quarta-feira, 17 de setembro de 2025

QUEM FOI SILVIO ROMERO? - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 



QUEM FOI SILVIO ROMERO?

MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 


SÍLVIO ROMERO (Silvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero), de Lagarto, Sergipe, 21.04.1851, escreveu, entre outros, ETNOLOGIA SELVAGEM (1875), CANTOS DO FIM DO SÉCULO (Poesia-1878), A FILOSOFIA NO BRASIL (Ensaio-1878), A LITERATURA BRASILEIRA E A CRITICA MODERNA (1880), O NATURALISMO EM LITERATURA (Ensaio-1882), ESTUDOS DE LITERATURA CONTEMPORANEA (Ensaio-1885), MINHAS CONTRADIÇÕES (Ensaio-1914), sem dados biográficos completos nos livros e sem qualquer outra informação ao alcance da pesquisa, via textos editados. Filho de André Ramos Romero e Maria Joaquina Vasconcelos da Silveira. Após os estudos primários em sua terra natal, na Escola Mista do Professor Badu, deslocou-se para outros centros, onde também estudou. Em 1863, com 12 anos de idade, partiu para o Rio de Janeiro, a fim de fazer os preparatórios no Ateneu Fluminense. Em 1868, com 17 anos, regressou ao Norte e depois de passar por Lagarto, em Sergipe, matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, em Pernambuco. Formou, ao lado de Tobias Barreto (que cursava o 4º. ano quando Sílvio se matriculou no primeiro) e junto com outros moços de então, a Escola do Recife, em que se buscava uma renovação da mentalidade brasileira. Sílvio Romero foi, no início, positivista. Distinguiu-se, porém, dos que formavam o grupo do Rio, onde Miguel Lemos levava o COMTISMO para o terreno religioso. Espírito mais crítico, Sílvio Romero se afastaria das ideias de Comte para se aproximar da filosofia evolucionista de Herbert Spencer, na busca de métodos objetivos de análise crítica e apreciação do texto literário. Estava no 2º. ano de Direito quando começou a sua atuação jornalística na imprensa pernambucana, publicando a monografia “A POESIA CONTEMPORÂNEA E A SUA INTUIÇÃO NATURALISTA”. Desde então, manteve a colaboração, ora como ensaísta e crítico, ora como poeta, nas folhas recifenses, entre elas A CRENÇA, que ele próprio dirigia juntamente com Celso de Magalhães. Colaborou também no jornal AMERICANO, O CORREIO PERNAMBUCANO, O DIÁRIO DE PERNAMBUCO, O MOVIMENTO, O JORNAL DO RECIFE, A REPÚBLICA E O LIBERAL. Assim que se formou em Direito, em 1873, com 22 anos, foi para Sergipe e passou a exercer a PROMOTORIA PÚBLICA, em Estância (naquela época os promotores não faziam concurso público e eram nomeados a bel prazer dos governantes). Atraído pela política, elegeu-se deputado à Assembleia provincial de Sergipe, em 1874, mas renunciou, logo depois, à cadeira. Regressou a Recife para tentar fazer-se professor de Filosofia no Colégio das Artes. Realizou-se o concurso no ano seguinte e foi classificado em primeiro lugar, mas a Congregação resolveu anular o concurso. A seguir, defendeu tese para conquistar o grau de doutor. Nesse concurso Sílvio Romero se ergueu contra a Congregação da Faculdade de Direito do Recife, afirmando que “a metafísica estava morta” e discutindo, com grande vantagem, com professores como Tavares Belfort e Coelho Rodrigues. Abandonou a sala da Faculdade. Foi então submetido a processo pela Congregação, atraindo para si a atenção dos intelectuais da época. Em fins de 1875, com 24 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Foi para Parati, no Estado do Rio, como Juiz Municipal, e ali demorou-se dois anos e meio. Em 1878, publicou o livro de versos CANTOS DO FIM DO SÉCULO, mal recebido pela crítica da corte. Depois de publicar ÚLTIMOS HARPEJOS, em 1883, abandonou as tentativas poéticas. Já fixado no Rio de Janeiro, começou a colaborar no jornal O REPÓRTER, de Lopes Trovão. Ali publicou a sua famosa série de perfis políticos. Em 1880, com 29 anos, prestou concurso para a cadeira de Filosofia no Colégio Pedro II, conseguindo-a com a tese “INTERPRETAÇÃO FILOSÓFICA DOS FATOS HISTÓRICOS”. Jubilou-se como professor do Internato em 2.06.1910, com 59 anos de idade. Fez parte também do corpo docente da Faculdade Livre de Direito e da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro. No governo de Campos Sales, foi Deputado Provincial e depois foi Deputado Federal pelo Estado de Sergipe. Nesse último mandato, foi escolhido relator da Comissão dos 21 do Código Civil e defendeu, então, muitas de suas ideias filosóficas. Na imprensa do Rio de Janeiro Sílvio Romero tornou-se literariamente poderoso. Admirador incondicional de Tobias Barreto, nunca deixou de colocá-lo acima de Castro Alves, além disso, manteve, durante algum tempo, uma certa má vontade para com a obra de Machado de Assis. Sua crítica injusta motivou Lafayette Rodrigues Pereira a escrever a defesa de Machado de Assis, sob o título VINDICIAE. Como polemista deve-se mencionar ainda a sua permanente luta com José Veríssimo, de quem o separavam fortes divergências de doutrina, método, temperamento, e com quem discutiu violentamente. Nesse âmbito, reuniu as suas polêmicas na obra “ZEVERISSIMAÇÕES INEPTAS DA CRÍTICA” (1909). Foi um pesquisador bibliográfico sério e minucioso. Preocupou-se, sobretudo, com o levantamento sociológico em torno de autor e obra. Sua força estava nas ideias de âmbito geral e no profundo sentido de brasilidade que imprimia em tudo que escrevia. A sua contribuição à historiografia literária brasileira é uma das mais importantes de seu tempo. Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e de diversas outras associações literárias. Crítico, ensaísta, folclorista, polemista, professor e historiador da literatura brasileira. Faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 18.07.1914, com 63 anos de idade. Convidado a comparecer à sessão de instalação da Academia Brasileira de Letras, em 28.01.1897, fundou a Cadeira 17, escolhendo como patrono Hipólito da Costa. Recebeu o Acadêmico Euclides da Cunha. Sua Cadeira 17, na Academia Brasileira de Letras tem como Patrono Hipólito da Costa, Fundador (ele mesmo, Silvio Romero), sendo também ocupada por Osório Duque-Estrada, Roquette Pinto, Álvaro Lins, Antônio Houaiss e Afonso Arinos de Melo Franco Filho. Muito bem analisado na ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA BRASILEIRA, de Afrânio Coutinho e J. Galante, edição do MEC, 1990, com revisão de Graça Coutinho e Rita Moutinho, em 2001. Apesar de sua importância, não é estudado no DICIONÁRIO HISTÓRICO-BIOGRÁFICO BRASILEIRO (2001), da Fundação Getúlio Vargas e nem é convenientemente referido, em nenhuma das enciclopédias nacionais, Delta, Barsa, Larousse, Mirador, Abril, Koogan/Houaiss, Larousse Cultural etc. É verbete do DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO REGIONAL DO BRASIL, de Mário Ribeiro Martins, via INTERNET, dentro de ENSAIO, no site www.usinadeletras.com.br  


Nenhum comentário:

Postar um comentário