terça-feira, 16 de setembro de 2025

CAMINHOS DO SERTÃO - FILEMON MARTINS

 


                       (FOTO DE SANDRO, CARRANCA, BAHIA)



       CAMINHOS DO SERTÃO

             Filemon Martins


 

Eu conheço de perto estes caminhos

onde as águas deslizam pelas grotas,

onde as aves, alegres, fazem ninhos

para depois buscarem novas rotas.


Bons amigos, parceiros e vizinhos,

não há vitórias nem também derrotas...

As árvores acolhem passarinhos

que chegam de paragens tão remotas.


A lembrança me vem ao pensamento,

como era bom viver aquele tempo

em que o sonho embalou o coração.


Eu quisera de novo, estar desperto

e andar, mais uma vez, de peito aberto

pelos caminhos ínvios do Sertão!

SAUDADE - FILEMON MARTINS

 




SAUDADE

         Filemon Martins

 

 Eterno sonho de felicidade,
- ventura que chegou tão tarde,
- ventura que se foi tão cedo...


Sonho de amor, de meiguice,
quantas palavras que não disse
e que é tarde demais para dizê-las...


Só restou a saudade quando você partiu...

E nunca mais amei alguém como você... 











FELICIDADE I - FILEMON MARTINS

 




FELICIDADE  I 
Filemon Martins



A Felicidade chegou,
bateu à tua porta,
olhou carinhosamente,
chamou insistentemente,
gritou desesperadamente,
mas ninguém a viu,
ninguém a atendeu.

E ela se foi pelos caminhos da vida...

Foi assim que cheguei e te chamei,
mas não me ouviste.
Andei a teu lado,
mas não me viste.
Abri meu coração e disse que te amava,
mas não me acreditaste.
Busquei teu amor, nem sequer me olhaste.
Decerto amavas outro...

E fui assim, como a Felicidade,
seguindo o meu destino,
em busca de outros lábios,
em busca de outros braços,
até me perder nas curvas do caminho...

QUEM FOI GETÚLIO RIBEIRO BARRETO? - FILEMON MARTINS


 

(FOTO DO LIVRO "IPUPIARA & IBIPETUM", PÁGINA 95, DE ARIDES LEITE SANTOS)



QUEM FOI GETÚLIO RIBEIRO BARRETO?

Filemon Martins

 

 Getúlio Ribeiro Barreto nasceu em Gentio do Ouro, em 10.12.1921, filho de Licínio Gomes Ribeiro e Francisca Alves Barreto, onde estudou as primeiras letras. Depois, transferiu-se para Ipupiara, antigo Jordão de Brotas e se tornou próspero comerciante de tecidos, estabelecido com sua ¨Loja das Meninas¨, na praça principal da cidade, Dr. Getúlio Vargas. Casou-se com Solina Amorim, nascida em Xique-Xique em maio de 1920. Filha de Anísia Amorim Barreto e José Benício dos Santos. Residiu por muitos anos na Rua Sete de Setembro, centro de Ipupiara. Não tiveram filhos, mas adotaram como filho legítimo Hiram Amorim Barreto. Hiram casou-se primeiro com Isabel Maria da Silva Barreto, tendo os filhos Marilan da Silva Barreto e Mirian Solina da Silva Barreto. Depois, casou-se com Valéria Ribeiro dos Santos, tendo o filho Getúlio. Getúlio Ribeiro Barreto durante muito tempo fez suas compras na porta com os representantes que visitavam a região. Depois, passou a comprar em Salvador, a capital. Com o advento da fama de São Paulo, onde outros comerciantes da cidade compravam, acabou aderindo ao sistema e vinha fazer suas compras pessoalmente em São Paulo, quase sempre com outros comerciantes na região das ruas 25 de Março, Carlos de Souza Nazaré, Jorge azem, entre outras. Hospedava-se na Rua Almirante Barroso, no bairro do Brás, indo a pé até a região de compras, Mercado Municipal de São Paulo.

