JOQUEBEDE, UMA MULHER FORTE EM
TEMPOS DIFÍCEIS
Pastor Clóvis de Sousa Nogueira
PIB de Ipupiara-Ba.
São muitos os exemplos de
mulheres que marcaram suas vidas com atitudes que honraram a Deus. Nessa
ocasião vamos fazer menção de uma delas, JOQUEBEDE.
Encontramos poucas informações
nas escrituras sobre sua vida, suas atitudes em seu lar, ou nos relacionamentos
com outras pessoas. Mas, o pouco que temos de informações, ou suas poucas
atitudes nos revelam uma mulher de uma fé inabalável. No texto de Êxodo 2: 1-3,
não encontramos o seu nome, essa informação só iremos encontrar em Êxodo 6:20 e
Números 26:59. Mas, no texto de Êxodo temos informações que ela era da casa de
Levi, isto é, uma descendente de Levi. Somos informados também, que ela era
esposa de um homem da mesma descendência de Levi, e que dessa união ela
concebeu e deu à luz um filho formoso, o qual manteve escondido por três meses.
Somos informados na continuidade do texto de Êxodo capítulo 2, que este filho
recebeu o nome de Moisés, nome este dado pela filha do Faraó (Êxodo 2:10). Mas
só a partir dos outros textos já citados acima, a saber, Êxodo 6:20 e Números
26:59, ficamos sabendo o nome do seu esposo, Anrão, e que grau de parentesco
tinha com ela, e que gerou outros filhos, Arão e Miriã. Essas são as poucas
informações encontradas sobre essa brilhante mulher que teve um papel
importante na história do povo hebreu. Não quero laborar nessas informações
somente, mas ressaltar as atitudes tomadas por Joquebede, que revelam a sua
espiritualidade, o seu temor a Deus, a sua fé. Joquebede era uma das escravas
hebreias no Egito, e que a situação vivida por ela, naquele momento, e pelas
mulheres hebreias era extremamente difícil. Elas viviam sobre a ameaça de verem
os seus filhos serem assassinados cruelmente se fossem do sexo masculino (Êxodo
1:15-16). Essa era a ordem dada às parteiras pelo Faraó por temer o crescimento
numérico dos hebreus, na terra do Egito (Êxodo 1:8-10). Foi nessas
circunstâncias que Joquebede expressou sua fé no Deus de Abrão. Uma mãe zelosa
que carregava no seu ventre uma criança que poderia ser cruelmente assassinada
se não fosse o seu cuidado materno. Como foram difíceis os dias que antecederam
o nascimento da criança diante da ameaça de morte! Mais difícil ficou após o
nascimento quando ela deu à luz a criança, e constatou que era um menino. Eram
os meninos que deviam morrer, essa era a ordem do Faraó. O medo, a apreensão de
que a qualquer momento os homens do Faraó chegassem e tomasse o menino dos seus
braços, e matasse, era cada vez mais forte. O texto nos informa que Joquebede
escondeu o menino por três meses (Êxodo 2:2). Porem, não podendo escondê-lo por
mais tempo, foi necessário tomar atitudes para livrá-lo. São essas atitudes a
seguir que revelam a mulher forte que foi Joquebede. É importante ressaltar que
todas as decisões de Joquebede faziam parte de um plano de Deus, o Senhor
estava naquelas ações, mas vamos nos deter em suas ações fundamentadas na sua
confiança. São as atitudes de Joquebede que servem como exemplo para nossa
meditação, uma vez que em muitas situações somos também desafiados a agirmos,
crendo nas providências do Senhor. Vejamos algumas dessas ações, ou atitudes:
1) Confie no Senhor em tempos
difíceis.
