(CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES)
MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA
MUNICÍPIO DE BARRA DO MENDES
(Parte II)
Saul Ribeiro dos Santos
📧saul.ribeiro1945@gmail.com
EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Os primeiros habitantes humanos e
donos das terras que hoje pertencem ao Município de Barra do Mendes foram os
índios das tribos tapuias. (1) Os índios tabajaras viviam em outros locais, nas
terras do baixo São Francisco e do Rio Paraíba do Norte, no Ceará. Os tabajaras
mostram uma história de sucessivas migrações. São grandes as dificuldades para
se fazer um apanhado geral da história, da cultura e das sociedades indígenas
brasileiras.(2) Anos depois, por ordem do Rei de Portugal, as terras desta
parte da Bahia passaram a pertencer a João Saldanha da Gama Guedes Brito, o
Conde da Ponte – corretor oficial.
A maior parte das terras deste
Município pertencia ao imenso Município de Brotas de Macaúbas. Muitos anos se
passaram e em 1933, pelo Dec. Estadual n° 8.291/33 o povoado de Barra do Mendes
foi elevado para a importante categoria de Distrito, pertencente ao Município
de Brotas de Macaúbas, que foi um Município organizado ainda nos últimos tempos
do imperador D. Pedro II.
Vale lembrar que os últimos anos
do período imperial em nossa pátria, foram anos marcados por insatisfações
verificadas no meio político e entre os empresários que desejavam ver o Brasil
inserido no regime republicano, como já havia acontecido em outros países das
Américas. No dia 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República do Brasil.
Um ano depois, a 15 de novembro de 1890, foi escolhido e aprovado o Congresso
Constituinte Republicano. Em 24 de fevereiro de 1891 foi aprovada e promulgada
a primeira Constituição da República. A 1ª Carta Magna estabeleceu o
presidencialismo e criou o federalismo. Nesse tempo a política brasileira
passou por profundas mudanças, afetando inclusive a administração dos
Municípios do sertão.
A partir de 1882 o Município de
Brotas de Macaúbas foi fortemente influenciado pelo coronelismo. As histórias
dos Municípios de Barra do Mendes e de Ipupiara (antigo Jordão) estão ligadas
de modo inseparável à de Brotas de Macaúbas, não só pelo fato de terem sido
Distritos pertencentes por muitos anos ao mesmo Município, mas pelas rixas
entre os coronéis daquela época e também pelo fato de que foram emancipados no
mesmo ano e no mesmo mês. São Municípios vizinhos.
Em toda a Chapada Diamantina
muitos líderes foram nomeados e receberam a patente de Coronel. Os dois homens
mais notáveis em toda esta região, investidos com esta patente, foram o Coronel
Militão Rodrigues Coelho e o Coronel Horácio Queiroz de Matos. As rixas entre
esses dois coronéis eram fortes e antigas. Os dois chefões tinham seus coronéis
subordinados, uma espécie de General de Brigada. Arregimentavam homens para as
batalhas e sob o comando do chefe maior planejavam as lutas.
A história dos três Municípios
citados (Barra do Mendes, Ipupiara e Brotas de Macaúbas) está cheia de fatos
significativos das lutas políticas que não podem ser narrados ou escritos em
apenas duas ou três páginas.
Toda esta vasta região, com a
Vila de Barra do Mendes, seus povoados, mais a Vila de Jordão, parte de
Oliveira dos Brejinhos e Morpará (na margem direita do Rio São Francisco),
formavam um grande território pertencente ao Município de Brotas de Macaúbas.
Dá para se perceber que o território era imenso (mais de 7 mil km²), com
topografia cheia de montanhas, outeiros e grotões. O gestor do Município e os
vereadores precisavam percorrer o trecho entre a cidade de Brotas de Macaúbas
(a sede) e os distritos. Para cumprir o dever andavam montados em bons cavalos.
