quinta-feira, 13 de julho de 2023

ANTONIO CONSELHEIRO E AS VINTE E CINCO IGREJAS

 



ANTONIO CONSELHEIRO E AS VINTE E CINCO IGREJAS

Carlos Araújo  

(Observação do Blog: este poema foi composto com 24 estrofes. Para facilitar a publicação, dividimos o poema em 4 partes de 6 estrofes)  - 

Final

19

– Nessas minhas orações

Fiz promessa benfazeja:

Construir uma igreja

Pra cada morte ocorrida.

E que toda essa ferida

Viesse a cicatrizar

Que jamais no Ceará

Reinasse a desarmonia.

Vim pro sertão da Bahia

Meu sonho concretizar.

20

– O final da minha história

Você já sabe de sobra

Em todo tipo de obra

Escrita por bacharel

Em folhetos de cordel

E teses de doutorado

Já tive o crânio estudado

Pra saber se fui normal.

Pois na busca do “ideal”

Vi meu povo trucidado.

21

– Eu só pretendia erguer

Essas casas de oração

E não sei por que razão

Parei no Vaza-Barris.

Por um capricho infeliz

Construí uma cidade

Que teve a capacidade

De se autossustentar.

Todos corriam pra lá

Para o lugar de igualdade.

22

– Canudos em quatro anos

Lá no sertão era a tal.

Foi notícia de jornal –

E incomodou a Nação.

E o presidente de então,

O Prudente de Morais,

Despachou seus “federais”

Para nos aniquilar.

Conseguiram consumar

E o fato foi pros anais.

23

– Não cumpri minha promessa,

Parei lá pela metade.

Não tive a serenidade

Cresceu minha empolgação.

E essa minha ambição

A mente me confundiu.

A morte me consumiu

E para meu desconforto

Cada um parente morto

Vi multiplicar por mil.

24

– Cheguei ao Terceiro Céu

Bem no dia  que morri.

E o Comitê dali

Decretou na ocasião

Que para minha ascensão

Por cem anos vou purgar.

Agora você saberá

Como foi a minha morte…

– Por um capricho da sorte,

Alguém veio me acordar!


(Fim)


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