terça-feira, 23 de setembro de 2025

SONETO - ANTERO DE QUENTAL

 




SONETO

Antero de Quental


Não busco nesta vida glória e fama

das turbas que me importa o vão ruído?

Hoje, deus... e amanhã, já esquecido

como esquece o clarão de extinta chama!


Foco incerto, que a luz já mal derrama,

tal é essa ventura: eco perdido,

quanto mais se chamou, mais escondido

ficou inerte e mudo à voz que o chama.


Dessa coroa é cada flor um engano,

é miragem em nuvem ilusória,

é morte vão de fabuloso arcano.


Mas coroa-me tu, na fronte inglória

cinge-me tu o louro soberano...

Verás, verás então se amo essa glória!


(LIVRO "TUDO, RESUMIDAMENTE, SOBRE POESIA", ABEL B. PEREIRA, PÁGINA 41)

Nenhum comentário:

Postar um comentário