Confiar. Essa palavra está
intimamente ligada a palavra fé. Só podemos ter um relacionamento agradável a
Deus se tivermos fé. O escritor aos Hebreus, disse: “ORA, a fé é o firme
fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem. Ora,
sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima
de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus
11:1,6). Como cristãos, sempre testemunhamos que temos um Deus, o Deus de
Abrão. E sempre em nossas abordagens evangelísticas procuramos persuadir os
incrédulos a crerem no Deus que temos. Mas, é preciso fazer uma avaliação
criteriosa da nossa confiança no Deus que professamos ter. Quando lemos a
palavra de Deus, deparamos com relatos que marcaram a vida de homens e mulheres
que confiaram inteiramente no Senhor. Esses relatos nos emocionam e nos
fortalece para continuarmos na caminhada cristã. Não podemos esquecer que o
Deus deles, é o mesmo nosso. E, que eles eram sujeitos às mesmas fraquezas que
nós. Poderíamos citar muitas ações de fiéis servos de Deus, mas as ações da
nossa personagem, Joquebede, são suficientes nesse momento para nos conduzir
pelo caminho da confiança. O texto nos fala de um tempo difícil, de repressão,
de escravidão. As condições impostas pelo governo de Faraó levavam o povo
hebreu a não confiar em sua própria força. Eles estavam rendidos! São em
condições difíceis que a confiança em Deus produz nossas melhores ações. Não
devia ser assim, as atitudes que tomamos nos momentos difíceis deveriam ser
tomadas também nos momentos que julgamos fáceis, uma vez que o Deus é o mesmo.
Mas, infelizmente é assim, enquanto acreditamos que temos uma saída, achamos
que podemos agir sem a ajuda de Deus. Acredito que Joquebede também estava
sujeita a agir da mesma forma que agimos se não estivesse rendida àquelas
condições extremamente difíceis. Podemos imaginar que se houvesse outra
alternativa, Joquebede não teria deixado o seu filho num cesto de junco,
betumado, na correnteza imprevisível do rio Nilo. Veja que ela, pelo instinto materno, escondeu o filho o quanto
pôde, mas o texto diz: “não podendo, porém, escondê-lo por mais tempo...”
(Êxodo 2:3). Mas, quando não havia mais tempo, quando o que lhe favorecia
acabou, quando não havia mais saída, agora sim, todas as condições eram
propicias para que a confiança somente em Deus fosse colocada em ação. Haverá
situações que Deus se colocará à nossa frente e dirá: “E agora, o que você vai
fazer?” Não sei quais as condições físicas, materiais e emocionais que você se
encontra, mas seja lá qual for, confie inteiramente no Senhor. Essa foi uma das
atitudes de Joquebede.
2) Deixe nas mãos do Senhor o que
você não pode mais manter pela sua força.
Entregar. Há coisas, pessoas e
circunstâncias que precisamos entregar na mão de Deus. Mas, é sempre com muita
resistência que lutamos para manter em nosso poder situações que já não podemos
mais suportar. Deixar que Deus cuide do que temos de mais precioso é um
desafio. Quantas vezes nesse mundo adverso empreendemos todas as nossas forças
para sustentar o insustentável! Não nos esqueçamos daquela experiência vivida
pelos discípulos do Senhor quando se levantou grande temporal de vento, e as
ondas se arremessavam contra o barco, e eles sabendo que não havia mais o que
fazer, pois o barco enchia-se de água, disseram: “Mestre, não te importa que
pereçamos?” (Marcos 4:35-41). Quando eles perceberam que não podiam fazer mais
nada, só assim, eles entregaram os cuidados daquela frágil embarcação ao
Senhor. Joquebede agiu de forma semelhante. Ela não viu segurança naquele
caudaloso rio, o cesto era frágil, as águas profundas e o seu tenro filho
indefeso, mas, ela entregou. Ela não entregou a casualidade, ou a sorte do
cesto não virar, mas entregou nas mãos do seu Deus. Ela desconhecia os planos que Deus tinha para
aquela criança na libertação do seu povo, mas ela não desconhecia o poder do
seu Deus. Ela sabia que Ele era poderoso para guardá-lo. Não sei o que você tem
de mais importante nesse momento, e que sente escapar de suas mãos, por mais
que dedique toda sua força. O que você precisa entregar ao Senhor? Talvez você
precise entregar seu marido ao Senhor, ou um filho, ou a sua preciosa família.