Vale lembrar que de julho de 1931 a agosto de 1933 o território do Município de
Oliveira dos Brejinhos foi anexado ao de Brotas de Macaúbas como simples
Distrito. Não demorou muito e readquiriu a independêcia.
Naquele tempo a topografia do
território de Brotas de Macaúbas oferecia muitas dificuldades de locomoção para
o prefeito e vereadores percorrerem os trechos entre a cidade e os Distritos.
Mas era necessário conversar com o povo, com os políticos locais e verificar as
necessidades do povo. Mesmo que fossem montados em cavalos robustos levariam
uns 15 dias ou mais para percorrer o território municipal. Até hoje continua
grande o território, pois na direção Leste faz divisa com Seabra e na direção
Oeste vai até poucos quilômetros para as margens do Rio São Francisco.
De 1889 a 1930 – período chamado
de Primeira República ou República Velha, o Brasil passou por mudanças. Foi um
período caracterizado pelo domínio dos grandes fazendeiros de São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais - produtores de café, homens que controlavam o governo
central da República, sediado no Distrito Federal (que era a cidade do Rio de
Janeiro - naquele tempo). O período ocasionou o desenvolvimento urbano e
industrial, especialmente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Sul de
Minas Gerais. Para os Estados do Norte e Nordeste, os projetos ficavam para
mais tarde. Os sertanejos, por exemplo, se sentiam esquecidos pelo poder
público. Aquela época foi um período favorável ao fortalecimento das
oligarquias (onde o poder é exercido por um pequeno grupo). O governo federal
do regime republicano teve que lidar com muitos movimentos. Era um somatório de
problemas terríveis e difíceis de serem controlados. Vejamos:
a) Guerra de Canudos em 1895 e com maior intensidade nos anos de 1896 e
1897, onde o governo gastou muito dinheiro e teve que admitir, aceitar a perda
de muitos oficiais, soldados e outros brasileiros gente do povo comum, mortos
em combate. Tudo aconteceu porque o povo sertanejo se sentiu desprezado pelo
governo.
b) Intrigas dentro da política nacional.
c) Os Coronéis do sertão ávidos pelo poder.
d) Consequências da 1ª. Guerra Mundial (1914 a 1918).
e) Coluna Prestes com a marcha guerrilheira (1925/1927).
f) Pequenos grupos de jagunços com intenções políticas.
g) Lampião e sua turma (1917/1938). (3)
h) Vários outros problemas - uma enxurrada de casos a resolver.
Este texto é parte integrante do livro Chapada Diamantina,
em elaboração.
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Fonte:
IBGE, Prefeitura Municipal, UPB – União dos Municípios da Bahia, Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros, Enciclopédia Barsa, Wikipédia dos Municípios
(Internet) e outras fontes.
______________
(1 e
2) Enciclopédia Universo, vol. VI pág. n° 2.736 – Editora Delta e Editora
Três, Rio de Janeiro – 1973.
(3) Lampião - Virgulino Pereira da Silva. (Serra
Talhada-PE 1900 – Angicos - SE - 1938). Após o assassinato do seu pai em 1917,
Virgulino passou a fazer parte do bando de Sebastião Pereira. Numa das lutas
contra a Polícia a sua arma não deixava de ter clarão (em função de ininterruptos disparos),
parecendo um lampião. A partir daí ganhou o epíteto (apelido) de Lampião.
Formou o seu próprio bando e contava com a colaboração de muita gente,
inclusive de políticos, por simpatia, por medo ou por acordo. Enciclopédia Universo, vol. VI pág.
3.028 – Editora Delta e Editora Três, Rio de Janeiro – 1973.
SOBRE O AUTOR
SAUL RIBEIRO DOS SANTOS é casado com
a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos,
Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro.
Autor do livro DECISÕES &
DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira
de Santana, Bahia.
Colaborador assíduo do Blog
Literário do Filemon e trabalha no projeto do livro CHAPADA DIAMANTINA, em
elaboração.
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