A PRECIPITAÇÃO LEVA AO ERRO
Filemon Martins
O caso do ex-médico
brasileiro Roger Abdelmassih me fez lembrar de um fato ocorrido e contado por
um amigo Oficial de Justiça e me fez pensar que talvez tenha faltado à Juíza de
Taubaté, que prolatou a sentença concedendo ao réu o benefício de cumprir a
pena no aconchego do lar, tão em voga nestes tempos bicudos, um pouco de
experiência ou seja se deixou levar pela aparência, sem considerar as
artimanhas do Advogado.
Mas, vamos ao caso do amigo
Oficial de Justiça: na periferia de São Paulo, um ônibus foi assaltado e o
bandido levou também os documentos do cobrador de ônibus, com os quais passou a
se apresentar. O cobrador fez o registro do BO (Boletim de Ocorrência), mas o
tempo passou e numa briga qualquer, mataram o bandido agora portando o
documento do cobrador. Depois de alguns dias, o corpo foi encontrado numa lagoa
perto do Itaim Paulista, já em decomposição, de tal forma que a polícia não
teve dúvidas: o cobrador estava morto. A papelada chegou ao gabinete do juiz,
no fórum João Mendes, para assinar, digamos, a homologação da morte do
cobrador. Contudo, o juiz atento e experiente percebeu que a polícia deixou de
cumprir alguns procedimentos de praxe e determinou que o Oficial de Justiça
fizesse uma diligência à empresa de ônibus, onde o cobrador trabalhava e lá
chegando disseram ao oficial: - ele ainda não entrou no trabalho, mas está ali
na sala esperando o motorista chegar. O oficial pensou: - caramba, é a primeira
vez que vejo um defunto trabalhando... Comunicou o fato à empresa, confiscou os
livros de registros, conversou e anotou o endereço do cobrador e voltou ao
gabinete do juiz com o resultado de sua diligência. Com todo respeito, é o que
me pareceu faltar à Meritíssima Juíza de Taubaté. “Macaco velho não pula em
galho seco”.
(LIVRO "HISTÓRIAS QUE
SÓ AGORA EU CONTO", PÁGINA 9)

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