segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

A POESIA DE CARLOS RIBEIRO ROCHA

 


A POESIA DE CARLOS RIBEIRO 

ROCHA

Mário Ribeiro Martins (07/08/1943 - 

18/03/2016)

 

Sobre o ilustre poeta sertanejo, escrevi no meu livro ¨MISCELÂNEA POÉTICA¨, a ele dedicado: ¨É o poeta da natureza, para quem a oportunidade não sorriu, mas cuja poesia é um sorriso eterno¨. Nunca se disse tanto em tão pouco de um poeta.

Nascido no sertão da Bahia, em Ipupiara, nas regiões de Santo Inácio, proximidades da Chapada Diamantina, Carlos Ribeiro Rocha identificou-se com o sertão florido, viveu com a natureza, aprendeu com ela, sem frequentar as salas de um Colégio, conforme diz no seu soneto ¨Biografia do Meu Verso¨.

¨Não podem ter beleza e privilégio

meus pobres versos, nem também doçura,

se não gozei ao menos da ventura

de conhecer as salas de um Colégio.

 

Não foi aos pés de professor egrégio

que aprendi a rabiscar a assinatura;

mas sendo Cristo a luz suprema e pura,

ao vate inspira, e além do mais, protege-o¨.

 

Escritor de méritos, Carlos Ribeiro Rocha é um surpreendente autodidata que se tornou, através de Concurso Público, Coletor Federal em sua cidade natal, transferindo-se, posteriormente, para Xique-Xique, ainda na Bahia, função com a qual pôde sobreviver, contemplar a natureza e escrever a sua poesia simples, consoante ele mesmo diz:

¨São meus versos compostos e tramados

com as folhas verdes, brotos e verdores

sobre as serras e moitas espalhados...

 

E de permeio aos fios da urdidura,

em meus sonetos vão brotando flores

para a colheita próxima-futura!¨

 

Carlos Ribeiro Rocha tem poucos livros publicados, entre outros: ¨28 SONS¨, ¨PORTA ABERTA¨, ¨PINGOS DE MIM¨ ¨HARPA SERTANEJA¨, ¨MEDITAÇÕES, LIÇÕES¨, ¨CAFÉ REQUENTADO¨, ¨COROA DE SONETOS¨ e várias obras inéditas, destacando-se ¨SERTÃO FLORIDO¨, ¨RASTROS DE UMA VIDA¨ e “TROVAS E TROVÕES¨.

Algumas de suas trovas e poesias são encontradas em diferentes jornais, revistas e livros, entre os quais ¨A TROVA NO BRASIL¨, de Aparício Fernandes; ¨ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL¨, Rio de Janeiro, organizado pelo saudoso Aparício Fernandes; ¨MISCELÂNEA POÉTICA¨, de Mário Ribeiro Martins.

Sobre ele disse o professor e escritor Osmar Barbosa, num de seus livros: ¨Carlos Ribeiro Rocha é inspirado poeta, pois, quem talha sonetos como ¨Cigarras e Formigas¨, ¨Velha Mangueira¨, ¨Borboletas¨ etc, tem a arte nas veias, a poesia na alma¨.

De fato, inspiradamente escreveu Carlos R. Rocha:

¨Vai minha alma, rasgando os densos nimbos,

sobrepairando os montes desta Vila,

olhar na selva todos os corimbos,

fitar no céu a estrela que cintila!¨

 

Com sua vida simples, nas vilas pacatas e humildes do sertão, Carlos Ribeiro Rocha construiu sua poesia repleta do verdor da Natureza, gostosa de ser lida e ouvida, conforme se pode sentir nos versos do soneto ¨Meu Livro¨:

¨No grande livro da Natura eu leio,

poemas verdes, lindos, fascinantes,

e o pensamento aos poucos fica cheio

dessas lições que nunca soube dantes.

 

Se anel não tenho, mesmo de ametista,

nas maravilhas desse livro imenso

hei de encontrar a glória da conquista!¨

 

A poesia de Carlos Ribeiro Rocha é um bálsamo harmonioso para a alma e é por isso que ela está presente em toda parte, afinal de contas os bons versos não têm pés, têm asas.

A ele pode ser muito bem aplicada a expressão de Camilo Castelo Branco: ¨Poeta é aquele que desmente as leis anatômicas e filosóficas, vivendo do princípio vital de uma única entranha - o coração¨.

(¨O POPULAR¨. Goiânia, 10 de julho de 1977)


Nota: O poeta silenciou em 27 de novembro de 

2011, em Salvador, Bahia. 

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário