QUEM FOI SILVIO ROMERO?
MÁRIO RIBEIRO MARTINS
SÍLVIO ROMERO (Silvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero), de Lagarto,
Sergipe, 21.04.1851, escreveu, entre outros, ETNOLOGIA SELVAGEM (1875), CANTOS
DO FIM DO SÉCULO (Poesia-1878), A FILOSOFIA NO BRASIL (Ensaio-1878), A
LITERATURA BRASILEIRA E A CRITICA MODERNA (1880), O NATURALISMO EM LITERATURA (Ensaio-1882),
ESTUDOS DE LITERATURA CONTEMPORANEA (Ensaio-1885), MINHAS CONTRADIÇÕES (Ensaio-1914),
sem dados biográficos completos nos livros e sem qualquer outra informação ao
alcance da pesquisa, via textos editados. Filho de André Ramos Romero e Maria
Joaquina Vasconcelos da Silveira. Após os estudos primários em sua terra natal,
na Escola Mista do Professor Badu, deslocou-se para outros centros, onde também
estudou. Em 1863, com 12 anos de idade, partiu para o Rio de Janeiro, a fim de
fazer os preparatórios no Ateneu Fluminense. Em 1868, com 17 anos, regressou ao
Norte e depois de passar por Lagarto, em Sergipe, matriculou-se na Faculdade de
Direito do Recife, em Pernambuco. Formou, ao lado de Tobias Barreto (que
cursava o 4º. ano quando Sílvio se matriculou no primeiro) e junto com outros
moços de então, a Escola do Recife, em que se buscava uma renovação da mentalidade
brasileira. Sílvio Romero foi, no início, positivista. Distinguiu-se, porém,
dos que formavam o grupo do Rio, onde Miguel Lemos levava o COMTISMO para o
terreno religioso. Espírito mais crítico, Sílvio Romero se afastaria das ideias
de Comte para se aproximar da filosofia evolucionista de Herbert Spencer, na
busca de métodos objetivos de análise crítica e apreciação do texto literário.
Estava no 2º. ano de Direito quando começou a sua atuação jornalística na
imprensa pernambucana, publicando a monografia “A POESIA CONTEMPORÂNEA E A SUA
INTUIÇÃO NATURALISTA”. Desde então, manteve a colaboração, ora como ensaísta e
crítico, ora como poeta, nas folhas recifenses, entre elas A CRENÇA, que ele
próprio dirigia juntamente com Celso de Magalhães. Colaborou também no jornal
AMERICANO, O CORREIO PERNAMBUCANO, O DIÁRIO DE PERNAMBUCO, O MOVIMENTO, O
JORNAL DO RECIFE, A REPÚBLICA E O LIBERAL. Assim que se formou em Direito, em
1873, com 22 anos, foi para Sergipe e passou a exercer a PROMOTORIA PÚBLICA, em
Estância (naquela época os promotores não faziam concurso público e eram
nomeados a bel prazer dos governantes). Atraído pela política, elegeu-se
deputado à Assembleia provincial de Sergipe, em 1874, mas renunciou, logo
depois, à cadeira. Regressou a Recife para tentar fazer-se professor de
Filosofia no Colégio das Artes. Realizou-se o concurso no ano seguinte e foi
classificado em primeiro lugar, mas a Congregação resolveu anular o concurso. A
seguir, defendeu tese para conquistar o grau de doutor. Nesse concurso Sílvio
Romero se ergueu contra a Congregação da Faculdade de Direito do Recife,
afirmando que “a metafísica estava morta” e discutindo, com grande vantagem, com
professores como Tavares Belfort e Coelho Rodrigues. Abandonou a sala da
Faculdade. Foi então submetido a processo pela Congregação, atraindo para si a
atenção dos intelectuais da época. Em fins de 1875, com 24 anos, transferiu-se
para o Rio de Janeiro. Foi para Parati, no Estado do Rio, como Juiz Municipal,
e ali demorou-se dois anos e meio. Em 1878, publicou o livro de versos CANTOS
