sábado, 30 de março de 2024

"QUE FAREI DE JESUS, CHAMADO CRISTO?"

 


"QUE FAREI DE JESUS, CHAMADO CRISTO?"

(FRAGMENTOS)

José Britto Barros

 

Do Mestre o julgamento, a palmos, prosseguia,

a final decisão, urgente, prescrevia

que ao tribunal romano o Cristo fosse entregue,

e a grande multidão em gritos pra lá segue.

 

O dia já surgira, em sombras envolvido,

quando o Mestre e Senhor pra ali foi conduzido.

 

Acusaram depressa o Senhor divinal;

"Este que hoje tu vês procede muito mal,

proíbe que o tributo a Cesar entreguemos,

e até diz ser um rei, por isso to trouxemos."

 

Jesus, sem reagir, ouvia calmamente

aquela acusação de tão nefasta gente.

 

Pilatos, presidindo aquele julgamento,

começa a interrogar Jesus nesse momento:

- "Tu és rei dos judeus?" O Cristo sem demora

apenas declarou: "Tu o dizes agora!"

 

E em peso a multidão, tremenda, o condenava,

Mas Jesus cousa alguma ao menos replicava!

 

À mesa, o presidente, estranhava demais,

pois réu daquele tipo encontrara jamais.

 

No silêncio do Mestre a inocência descobre,

e vê no bom Jesus um caráter mui nobre.

Num rasgo de justiça, ele ao povo declara:

"Não vejo neste réu cousa alguma ignara,

não acho crime algum que deva ser punido,

mas penso que ele deve é ser absolvido."

 

O povo perturbou-se em ouvi-lo falar

e ao Mestre mais e mais se pôs a condenar!

 

Pilatos se agitou e mostra-se turbado,

pois, deveras, com Cristo está maravilhado.

Lembrou-se, de repente, o costume usual

de um preso libertar na festa pascoal.

 

Jazia na cadeia um grande criminoso

chamado Barrabás, era muito famoso...

Querendo o presidente a Cristo libertar

ao povo perguntou: " A quem hei de soltar,

Jesus ou Barrabás? Escolhei sabiamente"...

Mas o povo, a gritar, repetia fremente:

"Nos solta Barrabás e condena Jesus,

queremos vê-lo já nos braços de uma cruz!"

 

Pilatos bem sabia haver subornação,

e mais forte sentia a sua agitação.

aquele ajuntamento, em fúria pertinaz,

gritava mais e mais: "Sim, solta Barrabás!"

 

Saindo o presidente, enérgico, inquiria

ao povo que tal cousa em gritos exigia:

"Que farei de Jesus, o que Cristo é chamado?"

o povo replicou: "Será crucificado!"

 

"Que fez ele?" pergunta o juiz novamente;

mas, lá da multidão vinha um grito somente:

"Que seja, sem demora, o Cristo condenado,

não podes o soltar, será crucificado!"

 

Pedindo uma bacia ele fala sem custo:

"Inocente eu me sei do sangue deste justo."

E suas mãos lavou bem. O povo, numa voz,

"O seu sangue", gritou, "recaia sobre nós!"

 

Foi solto Barrabás, Jesus, sendo açoitado,

aos homens foi entregue, a ser crucificado!

Terminara afinal aquele julgamento,

onde Cristo passara horrível sofrimento.

 

Memórias do meu Cristo! – o silêncio cabal

Daquele coração que nunca fez um mal!

 

Memórias do meu Cristo! – a famosa bacia

Que a culpa de Pilatos jamais extinguia!

 

Memórias do meu Cristo! – o sangue derramado

Sobre o povo judeu por si mesmo invocado!

 

Memórias do meu Cristo! – a dor que ele sofreu

De escolhido não ser pelo povo judeu!

 

Medita no sofrer que Jesus suportou

Quando, só por te amar, em nada reclamou.

 

Que farás de Jesus, o Cristo sublimado?

Por ti será querido ou sempre desprezado?

 

O sangue do Senhor em paz se cobrirá

E todo o teu pecar hediondo sarará.

Não demores demais, recorre ao bom Jesus

E certo viverás no seu reino de Luz!

 

Manaus, 17/6/1955

 

(LIVRO “MEMÓRIAS DO NAZARENO”, PÁGINAS 239/242)      


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