A POESIA DE CARLOS RIBEIRO
ROCHA
Mário Ribeiro Martins (07/08/1943 -
18/03/2016)
Sobre o ilustre poeta sertanejo, escrevi no meu livro ¨MISCELÂNEA
POÉTICA¨, a ele dedicado: ¨É o poeta da natureza, para quem a oportunidade não
sorriu, mas cuja poesia é um sorriso eterno¨. Nunca se disse tanto em tão pouco
de um poeta.
Nascido no sertão da Bahia, em Ipupiara, nas regiões de Santo Inácio,
proximidades da Chapada Diamantina, Carlos Ribeiro Rocha identificou-se com o
sertão florido, viveu com a natureza, aprendeu com ela, sem frequentar as salas
de um Colégio, conforme diz no seu soneto ¨Biografia do Meu Verso¨.
¨Não podem ter beleza e privilégio
meus pobres versos, nem também doçura,
se não gozei ao menos da ventura
de conhecer as salas de um Colégio.
Não foi aos pés de professor egrégio
que aprendi a rabiscar a assinatura;
mas sendo Cristo a luz suprema e pura,
ao vate inspira, e além do mais, protege-o¨.
Escritor de méritos, Carlos Ribeiro Rocha é um surpreendente autodidata
que se tornou, através de Concurso Público, Coletor Federal em sua cidade
natal, transferindo-se, posteriormente, para Xique-Xique, ainda na Bahia,
função com a qual pôde sobreviver, contemplar a natureza e escrever a sua
poesia simples, consoante ele mesmo diz:
¨São meus versos compostos e tramados
com as folhas verdes, brotos e verdores
sobre as serras e moitas espalhados...
E de permeio aos fios da urdidura,
em meus sonetos vão brotando flores
para a colheita próxima-futura!¨
Carlos Ribeiro Rocha tem poucos livros publicados, entre outros: ¨28
SONS¨, ¨PORTA ABERTA¨, ¨PINGOS DE MIM¨ ¨HARPA SERTANEJA¨, ¨MEDITAÇÕES, LIÇÕES¨,
¨CAFÉ REQUENTADO¨, ¨COROA DE SONETOS¨ e várias obras inéditas, destacando-se
¨SERTÃO FLORIDO¨, ¨RASTROS DE UMA VIDA¨ e “TROVAS E TROVÕES¨.
Algumas de suas trovas e poesias são encontradas em diferentes jornais,
revistas e livros, entre os quais ¨A TROVA NO BRASIL¨, de Aparício Fernandes;
¨ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL¨, Rio de Janeiro, organizado pelo saudoso Aparício
Fernandes; ¨MISCELÂNEA POÉTICA¨, de Mário Ribeiro Martins.
Sobre ele disse o professor e escritor Osmar Barbosa, num de seus
livros: ¨Carlos Ribeiro Rocha é inspirado poeta, pois, quem talha sonetos como
¨Cigarras e Formigas¨, ¨Velha Mangueira¨, ¨Borboletas¨ etc, tem a arte nas
veias, a poesia na alma¨.
De fato, inspiradamente escreveu Carlos R. Rocha:
¨Vai minha alma, rasgando os densos nimbos,
sobrepairando os montes desta Vila,
olhar na selva todos os corimbos,
fitar no céu a estrela que cintila!¨
Com sua vida simples, nas vilas pacatas e humildes do sertão, Carlos
Ribeiro Rocha construiu sua poesia repleta do verdor da Natureza, gostosa de
ser lida e ouvida, conforme se pode sentir nos versos do soneto ¨Meu Livro¨:
¨No grande livro da Natura eu leio,
poemas verdes, lindos, fascinantes,
e o pensamento aos poucos fica cheio
dessas lições que nunca soube dantes.
Se anel não tenho, mesmo de ametista,
nas maravilhas desse livro imenso
hei de encontrar a glória da conquista!¨
A poesia de Carlos Ribeiro Rocha é um bálsamo harmonioso para a alma e é
por isso que ela está presente em toda parte, afinal de contas os bons versos
não têm pés, têm asas.
A ele pode ser muito bem aplicada a expressão de Camilo Castelo Branco:
¨Poeta é aquele que desmente as leis anatômicas e filosóficas, vivendo do
princípio vital de uma única entranha - o coração¨.
(¨O POPULAR¨. Goiânia, 10 de julho de 1977)
Nota: O poeta silenciou em 27 de novembro de
2011, em Salvador,
Bahia.
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