, bananas e outras frutas, nas roças dos povoados e Distritos como Brejo, Brumado, Cedro, Sacatruz, Gentio dos Chagas, e outros locais.

Até 1970 existiam lavouras de subsistência cultivadas pelas famílias. O destaque era para as lavouras de café, milho, feijão mandioca, frutas, etc. Gasparino Ribeiro, avô paterno do autor destas linhas, nascido em março de 1887, contava que entre os anos de 1940 e 1950 em Brumado (região de muitas serras), onde ele morou durante grande parte da sua vida, nas baixadas ou vales havia boa produção de café por ano. Produzia também grande quantidade de laranjas. Muitos tropeiros colocavam esses produtos em bruacas (1) e partiam para a feira de Ipupiara. Outros levam para Morpará e despachavam para a Cidade da Barra. Outra produção notável, ainda hoje, é a de frutas silvestres.

Temos que o Município de Gentio do Ouro está despontando como um polo gerador de energia eólica. Na linguagem técnica mais simples, energia eólica é a transformação da força do vento em energia elétrica, pronta para ser conectada ou ligada à rede de distribuição para poder chegar aos consumidores – casas residenciais, comerciais e indústrias em geral. As previsões dão conta de que serão instalados 10 a 12 parques geradores de energia eólica. Para chegar a esse ponto é necessário utilizar processos de alta tecnologia. Os engenheiros eletricistas sabem lidar com tudo isso. A produção de energia produz empregos e traz esperança para todos.

Aqui no interior do Município a empresa estatal, CHESF-Cia. Hidroelétrica do São Francisco está construindo uma estação abaixadora de energia elétrica que fará interligação automática com estações de outras regiões, garantindo assim, de forma automática, o fornecimento/recebimento de energia elétrica Nordeste/Sudeste/Sul do Brasil. A estação estará em ligação direta com a estação da empresa, localizada em Bom Jesus da Lapa.

Atualmente as principais lavouras da produção neste Município são mandioca e feijão. Cultivam-se também outras lavouras, como banana, cana, etc. Entretanto a principal atividade está nos trabalhos dos garimpos. Os criatórios de gado bovino, caprino, ovino e suíno não apresentam grandes rebanhos.

Outro fator importante para economia deste Município é a feira (feira livre). A feira é realizada semanalmente na 6ª feira. É o dia em que os moradores dos sítios e povoados trazem seus produtos para vender. Aproveitam para visitar parentes e amigos. A feira de Gentio do Ouro pode ser considerada como um instrumento de “ganha-pão” para muitas famílias.

Mais informações sobre este tema você vais encontrar em páginas anteriores, na parte sobre economia da região.

Percebe-se que Gentio do Ouro, Ipupiara, Barra do Mendes e Brotas de Macaúbas precisam organizar entre si estruturas para promover a realização de intercâmbios comerciais, culturais e esportivos. Políticos precisam unir esforços (suprapartidários) e unidos partirem para Salvador em busca de apoio público para ajudar os empreendedores se sentirem incentivados e encorajados a produzir utilidades. Assim os Municípios produzirão mais, gerando emprego e renda para seus habitantes.

 

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Este texto é parte integrante do livro Chapada 

Diamantina, em elaboração.

 

 

(1) Caldas Aulete com sua equipe, historiador e lexicógrafo, em seu livro Dic. Contemporâneo da Língua Portuguesa, volume I à pág. n° 737 – Editora Delta S/A. – 1958, confirma que bruaca é uma mala de couro crú utilizada para o transporte de mercadorias e outros objetos, suportada em cangalha colocada no dorso de jumentos, burros ou cavalos.

 

 

SOBRE O AUTOR:

SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.

Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das  Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.

Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.

 

 


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