SONETO
Guimarães Passos (Maceió, Al. 1867 - 1909, Paris/França)
À terra torna o que da terra veio;
A água que sai do vasto mar, um dia
Mais pura do que quando ao céu subia
Torna de novo ao primitivo seio.
Assim, todo o momento de alegria
Que feliz de ilusões eu via cheio;
As horas de ventura e de receio,
Tudo eu te entrego, como te pedia.
De ti, nem quero a pálida lembrança,
Viverei sem uma única esperança,
Sem o mínimo amor de uma mulher.
Mas no teu peito, que viveu mentindo,
Põe uma cruz – ao mundo prevenindo.
Que és o sepulcro do teu próprio ser.
(ALMANAQUE CHUVA DE VERSOS, 473, JOSÉ FELDMAN)

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