DO FIM DO SÉCULO, mal recebido pela crítica da corte. Depois de publicar
ÚLTIMOS HARPEJOS, em 1883, abandonou as tentativas poéticas. Já fixado no Rio
de Janeiro, começou a colaborar no jornal O REPÓRTER, de Lopes Trovão. Ali
publicou a sua famosa série de perfis políticos. Em 1880, com 29 anos, prestou
concurso para a cadeira de Filosofia no Colégio Pedro II, conseguindo-a com a
tese “INTERPRETAÇÃO FILOSÓFICA DOS FATOS HISTÓRICOS”. Jubilou-se como professor
do Internato em 2.06.1910, com 59 anos de idade. Fez parte também do corpo
docente da Faculdade Livre de Direito e da Faculdade de Ciências Jurídicas e
Sociais do Rio de Janeiro. No governo de Campos Sales, foi Deputado Provincial
e depois foi Deputado Federal pelo Estado de Sergipe. Nesse último mandato, foi
escolhido relator da Comissão dos 21 do Código Civil e defendeu, então, muitas
de suas ideias filosóficas. Na imprensa do Rio de Janeiro Sílvio Romero
tornou-se literariamente poderoso. Admirador incondicional de Tobias Barreto,
nunca deixou de colocá-lo acima de Castro Alves, além disso, manteve, durante
algum tempo, uma certa má vontade para com a obra de Machado de Assis. Sua
crítica injusta motivou Lafayette Rodrigues Pereira a escrever a defesa de
Machado de Assis, sob o título VINDICIAE. Como polemista deve-se mencionar
ainda a sua permanente luta com José Veríssimo, de quem o separavam fortes
divergências de doutrina, método, temperamento, e com quem discutiu
violentamente. Nesse âmbito, reuniu as suas polêmicas na obra “ZEVERISSIMAÇÕES
INEPTAS DA CRÍTICA” (1909). Foi um pesquisador bibliográfico sério e minucioso.
Preocupou-se, sobretudo, com o levantamento sociológico em torno de autor e
obra. Sua força estava nas ideias de âmbito geral e no profundo sentido de
brasilidade que imprimia em tudo que escrevia. A sua contribuição à
historiografia literária brasileira é uma das mais importantes de seu tempo.
Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, sócio correspondente da
Academia das Ciências de Lisboa e de diversas outras associações literárias.
Crítico, ensaísta, folclorista, polemista, professor e historiador da
literatura brasileira. Faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 18.07.1914, com 63
anos de idade. Convidado a comparecer à sessão de instalação da Academia
Brasileira de Letras, em 28.01.1897, fundou a Cadeira 17, escolhendo como
patrono Hipólito da Costa. Recebeu o Acadêmico Euclides da Cunha. Sua Cadeira
17, na Academia Brasileira de Letras tem como Patrono Hipólito da Costa,
Fundador (ele mesmo, Silvio Romero), sendo também ocupada por Osório
Duque-Estrada, Roquette Pinto, Álvaro Lins, Antônio Houaiss e Afonso Arinos de
Melo Franco Filho. Muito bem analisado na ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA
BRASILEIRA, de Afrânio Coutinho e J. Galante, edição do MEC, 1990, com revisão
de Graça Coutinho e Rita Moutinho, em 2001. Apesar de sua importância, não é
estudado no DICIONÁRIO HISTÓRICO-BIOGRÁFICO BRASILEIRO (2001), da Fundação
Getúlio Vargas e nem é convenientemente referido, em nenhuma das enciclopédias
nacionais, Delta, Barsa, Larousse, Mirador, Abril, Koogan/Houaiss, Larousse
Cultural etc. É verbete do DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO REGIONAL DO BRASIL, de
Mário Ribeiro Martins, via INTERNET, dentro de ENSAIO, no site
www.usinadeletras.com.br
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