A DECISÃO QUE LIVROU 156 PESSOAS DA MORTE
Ao perceber os tempos
modernos tomamos conhecimento que historiadores, sociólogos e políticos com
suas sugestões prometem resolver os problemas pelos quais passa a nossa
sociedade. Mas percebemos que na prática andam tateando e mudando as teorias
constantemente. Uns falam sobre que o fator econômico não equilibrado causa
desajustes entre o povo. Falam que a melhor distribuição de renda resolveria os
problemas. Outros dizem que o crescimento econômico muito rápido causa
desajustes próprios do desenvolvimento. Outros atribuem os desequilíbrios
sociais à falta de cultura e afirmam que as massas precisam de manifestações
culturais e que o governo precisa investir recursos financeiros nos movimentos
culturais.
Será que as sugestões apresentadas resolverão os
problemas? Há tempos, me parece que foi em 2023, escrevi aqui um artigo com o
título O Brasil Precisa de Uma Injeção de Honestidade. Pois é isso que as
autoridades percebem, convocam os suspeitos para explicações, mas enquanto
perguntam e fazem relatórios, surgem denúncias em outras partes. Nota-se que é
preciso um programa de educação aperfeiçoada e de longo prazo, somente
atendo-se aos fatos.
Ao ler a História do Brasil encontramos registros
de fatos importantes realizados no passado por pessoas corajosas. Percebe-se
que nos últimos tempos o Brasil está precisando de pessoas de ação, pessoas
corajosas, diante dos perigos.
A história a seguir foi contada pelo professor S.
Júlio Schwantes, em seu livro “Colunas do Caráter”. É um excelente e
recomendável livro com temas atuais para todos os leitores e especialmente para
os jovens.
“Corria o ano de 1848 e o capitão de fragata
Marques Lisboa, futuro Almirante Tamandaré estava a bordo do navio D. Afonso,
um dos primeiros navios a vapor da esquadra brasileira, que foi construído nos
estaleiros de Liverpool. Terminadas as experiências com as máquinas, a bela
fragata fez-se ao largo no Canal Inglês. Na costa de Lancastershire, os vigias
avistaram um barco preso às chamas. O capitão Marques Lisboa mandou aumentar a
velocidade e aproximou-se do navio sinistrado. Era o navio americano, Ocean Monarch,
que viajava de Liverpool com destino a Boston, levando 396 emigrantes”.
Apesar do grave perigo representado pelos paióis de
pólvora, o navio D. Afonso aproxima-se do navio que estava com forte incêndio e
apresta-se para levar-lhe socorro. A situação era difícil. A operação de
salvamento é descrita de modo palpitante por Gustavo Barroso. No Ocean
Monarch, marujos e passageiros estavam agitados. Os escales (pequenas
embarcações) não podiam se aproximar daquela fogueira flutuante, da qual
surgiam rápidas, explosivas, línguas de fogo. Era necessário prender um espia
às amarras do navio, pela qual os náufragos pudessem alcançar as pequenas
embarcações. Só um marinheiro ótimo nadador e corajoso poderia vencer as ondas
e o calor. O marujo Jerônimo tomou o cabo e precipitou-se n’água conseguindo
atingir as correntes do Ocean Monarch. Estabeleceu-se logo um vai e
vem e, assim, retiraram-se de bordo cento e cinquenta e seis pessoas.
Salvaram-se no mar mais sessenta pessoas. De trezentas e noventa passageiros
morreram cento e quarenta. Todas as vítimas do incêndio receberam do navio
brasileiro D. Afonso, os mais carinhosos auxílios …
Dois dias mais tarde, nosso ministro em Londres,
enviava ao comandante, em nome do imperador do Brasil, cem libras esterlinas
para serem distribuídas pela tripulação. O capitão de fragata, Marques Lisboa,
comandante do navio brasileiro mandou formá-la na cobertura, leu o ofício que
acompanhava a gratificação e lembrou aos seus comandados a situação de miséria
em que se viam aqueles que haviam salvado. E concluiu:
- Cedam-lhes por caridade esse dinheiro.
-Cedemos! Cedemos! Responderam em coro os
marujos comovidos.
Este gesto de denodo e altruísmo honra ao bravo
comandante e aos seus comandados. Espontaneamente tiramos o chapéu diante deste
ato de nobreza que lembra aos seres humanos a sua origem divina. O autor
lembrou a todos o que está escrito em São Mateus capítulo 20 e versículo
28, que diz o seguinte:
“O Filho do Homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”.
Contador e economista aposentado.
Natural de Ipupiara - BA.


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