domingo, 2 de novembro de 2025

A POESIA DE GIÓIA JÚNIOR - FILEMON MARTINS

 



A POESIA DE GIÓIA JÚNIOR

Filemon Martins

                                                                                                                                        

RAFAEL GIÓIA MARTINS JÚNIOR, nascido em 09 de agosto de 1931, em Campinas – São Paulo, poeta que se destacou no cenário do evangelismo brasileiro e na poesia cristã brasileira. Poeta, Jornalista, Radialista, Político e Professor universitário. Foi Presidente do Sindicato dos Profissionais do Rádio e da Associação dos Radialistas do Estado de São Paulo. Foi Vereador em São Paulo e como Deputado Estadual, foi Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, tendo sido também Deputado Federal.

Escreveu, entre outros, os seguintes livros: “O CÂNTICO NOVO”, “MENINO POBRE”, “APARECEM AS FLORES NA TERRA”, “ESTÁTUAS DE SAL”, “CANTO MAIOR” e “BEM-ME-QUER.”

Foi membro ilustre da Igreja Batista de Vila Mariana, sob a responsabilidade do Pastor batista Dr. Rubens Lopes, excelente cronista e autor de livros, como “UM POUCO DE SOL”, cuja apresentação foi feita pelo poeta Gióia Júnior. Foi conferencista naquela e em outras Igrejas, além de ter sido, em certa ocasião, Orador Oficial da Convenção Batista Brasileira. Político de honra ilibada. Conciliou a vida pública com religião e poesia ao mesmo tempo. Exerceu os cargos eletivos de Vereador, Deputado Estadual e Federal, que lhe foram conferidos por eleitores das mais diferentes comunidades evangélicas, com dignidade e sabedoria. Nunca se deixou levar pelo fascínio do poder. Pertenceu também à Maçonaria, tendo sido membro da Academia Maçônica de Letras do Brasil.

Foi casado com Dinorá Fernandes Gióia Martins, com quem teve sete filhos, Rafael, Rodrigo, Renata, Nilton, Ana Carolina, Rubens e Thiago.

O Escritor Mário Ribeiro Martins, no livro “ESCRITORES DE GOIÁS”, no capítulo “POETAS DO EVANGELISMO BRASILEIRO” faz referência ao trabalho de Gióia Júnior, afirmando: “A poesia de Gióia Júnior é expressivamente humana, o que se observa em um dos seus versos: “Menino pobre do meu bairro, grita, / para que escutem tua voz tremente, / amargurada, enfraquecida e aflita: /Pelos irmãos que dantes não gritaram, / clama nas ruas angustiosamente, / exige o pão que os homens te roubaram!”

O poeta Cassiano Ricardo, falando sobre Gióia Júnior, afirmou: “Li (o poema JESUS, ALEGRIA DOS HOMENS) e verifiquei estar diante de um poeta que surpreende pela espontaneidade, pelas coisas generosas que diz, pelo “sentimento do mundo” que lhe é peculiar.”
Gióia Júnior trouxe a poesia do coração, uma poesia inspirada, harmônica, jorrando livre como a fonte, falando de fé, de esperança, de amor e de alegria. Mas falando também de sua gênese, de sua luta, como escreveu no soneto antológico “MINHA GÊNESE”: “Trago em meu sangue o germe da peleja.../ Venho da luta em que o gigante velho, / tendo atacado a tradição da Igreja, / abraçou a verdade do Evangelho. / Venho da guerra... O Gladiador ousado/não conhece a derrota, sangra, cai, / mas levanta-se além, revigorado - / - venho da luta ingente de meu Pai. / Queira Deus que essa fibra de gigantes/ seja o cerne da minha fronte ousada, / seja a força da minha inspiração. / Vede que são iguais nossos semblantes: / Vem chegando meu Pai da derrubada/ e eu vou partindo para a plantação!”

Sobre a poesia do vate Gióia Júnior, Oliveira Ribeiro Neto, afirmou: “Sua poesia brota pura, sentida e humana, ao mesmo tempo castigada e simples, como uma fuga de Bach, no entusiasmo do seu amor a Deus.” No poema “GANGORRA” há uma lição de moral para todos: “A gangorra é como a vida, / nos movimentos que tece;/ quando eu desço você sobe, / quando eu subo você desce.../ Você, que ficou no alto, / não deve de mim sorrir;/ você terá que descer, / quando eu tiver que subir!”