Era prático em farmácia, prescrevia medicamentos, aplicava injeções, a quem solicitasse e onde quer que fosse, numa época em que a figura do médico e das enfermeiras eram raras. Mesmo depois que a Junta de Missões Nacionais enviou enfermeiras para a cidade, ainda assim o Getúlio continuou ajudando a população mais carente. Conheci pessoas que até preferiam a presença do Getúlio, talvez até por conhecê-lo melhor. Foi um cidadão humanitário e iluminado. Competente no que fazia, Getúlio foi também agricultor e criador de gado, granjeando prestígio por seus méritos junto ao povo. Por instrumentalidade de Artur Ribeiro dos Santos entrou para a política local, tendo participado ativamente das lutas de emancipação do Município de Ipupiara, que estava atrelado a Brotas de Macaúbas. Na primeira eleição do município em 1958 saiu como candidato a prefeito concorrendo com José Antônio dos Santos (Dedé). O resultado foi surpreendente, houve um número de votos igual para os dois candidatos: empate. Como era mais velho, Dedé se tornou o primeiro prefeito de Ipupiara. Getúlio, no entanto, continuou na política. Eleito vereador para a legislatura de 1963 a 1966. Secretário Municipal na gestão do prefeito Oscarino José dos Santos de 1973 a 1976. Vice-prefeito de 1977 a 1982. Por fim, eleito prefeito para a gestão de 1983 a 1988.

Evangélico, pertencente a Denominação Batista, frequentou por muito tempo a Igreja Batista, na Rua Rui Barbosa. Em 1969 houve uma dissenção entre os membros que acabou dividindo a Igreja, surgindo efetivamente a Primeira Igreja Batista, com sede na Praça Santos Dumont, centro de Ipupiara, hoje dirigida pelo Pastor Clóvis de Sousa Nogueira, onde se filiou por algum tempo, afastando-se depois e reconciliando-se com a Igreja já no final de sua existência. Aquela Igreja Batista da rua Rui Barbosa tornou-se Igreja Batista Renovada, hoje sob a direção do Pastor Adelson Durães.

Getúlio transferiu sua residência para a Rua Rui Barbosa, onde construiu sua nova casa e comércio, tendo morado ali até os últimos dias de sua vida. Sua esposa Solina Amorim Barreto faleceu a 09/01/1998, enquanto Getúlio Ribeiro Barreto encerrou sua vida a 17/10/2000.

Getúlio Ribeiro Barreto foi um dos homens mais ilustres de Ipupiara, embora tenha nascido em Gentio do Ouro, adotou a cidade de Ipupiara, como sua e a ela dedicou toda a sua vida.

Getúlio Ribeiro Barreto escreveu seu nome à história de Ipupiara, com inteligência, humanidade e honradez.

 

Nota do autor: agradecimentos ao primo Izidoro Pereira de Novais, nosso colaborador pelas informações prestadas.

 

 

(LIVRO "CAMINHOS DO JORDÃO DA BAHIA", 

PÁGINAS 121/123)

 


UNIVERSO COLORIDO - JOAQUIM RODRIGUES DE NOVAIS

 



 

UNIVERSO COLORIDO

Joaquim Rodrigues de Novais


 

Um universo colorido está chegando


no Brasil cheio de amor
 
e vida, nessa terra abençoada,

na mais

bela estação, a natureza é contemplada.



As mais lindas poesias entre as flores
 
perfumadas todos querem sentir e ver.

Escrevem
 
maravilhosos poemas na sombra dos Ipês!
 
As flores trazem saudades daqueles que
 
já se foram, da roça, da velha casinha, um
 
verdadeiro tesouro! Elas falam mais do

 passado, que não volta mais.



Que Deus abençoe nossas vidas, peço de

 coração! Ainda falando dela, jardim da

 inspiração, seja bem-vinda primavera,
  
a próxima estação!

 

Ipupiara, 14/09/2025.



domingo, 14 de setembro de 2025

MISTER PERSEVERAR - C. A. BEIRAL

 



 MISTER PERSEVERAR
                    C. A. Beiral


Sem dividir os erros que pratico,
alguns infelizmente desejados,
eu não sei bem se arrependido fico,
por ouvir seus apelos reiterados.

A mim próprio prometo e planifico
como manter-me a salvo dos chamados,
mas num triz me descuido e me salpico
nos charcos tibiamente contornados...

- Fácil descer, confirmo e me deploro,
sentindo que preciso, mas não choro,
como quem se flagela em penitência;

Mesmo assim, não desgarro do meu lenho,
e me levanto pela fé que tenho,
que posso e vou vencer qualquer falência!


(Do livro CANTIGAS & APONTAMENTOS, página 119)

DISTÂNCIA - COLOMBINA

 



DISTÂNCIA
Colombina



"E quando reflorirem as roseiras
e o sol à terra der novo fulgor,
acordando as cigarras cantadeiras...
eu voltarei também, meu grande amor!"

