Ao ilustre
Cel. Militão Rodrigues Coelho.
Líder político que em memoráveis
lutas tanto fez por nossa terra e
por nossa região.
Waldomiro Figueiredo Bastos
Rende-lhe homenagens merecidas..
Barra do Mendes, 14/08/1984
MUNICÍPIOS
DA CHAPADA DIAMANTINA
MUNICÍPIO DE
BARRA DO MENDES (Parte III)
Saul
Ribeiro dos Santos
O coronel
Militão Rodrigues Coelho foi um grande líder político-militar com autoridade
concedida pela Guarda Nacional. Ele desfrutava de prestígio no Distrito de
Barra do Mendes e região. Atualmente no centro da cidade, em praça pública,
encontra-se uma estátua, busto em bronze – erigido em homenagem ao líder local.
Nos primeiros anos da República o sertão da Bahia estava dominado pelo coronelismo. O Coronel Militão Rodrigues Coelho ocupou o cargo de intendente do Município de Brotas de Macaúbas, nomeado pelo Delegado Regional - Dr. Otaviano Sabak, para o período 1914 a 1918. O povo de Brotas de Macaúbas não gostou da nomeação porque o homem nomeado era filho do Jordão (atual Ipupiara) e morador em Barra do Mendes (dois Distritos do interior com política de oposição à sede do Município). Os moradores de Brotas de Macaúbas queriam alguém que fosse brotense. Em 1916 o Coronel Militão foi a salvador conversar com o governador Antônio Muniz de Aragão. Na conversa ele solicitou o desmembramento de parte do território de Brotas de Macaúbas para formar um novo Município com sede na Vila de Barra do Mendes, tendo como Distritos Jordão e Morpará e mais o povoado de Guigós (atual Iguitú). O governador atendeu o pedido e no ano seguinte, pela Lei Estadual nº 1.203/17 de 21/07/1917, foi criado o novo Município. O Coronel Horácio de Matos não gostou da ideia e não aprovou a decisão. As rixas entre os dois coronéis e seus comandados se intensificaram.
Em seu
excelente livro, de grande interesse, “Coronelismo no Antigo Fundão de Brotas”,
que conta a história regional daquele tempo, na pág. 27 o Dr. Mário Ribeiro
Martins (4) expõe que “O coronel Horácio de Matos exigiu do
governador Dr. Antônio Muniz Ferrão de Aragão, que o Coronel Militão fosse
afastado da política local e que a sede do Novo Município fosse transferida de
Barra do Mendes para a Vila Jordão (atual Ipupiara)”. Assim, de
julho de 1917 a agosto de 1919, Barra do Mendes foi a sede do novo Município,
tendo Jordão e Morpará como Distritos. Porém o Distrito de Jordão (atual
Ipupiara), conforme conta o Dr. Mário Martins, foi a sede do Município, tendo
Barra do Mendes e Morpará como Distritos, de agosto de 1919 a maio de 1920,
quando o novo Município foi reanexado ao de Brotas de Macaúbas. A autorização
oficial para a reanexação se deu por força da Lei Estadual 1.388/20. Naquela
época Barra do Mendes e Jordão foram sedes de Município, mas por pouco tempo.
As duas vilas e seus povoados continuaram por muitos anos pagando impostos e
contribuindo para o progresso de Brotas de Macaúbas e subordinados aos líderes
políticos daquela cidade.
Aqui
convém fazer uma pequena digressão. É importante salientar que os moradores das
duas cidades (Barra do Mendes e Ipupiara) são pessoas honestas solidárias e
trabalhadoras. O povo deseja que haja condições para intercâmbios culturais e
comerciais entre as duas cidades. É necessário que os prefeitos dos dois
Municípios se unam, façam reuniões suprapartidárias com seus líderes
(esquecendo preferências partidárias) e, em conjunto consigam agendar um
encontro com o governo do Estado e apresentem um projeto solicitando a
construção de uma estrada com pavimentação asfáltica interligando as sedes dos
dois municípios. São apenas 76 km (com projeto, pequenas desapropriações e
obras de engenharia a distância pode cair para 70 km). A estrada facilitará o
transporte de mercadorias e passageiros, o comércio entre os dois Municípios e
entre duas regiões importantes para o povo e para o Estado. Barateará fretes de
Salvador ou Brasília para os dois Municípios, encurtando a distância entre
Barra do Mendes e Brasília (via Ipupiara)
interligando com a BR-242 e entre Ipupiara e Salvador (via Barra do
Mendes, Irecê e Ipirá - Estrada do Feijão). Além disso, o movimento comercial
que será proporcionado pela rodovia vai ajudar no surgimento de empregos, com
mais lojas de autopeças, restaurantes, hotéis, oficinas de autos, borracharias,
etc. A rodovia de 70 ou 76 km. (poucos quilômetros) é assunto de suma
importância para todos os Municípios de Irecê a Ibotirama, dois Municípios
líderes regionais. Percebe-se que a rodovia será importante para todos.
