ANTONIO CONSELHEIRO E AS VINTE E CINCO IGREJAS
Carlos Araújo
(Observação do Blog: este poema foi composto com 24 estrofes. Para facilitar a publicação, dividimos o poema em 4 partes de 6 estrofes) -
Final
19
– Nessas minhas orações
Fiz promessa benfazeja:
Construir uma igreja
Pra cada morte ocorrida.
E que toda essa ferida
Viesse a cicatrizar
Que jamais no Ceará
Reinasse a desarmonia.
Vim pro sertão da Bahia
Meu sonho concretizar.
20
– O final da minha história
Você já sabe de sobra
Em todo tipo de obra
Escrita por bacharel
Em folhetos de cordel
E teses de doutorado
Já tive o crânio estudado
Pra saber se fui normal.
Pois na busca do “ideal”
Vi meu povo trucidado.
21
– Eu só pretendia erguer
Essas casas de oração
E não sei por que razão
Parei no Vaza-Barris.
Por um capricho infeliz
Construí uma cidade
Que teve a capacidade
De se autossustentar.
Todos corriam pra lá
Para o lugar de igualdade.
22
– Canudos em quatro anos
Lá no sertão era a tal.
Foi notícia de jornal –
E incomodou a Nação.
E o presidente de então,
O Prudente de Morais,
Despachou seus “federais”
Para nos aniquilar.
Conseguiram consumar
E o fato foi pros anais.
23
– Não cumpri minha promessa,
Parei lá pela metade.
Não tive a serenidade
Cresceu minha empolgação.
E essa minha ambição
A mente me confundiu.
A morte me consumiu
E para meu desconforto
Cada um parente morto
Vi multiplicar por mil.
24
– Cheguei ao Terceiro Céu
Bem no dia que morri.
E o Comitê dali
Decretou na ocasião
Que para minha ascensão
Por cem anos vou purgar.
Agora você saberá
Como foi a minha morte…
– Por um capricho da sorte,
Alguém veio me acordar!
(Fim)
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