sexta-feira, 27 de outubro de 2023

VULCÃO EXTINTO (QUASE)

 VULCÃO EXTINTO (QUASE)

SONETO AOS 80 ANOS


Miguel Russowsky


Quando quero compor... Viajo de improviso

na boleia do sonho, usando uma caneta.

E vejam... Vejam só! Vou a qualquer planeta

sem passaporte até. Nem dinheiro preciso.


Poeta pensa assim: A vida é uma roleta

que dá prêmios a quem sabe usar, com juízo,

um anseio... uma flor... um " bom dia!" ... um sorriso,

uma carta de amor que mofou na gaveta...


Quando quero compor... empenhado me esforço

para obter o melhor. Dar-me-ia remorso

por velhice calar, qual um vulcão extinto.


Se não quero compor?!... (É mentira, pois quero!)

digo: Poesia é besteira!... É farsa!... É lero-lero!...

Não dá felicidade a ninguém!... (Só... que... minto!)


(LIVRO CANTARES DE UM VULCÃO QUASE EXTINTO, PÁGINA 35)

Nenhum comentário:

Postar um comentário