Palavras de esperança, alvissareiras!
Tu dizias, beijando-me com ardor...
Era no outono. Nuvens agoureiras
prenunciavam abandono e dor.

E veio o inverno e veio o vento frio
e tudo foi ficando tão vazio,
tão triste a minha vida... Mas, depois,

voltou de muito longe a primavera.
Porém, o que eu queria não trouxera,
e continuou o inverno entre nós dois.

(O Fanal, n° 590, Casa do Poeta “Lampião de Gás”)

REMISSÃO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

 



REMISSÃO 
Carlos Drummond de Andrade


Tua memória, pasto de poesia,
tua poesia, pasto dos vulgares,
vão se engastando numa coisa fria
a que tu chamas: vida, e seus pesares.

Mas, pesares de quê? Perguntaria,
se esse travo de angústia nos cantares,
se o que dorme na base da elegia
vai correndo e secando pelos ares,

e nada resta, mesmo, do que escreves
e te forçou ao exílio das palavras,
senão contentamento de escrever,

enquanto o tempo, em suas formas breves
ou longas, que sutil interpretavas,
se evapora no fundo do teu ser?

A DECISÃO DE FREDERICK CHARLES GLASS - SAUL RIBEIRO DOS SANTOS

 

 

A DECISÃO DE FREDERICK CHARLES GLASS




A história de um jovem inglês que veio para o Brasil trabalhar na construção de estradas de ferro e em empresas mineradoras.

 

O BRASIL, desde meados do século XVI até o final do século XIX, apesar de ser uma nação potencialmente rica com abundantes reservas minerais, matas exuberantes com muitas árvores nativas para a produção de madeira de lei, com grandes e caudalosos rios demonstrando riqueza hídrica e pesca, possuindo uma longa costa marítima, era uma nação politicamente independente, mas continuava sendo uma nação pobre e dependente das nações ricas e desenvolvidas.

Naqueles anos aqui predominava o trabalho baseado na mão de obra escrava, especialmente nas fazendas com lavouras de cana-de-açúcar e café. De igual modo prevalecia o trabalho escravo nos garimpos e em outras atividades. Os produtos industrializados vinham da Europa. Nossos principais fornecedores eram a Inglaterra, França e Alemanha.

As poucas estradas de ferro existentes eram construídas e controladas pela Inglaterra. Muitas minas de ouro e outros minérios, quase tudo era construído e explorado por empresas inglesas. A estrada de ferro ligando Santos e Jundiaí a São Paulo foi construída pelos ingleses. A estrada de ferro foi inaugurada com o nome de São Paulo Railways. Durante o período dos anos do Brasil colônia e do Brasil império, até a data da primeira constituição republicana o Brasil adotou e apoiou a Igreja Católica Romana como religião oficial. Com a promulgação da constituição republicana, legalmente o Brasil passou a ser um país laico.

Corria o ano de 1892 e uma empresa inglesa foi contratada para construir uma ferrovia ligando o interior de Minas Gerais, local dos minérios ao Rio de Janeiro, que naquele era a capital federal ou Distrito Federal. Naquele tempo (como acontece ainda hoje), o Brasil tinha carência de mão de obra especializada para ocupar postos-chaves nas construtoras de ferrovias ou nas empresas mineradoras. A construtora foi contratar seus empregados especializados na Inglaterra, onde tinha a sua matriz.

Com a notícia da contratação de empregados para o Brasil, o jovem Frederick enxergou uma oportunidade. A empresa contratava empregados pelo prazo de dois ou quatro anos e com bons salários, conforme a função. Frederick, o jovem profissional foi contratado. Além dele a empresa trouxe engenheiros, mecânicos, ferramenteiros e outros profissionais graduados. Quando embarcaram no navio movido a vapor (alta tecnologia para aquele tempo) tendo como destino o Brasil, o jovem Frederick tinha 21 anos de idade. 

O navio aportou no Rio de Janeiro. Após desembarcar, o jovem começou a enfrentar problemas com autoridades. Foi acusado de sedição ou revolta. Talvez alguém, por inveja, tenha criado dificuldades para o jovem. Provavelmente a sua idade, o seu modo de falar e o seu grau de instrução causaram inveja. Parece que desejavam vê-lo desorientado e fora do emprego.

