segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

MUNICÍPIO DE BARRA DO MENDES - PARTE II

 



                             (CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES)


MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA

MUNICÍPIO DE BARRA DO MENDES (Parte II)

Saul Ribeiro dos Santos

📧saul.ribeiro1945@gmail.com

 

EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

 

 

Os primeiros habitantes humanos e donos das terras que hoje pertencem ao Município de Barra do Mendes foram os índios das tribos tapuias. (1) Os índios tabajaras viviam em outros locais, nas terras do baixo São Francisco e do Rio Paraíba do Norte, no Ceará. Os tabajaras mostram uma história de sucessivas migrações. São grandes as dificuldades para se fazer um apanhado geral da história, da cultura e das sociedades indígenas brasileiras.(2) Anos depois, por ordem do Rei de Portugal, as terras desta parte da Bahia passaram a pertencer a João Saldanha da Gama Guedes Brito, o Conde da Ponte – corretor oficial.

A maior parte das terras deste Município pertencia ao imenso Município de Brotas de Macaúbas. Muitos anos se passaram e em 1933, pelo Dec. Estadual n° 8.291/33 o povoado de Barra do Mendes foi elevado para a importante categoria de Distrito, pertencente ao Município de Brotas de Macaúbas, que foi um Município organizado ainda nos últimos tempos do imperador D. Pedro II.

Vale lembrar que os últimos anos do período imperial em nossa pátria, foram anos marcados por insatisfações verificadas no meio político e entre os empresários que desejavam ver o Brasil inserido no regime republicano, como já havia acontecido em outros países das Américas. No dia 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República do Brasil. Um ano depois, a 15 de novembro de 1890, foi escolhido e aprovado o Congresso Constituinte Republicano. Em 24 de fevereiro de 1891 foi aprovada e promulgada a primeira Constituição da República. A 1ª Carta Magna estabeleceu o presidencialismo e criou o federalismo. Nesse tempo a política brasileira passou por profundas mudanças, afetando inclusive a administração dos Municípios do sertão.

A partir de 1882 o Município de Brotas de Macaúbas foi fortemente influenciado pelo coronelismo. As histórias dos Municípios de Barra do Mendes e de Ipupiara (antigo Jordão) estão ligadas de modo inseparável à de Brotas de Macaúbas, não só pelo fato de terem sido Distritos pertencentes por muitos anos ao mesmo Município, mas pelas rixas entre os coronéis daquela época e também pelo fato de que foram emancipados no mesmo ano e no mesmo mês. São Municípios vizinhos.

Em toda a Chapada Diamantina muitos líderes foram nomeados e receberam a patente de Coronel. Os dois homens mais notáveis em toda esta região, investidos com esta patente, foram o Coronel Militão Rodrigues Coelho e o Coronel Horácio Queiroz de Matos. As rixas entre esses dois coronéis eram fortes e antigas. Os dois chefões tinham seus coronéis subordinados, uma espécie de General de Brigada. Arregimentavam homens para as batalhas e sob o comando do chefe maior planejavam as lutas.

A história dos três Municípios citados (Barra do Mendes, Ipupiara e Brotas de Macaúbas) está cheia de fatos significativos das lutas políticas que não podem ser narrados ou escritos em apenas duas ou três páginas.

Toda esta vasta região, com a Vila de Barra do Mendes, seus povoados, mais a Vila de Jordão, parte de Oliveira dos Brejinhos e Morpará (na margem direita do Rio São Francisco), formavam um grande território pertencente ao Município de Brotas de Macaúbas. Dá para se perceber que o território era imenso (mais de 7 mil km²), com topografia cheia de montanhas, outeiros e grotões. O gestor do Município e os vereadores precisavam percorrer o trecho entre a cidade de Brotas de Macaúbas (a sede) e os distritos. Para cumprir o dever andavam montados em bons cavalos. Vale lembrar que de julho de 1931 a agosto de 1933 o território do Município de Oliveira dos Brejinhos foi anexado ao de Brotas de Macaúbas como simples Distrito. Não demorou muito e readquiriu a independêcia.

Naquele tempo a topografia do território de Brotas de Macaúbas oferecia muitas dificuldades de locomoção para o prefeito e vereadores percorrerem os trechos entre a cidade e os Distritos. Mas era necessário conversar com o povo, com os políticos locais e verificar as necessidades do povo. Mesmo que fossem montados em cavalos robustos levariam uns 15 dias ou mais para percorrer o território municipal. Até hoje continua grande o território, pois na direção Leste faz divisa com Seabra e na direção Oeste vai até poucos quilômetros para as margens do Rio São Francisco.

De 1889 a 1930 – período chamado de Primeira República ou República Velha, o Brasil passou por mudanças. Foi um período caracterizado pelo domínio dos grandes fazendeiros de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais - produtores de café, homens que controlavam o governo central da República, sediado no Distrito Federal (que era a cidade do Rio de Janeiro - naquele tempo). O período ocasionou o desenvolvimento urbano e industrial, especialmente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Sul de Minas Gerais. Para os Estados do Norte e Nordeste, os projetos ficavam para mais tarde. Os sertanejos, por exemplo, se sentiam esquecidos pelo poder público. Aquela época foi um período favorável ao fortalecimento das oligarquias (onde o poder é exercido por um pequeno grupo). O governo federal do regime republicano teve que lidar com muitos movimentos. Era um somatório de problemas terríveis e difíceis de serem controlados. Vejamos:

a)   Guerra de Canudos em 1895 e com maior intensidade nos anos de 1896 e 1897, onde o governo gastou muito dinheiro e teve que admitir, aceitar a perda de muitos oficiais, soldados e outros brasileiros gente do povo comum, mortos em combate. Tudo aconteceu porque o povo sertanejo se sentiu desprezado pelo governo.

b)   Intrigas dentro da política nacional.

c)   Os Coronéis do sertão ávidos pelo poder.

d)   Consequências da 1ª. Guerra Mundial (1914 a 1918).

e)   Coluna Prestes com a marcha guerrilheira (1925/1927).

f)     Pequenos grupos de jagunços com intenções políticas.

g)   Lampião e sua turma (1917/1938). (3)

h)   Vários outros problemas - uma enxurrada de casos a resolver.

 

Este texto é parte integrante do livro Chapada Diamantina, em elaboração. 

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 Fonte:  IBGE, Prefeitura Municipal, UPB – União dos Municípios da Bahia, Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Enciclopédia Barsa, Wikipédia dos Municípios (Internet) e outras fontes. 

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  (1 e 2)     Enciclopédia Universo, vol. VI pág.  n° 2.736 – Editora Delta e Editora Três, Rio de Janeiro – 1973. 

 

  (3)     Lampião - Virgulino Pereira da Silva. (Serra Talhada-PE 1900 – Angicos - SE - 1938). Após o assassinato do seu pai em 1917, 

           Virgulino passou a fazer parte do bando de Sebastião Pereira. Numa das lutas contra a Polícia a sua arma não deixava de ter clarão (em função de ininterruptos disparos), parecendo um lampião. A partir daí ganhou o epíteto (apelido) de Lampião. 

           Formou o seu próprio bando e contava com a colaboração de muita gente, inclusive de políticos, por simpatia, por medo ou por acordo. Enciclopédia Universo, vol. VI pág. 3.028 – Editora Delta e Editora Três, Rio de Janeiro – 1973. 

 

 

SOBRE O AUTOR

SAUL RIBEIRO DOS SANTOS é casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro.

Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.

Colaborador assíduo do Blog Literário do Filemon e trabalha no projeto do livro CHAPADA DIAMANTINA, em elaboração.

 

 


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