Vale
salientar que em maio de 1940 Corisco (que foi durante muito tempo o famoso
“cabo de guerra” de Lampião), a sua companheira e mais três parentes estavam
passando pelas terras que hoje pertencem a este Município. Estavam viajando com
destino a Bom Jesus da Lapa, na margem direita do Rio São Francisco. Levavam
oferendas para pagar promessas. Arrancharam (pediram pousada) na Fazenda do Sr.
Pacheco e ficaram na “casa de farinha”, pois não era tempo da desmancha. Dois
dias depois o filho do seu Pacheco foi fazer as compras na feira de Barro Alto
e Corisco fez encomendas. Depois de comprar os produtos o rapaz já ia iniciar o
retorno e o tenente José Osório de Faria (conhecido como Zé Rufino), o chamou e
fez algumas perguntas sobre o grupo que estava arranchado na Fazenda Pacheco.
Zé Rufino
estava com quatro comandados. Intimou o rapaz a ir com eles até o local.
Tomaram posições estratégica e atacaram. Corisco e sua companheira foram
baleados. Foram transportados para Miguel Calmon. Corisco morreu e
foi sepultado no cemitério de Miguel Calmon. Dadá, a companheira, teve a perna
direita amputada. As autoridades levaram a cabeça do cangaceiro morto para o
Museu Nina Rodrigues, em Salvador.(5)
Vamos
retornar aos comentários sobre a trajetória desse importante Município que em
tempos passados foi Distrito do Município de Brotas de Macaúbas. O Distrito de
Barra do Mendes foi criado pelo Dec. Estadual n° 8.291/33 de 03/02/1933. O
Distrito passou muitos anos subordinado a Brotas de Macaúbas. No Mapa da
Divisão Territorial de 01/07/1950 o Distrito de Barra do Mendes figura
pertencendo a Brotas de Macaúbas.
Bem mais
tarde, no ano de 1958, quando era governador do Estado da Bahia o Dr. Antônio
Balbino de Carvalho Filho, de modo diplomático e civilizado, por força da Lei
Estadual nº 1.034/58 de 14 de agosto de 1958 o Distrito de Barra do Mendes foi
efetivamente elevado para a categoria de sede de Município, desmembrando-se
parte dos territórios dos Municípios de Brotas de Macaúbas e de Gentio do Ouro
(a menor parte). A partir daquele ano Barra do Mendes passou a enfrentar a vida
de Município independente, tendo que começar a administração partindo do Zero.
A
emancipação política dos dois Municípios, Ipupiara e Barra do Mendes, foi
oficializada no mesmo mês e no mesmo ano – agosto de 1958. Ambos foram
desmembrados de Brotas de Macaúbas. Há muita coisa para comemorar juntos.
Como autor
destas linhas, quero dizer que estive três vezes em Barra do Mendes conversando
com pessoas idosas, com políticos, comerciantes, donas de casa e com pessoas
comuns da cidade e da zona rural. Em todas as pessoas nota-se um forte desejo
de maior entrelaçamento entre as duas cidades. Muitas famílias de Barra do
Mendes têm parentes morando em Ipupiara e vice-versa. O adjetivo gentílico para
as pessoas que nascem neste Município é barramendense.
Até o ano
2007 o Município figura no Mapa da Divisão Territorial do Estado da Bahia com 3 Distritos, a saber: Barra do Mendes (a
sede), Antarí e Minas do Espirito Santo. Uma das informações mais importantes
para o Município de Barra do Mendes é dizer que na cidade existe em pleno
funcionamento o Palácio da Justiça à disposição da população, com o nome de
“Fórum Alberic Campos”. Após a emancipação política o Município de Barra do
Mendes ficou com os seguintes limites:
Ao Norte,
com o Município de Ibipeba.
Ao Sul,
com o Município de Seabra e Barro Alto.
Ao Leste,
com os Municípios de Souto Soares e Seabra.
Ao Oeste,
com os Municípios de Ipupiara e Brotas de Macaúbas.
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Este
texto é parte integrante do esboço do livro Chapada Diamantina, em
elaboração.
(4) Dr. Mário Ribeiro Martins - escritor,
procurador de justiça, professor universitário e membro da Academia Goiana de
Letras.
Filho natural de Ipupiara.
SOBRE O AUTOR:
SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro,
Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de
Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos
Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro.
Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio,
Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.
Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos
das Regiões da Chapada Diamantina e do
Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o
objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.
Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em
2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.
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