Mediante falsa acusação o jovem recebeu voz de prisão e foi parar na cadeia. A Cadeia nunca foi e jamais será um bom lugar. Na prisão ele experimentou o local e a vida repugnante no meio de homens bandidos e os “fora-da-lei”. Naquele momento a má impressão que ele teve do Brasil quando o empurraram para o cárcere foi tão forte que começou a passar por sua cabeça a ideia de deixar o Brasil, tão logo saísse da prisão, cancelar o contrato de trabalho e voltar para a sua terra no primeiro navio.

Felizmente as autoridades foram ver o processo de acusação e perceberam que todas as acusações eram falsas. O engano foi desfeito e ele ganhou a liberdade na manhã do dia seguinte. As autoridades perceberam que tinham sido enganadas. Libertaram o jovem recém-chegado ao Brasil, mas sem a mínima cerimônia, sem um pedido de desculpas, sem nada.

Como o jovem Frederick era uma pessoa de caráter nobre, decidiu não levar o caso adiante. Ele poderia ter levado o caso ao conhecimento da embaixada da Inglaterra, que sempre foi uma nação respeitada política e militarmente pelas demais nações do mundo. A Inglaterra sempre ajudou o Brasil em diversas ocasiões. Entretanto o espírito perdoador do jovem fez com que ele esquecesse do incidente da prisão.

O jovem Frederick tomou a firme e importante decisão de permanecer no Brasil. Com essa decisão a nossa pátria foi beneficiada. Após essa decisão Frederick foi trabalhar na empresa que o contratou. Pouco tempo foi trabalhar numa empresa inglesa que operava nas minas de ouro na região de Morro Velho. Nessa empresa foi trabalhar como “oficial de experiências”, onde purificava ouro.

O novo emprego lhe trouxe bons resultados financeiros e boas perspectivas profissionais. Ele continuou no Brasil e se tornou um grande missionário, principalmente nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Frederick Charles Glass foi um grande distribuidor de Bíblias em várias partes do Brasil. Ele admirava e falava para muitas pessoas ou grupos de famílias com muitas pessoas reunidas no trecho da Bíblia onde fala sobre o encontro de Felipe com o alto funcionário da rainha da Etiópia. O livro de Atos relata essa história no capítulo 8, do versículo 26 a 40 e começa assim:

E o anjo do Senhor falou a Felipe dizendo: levanta-te e vai para as bandas do Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto. Felipe levantou-se e foi ...”

 



Saul Ribeiro dos Santos

Cont. e economista aposentado

Natural de Ipupiara – BA.

saul.ribeiro1945@gmail.com



 


ACRÓSTICO PARA EULÁLIA - JERRY SANTOS

 



ACRÓSTICO PARA EULÁLIA

JERRY SANTOS

 

Eflúvio de bondade e de real fulgor,

Um misto de mulher, de arcanjo ou querubim,

Lírica, donairosa e de vero esplendor,

Afável, influente, esplendorosa... enfim,

Louvável criatura, abnegada e exemplar,

Imagem transparente e concreta de AMOR –

Apreciada mulher – a glória do seu lar. –

 

Meritória patrícia, amada e excepcional,

Adentrada no Bem... Na sua profissão,

Resoluta, intransigente, esforçada e pontual,

Temário da poesia e a rima em profusão,

Inolvidável MÃE, gentil e mui discreta...

Notável pela garra, a fibra e a nobre ação –

Símbolo da mulher virtuosa – grande esteta –

 

Denodada enfermeira, a servir, a lutar...

Emérita mulher modesta e singular!

 

Sensível criatura estimada em geral,

Orgulho da família e deste nosso chão,

Um presente de Deus, o bom Pai Celestial,

Zênite em gentileza e em divina emoção –

Autêntica mulher, esbelta, nobre e ideal!

 

Ipupiara, Bahia, 07 de fevereiro de 1996.


 

SOBRE O AUTOR:

 

 

JEREMIAS RIBEIRO SANTOS (JERRY SANTOS), nasceu em Ibitunane, Bahia, a 30/09/1926, filho de Manoel Ribeiro dos Santos e Maria Emília Ribeiro Martins (Iaiá Maria, como a gente a chamava carinhosamente).