Não importa o que seja, entregue confiantemente nas mãos do Senhor e você verá
o seu cuidado. Diga como Paulo: “... porque eu sei em quem tenho crido, e estou
certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia” (2
Timóteo 1:12). “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele
fará” (Salmo 37:5).
3) Esperar inteiramente na
providência de Deus.
Esperar. Foram quatrocentos e
trinta anos que os filhos de Israel esperaram pela liberdade (Êxodo 12:40).
Quantos que esperaram pelo dia glorioso da liberdade, e não alcançaram! Esperar
pelo Senhor é uma atitude de confiança. É ter a certeza que Ele virá, mesmo que
o nosso tempo acabe e as condições sejam as mais adversas. Nem sempre o tempo
de Deus é o nosso tempo, o seu socorro pode vir logo, como também pode tardar,
assim como tardou para muitos dos filhos de Israel no Egito. Muitos morreram na
certeza de que o Senhor viria. Precisamos compreender que o nosso Deus tem os
seus tempos determinados, e que isso não compete a nós perscrutar (Atos 1:7).
Joquebede viveu sua vida esperando. Ela esperou o dia da liberdade como todos
os demais israelitas; ela esperou como todas as mães o dia do nascimento do seu
filho, para logo depois ter na providência do Senhor o seu salvamento. Preparar
um cesto de junco para servir de abrigo para o filho, e depositá-lo nas águas
de um rio, depois de tê-lo seguro em seus braços, não era uma medida para se
esperar um final feliz, tendo em vistas as possíveis possibilidades de uma
tragédia. Mas, para tomar todas essas atitudes, Joquebede estava com o seu
coração depositado na providência do Senhor. Como mãe, ela tomou a mais difícil,
mas também a mais esperançosa decisão. Preferiu entregar seu filho nas mãos
providenciais do seu Deus, a segurá-lo nas suas frágeis mãos. O seu exemplo nos
ensina como deveremos agir se a vida nos colocar em situação semelhante. Sei
que não será fácil abrir mão do que mais amamos. O que faremos quando chegar o
momento de deixar nossos filhos no revolto rio da incerteza desse mundo
violento que vivemos? O que faremos diante da ameaça assassina das drogas? O
que faremos diante de tudo aquilo que nos causa medo e ansiedade? Entreguemos
tudo nas mãos do Senhor, na certeza que Ele fará o melhor, o que nós não
podemos fazer. Entregar ao Senhor, essa foi a atitude de Joquebede quando se
sentiu pressionada, ameaçada e impotente diante do mundo. Não sei o que você
precisa entregar. Entregue, não tenha medo, faça como Joquebede, aproxime-se do
rio e deposite o seu precioso cesto e deixe que o Deus da providência faça o
melhor.
Amém!
SOBRE O AUTOR: CLÓVIS DE
SOUSA NOGUEIRA nasceu em Ipupiara a 16
de junho de 1967. É pastor da Primeira Igreja Batista de Ipupiara. Não tem
livros editados, mas seus trabalhos publicados nas redes sociais dariam vários
livros, além do trabalho que faz junto aos membros e não membros da Igreja na
cidade, incluindo a zona rural. Dirige o programa PROCLAMANDO CRISTO na rádio
Diamantina FM. Sob sua direção, a Igreja mantém congregações em Brotas de
Macaúbas e nos povoados de Bela Sombra, Chiquita e Furados. É casado com Eliene
Sodré de Andrade Nogueira e pai de três filhos: Alber Luiz de Andrade Nogueira,
Lincoln Brainerd de Andrade Nogueira e Cléber Lewis de Andrade Nogueira.
Reside em Ipupiara, Bahia.
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