Gióia Júnior, com seus versos cheios de emoção e mesclados de humanidade, simplicidade e saudade, fez sucesso na Televisão e no Rádio, quando declamava suas poesias, entre as quais, “ORAÇÃO DA MAÇANETA”, “FICA, SENHOR, COMIGO!” e a “GANGORRA.” Sonetista primoroso, emociona com “A CASA BRANCA”: “Entre as lembranças do passado, existe/ a casa branca de portão fechado,/ jardim florido e quarto perfumado:/ sonho doirado de um menino triste!/ Fiz-te o projeto, fiz-te a planta, fiz-te/ desde o alicerce aos cumes do telhado;/ viste o desenho e, para meu agrado,/ num delicado gesto consentiste.../ Garoto inquieto, para seu regalo,/ o próprio tempo em sua ingenuidade,/ vendo o castelo, foi desmoroná-lo.../ A casa branca já não mais existe;/ resta somente o escombro da saudade:/ amargo sonho de um menino triste!”

Gióia Júnior foi saudado por Mário Barreto França e ao lado de Jônatas Braga formou a tríade dos maiores poetas evangélicos do Brasil. Hoje, mais do que nunca vale a pena ler a poesia de Gióia Júnior. Mas, como ler, se todos os seus livros estão esgotados? Bom seria se alguma editora evangélica reeditasse sua obra completa, com ampla divulgação.

Do livro “O CÂNTICO NOVO”, página 42, extraímos o soneto FÉ: “Peço e confio plenamente. Venço/pelo poder da fé. Poder bendito/que faz de um pensamento um infinito/e faz de um grão de areia um ser imenso. Peço e confio plenamente. Penso/no poder invencível e inaudito/que no passado, de um valor restrito/fez um gigante de um vigor intenso. ...E nada temo, espero confiante/alimentado, não num sonho errante, /mas na certeza das vitórias ganhas. Peço e confio. Rogo e deposito/meus desejos nas mãos do Deus bendito/e sou capaz de transportar montanhas!”

Faleceu em São Paulo, a 04.04.1996, com 65 anos. Seu pai, Raphael Gióia Martins, depois de ter sido padre, tornou-se Pastor da Primeira Igreja Batista do Brás, em São Paulo, por muitos anos, ainda na Rua Maria Marcolina, no bairro do Brás.

No Brasil, de memória curta, de políticos interesseiros e mentirosos, faz muita falta o político e intelectual Gióia Júnior, que pôde escrever versos, como estes: “Não negues nunca o pão ao que te bate à porta, / nem o trates jamais de maneira violenta. /Amar é o sumo bem e, se o pão alimenta, /o gesto vivifica e a palavra conforta. /Vê no desconhecido a velha folha morta/que, às tontas, voluteia agarrada à tormenta;/ama-o como a ti mesmo. O amor constrói, sustenta, /encoraja, encaminha, ensina, instrui e exorta. /Não o faças, porém, visando recompensa:/o interesse amesquinha e desvirtua a crença. /Ama pelo prazer que o próprio amor produz. /Ao que te pede o pão não o negues jamais, /nem queiras ver, depois, teu nome nos jornais;/faze-o, com humildade, em nome de Jesus!”

Está presente nos livros “ESCRITORES DE GOIÁS” e “MISSIONÁRIOS AMERICANOS e ALGUMAS FIGURAS DO BRASIL EVANGÉLICO”, de Mário Ribeiro Martins. É verbete da ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA BRASILEIRA, de Afrânio Coutinho e J. Galante, edição do MEC, 1990, com revisão de Graça Coutinho e Rita Moutinho Botelho, edição revista e atualizada, em 2001.

Durante algum tempo, apresentou pela Rádio Bandeirante, o programa “CHEGA DE PROSA”, com Gióia Júnior, onde falava sobre assuntos variados e declamava seus versos escritos com sensibilidade e emoção. Terminava o programa com a expressão, que o caracterizou: “E CHEGA DE PROSA” ... Gióia Júnior dá nome a duas praças em São Paulo, uma na Vila Prudente e outra no Itaim Bibi.

Focalizado em meu livro “FAGULHAS”, páginas 34/38.


Esclarecimento: Para escrever este texto, o autor utilizou informações extraídas dos livros “ESCRITORES DE GOIÁS”, “MISSIONÁRIOS AMERICANOS e ALGUMAS FIGURAS DO BRASIL EVANGÉLICO” de Mário Ribeiro Martins, da Enciclopédia de Literatura Brasileira, de Afrânio Coutinho e J. Galante e dos sites

http://reocities.com/paris/theatre/4002/index.htm - organizado pela família do poeta.

www.museudatv.com.br/biografias/Gioia. E alguns dados da memória do autor, portanto, possíveis de eventuais equívocos.




 


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