Foi lavrador e certa ocasião quando trabalhava na roça foi picado por uma cobra jararaca e quase perdeu a vida. Iniciou o tratamento lá na Bahia e veio para São Paulo sentindo os efeitos do veneno da cobra e aqui continuou o tratamento entre 1957 e 1960. Nesse período, trabalhou em algumas empresas, entre as quais, a Fábrica de Brinquedos Estrela, hoje falida. Retornou à Ipupiara, Bahia, onde se tornou professor primário, tendo trabalhado como fiscal na Pref. de Ipupiara. Mas nunca deixou seu trabalho na lavoura. Poeta e trovador, participou ativamente de Antologias, como ANUÁRIO – COLETÃNEA DE TROVAS BRASILEIRAS, 1981, organizado pelo saudoso poeta pernambucano Fernandes Vianna. Marcou presença no ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL, 1981 – 3º volume, de Aparício Fernandes, Rio de Janeiro. Escreveu FAÍSCAS LÍRICAS (trovas) e POESIAS (sonetos e versos sacros), que, no entanto, permaneceram inéditos.

Algumas de suas trovas: ¨Sob a bandeira do amor, / escudado na esperança, / vai com fé, o trovador/ mostrando força e pujança. O condor – águia real/ sobrevoa a imensidão. / Do vate, voa o ideal/ nas asas da inspiração¨.

Recebeu homenagem póstuma de José Feldman, do Paraná, editor de Pavilhão Literário Cultural Singrando Horizontes, inserido na Internet, com publicação de diversas trovas, como essa: ¨NAS ASAS FORTES DA TROVA, MANDO A CADA TROVADOR UM APERTO DE MÃO, QUE PROVA A FORÇA DO NOSSO AMOR¨.

Citado no livro ¨IPUPIARA & IBIPETUM¨, de Arides Leite Santos, páginas 96/98, onde transcreve fragmento de um poema autobiográfico:

¨Não pude ir além do primeiro ano primário,

pois só seis meses tive o ensejo de estudar...

Contudo, neste belo e místico cenário,

tento ler, escrever, falar e versejar,

vibrando minha lira e doce companheira,

que ao meu lado sorri e canta a vida inteira!

 

Assim, sem o fascínio oriundo do saber,

com o estro que me deu tão dadivosas mãos...

Nestes meus versos sem arte e perfeição,

um pouco do meu Eu deixo hoje aparecer,

feliz cantando com real satisfação,

grato a Deus - fonte de veraz inspiração".

 

Foi casado com Guiomar Ribeiro Martins, com quem teve os filhos: Jeremias Ribeiro Filho (falecido), Gasparino Martins Neto, Laurentina Martins Santos (Lalinha – professora e poetisa), Carlos Alberto Ribeiro Santos, Mário Ribeiro Santos, David Wilson Ribeiro Santos, Jônatas Ribeiro Santos, Rubens Ribeiro Santos (falecido), Guiomar Martins Santos Mota (professora), Mary Ruth Martins Santos, Noemia Isabel Martins Santos e Maria Janete Martins Santos.

Faleceu a 30/04/1999 em Ipupiara, onde foi sepultado.


Agradecimentos à sua filha Laurentina pelas informações que me foram prestadas.

 

 


sábado, 13 de setembro de 2025

O CONTRASTE - JONATHAS BRAGA

 



O CONTRASTE
                  Jonathas Braga

Buscam jazidas ricas de minério
os que imaginam mundos coruscantes,
pensando nos palácios fulgurantes
que poderão encher todo o hemisfério.

Outros devassam o silêncio etéreo
das atmosferas ínvias e distantes,
como se fossem pássaros gigantes
buscando além a chave de um mistério.

E o mundo fica estarrecido e absorto,
mas há milhões que vivem sem conforto
e tantos outros a que falta o pão...

Por que, pois, ir tão alto ou ir tão fundo
quando aqui mesmo, em cima deste mundo,
há tanto que fazer por nosso irmão?

O ACENDEDOR DE LAMPIÕES - JORGE DE LIMA

 O ACENDEDOR DE LAMPIÕES é um soneto antológico e traz uma advertência bastante atual:

O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
JORGE DE LIMA - Alagoas (1895-1953)

 
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Esse mesmo que vem, invariavelmente,
parodiar o sol e associar-se à lua,
quando a sombra da noite enegrece o poente.
 
Um, dois, três lampiões acende e continua
outros mais a acender, imperturbavelmente,
à medida que a noite, aos poucos, se acentua
e a palidez da lua apenas se pressente.
 
Triste ironia atroz que o senso humano irrita!
Ele, que doura a noite e ilumina a cidade,
talvez não tenha luz na choupana em que habita.
 
Tanta gente também nos outros insinua 
crenças, religião, amor, felicidade, 
como esse acendedor de lampiões da rua!