segunda-feira, 29 de setembro de 2025

A DECISÃO QUE LIVROU 156 PESSOAS DA MORTE - SAUL RIBEIRO DOS SANTOS

 

A DECISÃO QUE LIVROU 156 PESSOAS DA MORTE

 



Ao perceber os tempos modernos tomamos conhecimento que historiadores, sociólogos e políticos com suas sugestões prometem resolver os problemas pelos quais passa a nossa sociedade. Mas percebemos que na prática andam tateando e mudando as teorias constantemente. Uns falam sobre que o fator econômico não equilibrado causa desajustes entre o povo. Falam que a melhor distribuição de renda resolveria os problemas.  Outros dizem que o crescimento econômico muito rápido causa desajustes próprios do desenvolvimento. Outros atribuem os desequilíbrios sociais à falta de cultura e afirmam que as massas precisam de manifestações culturais e que o governo precisa investir recursos financeiros nos movimentos culturais. 

Será que as sugestões apresentadas resolverão os problemas? Há tempos, me parece que foi em 2023, escrevi aqui um artigo com o título O Brasil Precisa de Uma Injeção de Honestidade. Pois é isso que as autoridades percebem, convocam os suspeitos para explicações, mas enquanto perguntam e fazem relatórios, surgem denúncias em outras partes. Nota-se que é preciso um programa de educação aperfeiçoada e de longo prazo, somente atendo-se aos fatos.

Ao ler a História do Brasil encontramos registros de fatos importantes realizados no passado por pessoas corajosas. Percebe-se que nos últimos tempos o Brasil está precisando de pessoas de ação, pessoas corajosas, diante dos perigos.

A história a seguir foi contada pelo professor S. Júlio Schwantes, em seu livro “Colunas do Caráter”. É um excelente e recomendável livro com temas atuais para todos os leitores e especialmente para os jovens.

“Corria o ano de 1848 e o capitão de fragata Marques Lisboa, futuro Almirante Tamandaré estava a bordo do navio D. Afonso, um dos primeiros navios a vapor da esquadra brasileira, que foi construído nos estaleiros de Liverpool. Terminadas as experiências com as máquinas, a bela fragata fez-se ao largo no Canal Inglês. Na costa de Lancastershire, os vigias avistaram um barco preso às chamas. O capitão Marques Lisboa mandou aumentar a velocidade e aproximou-se do navio sinistrado. Era o navio americano, Ocean Monarch, que viajava de Liverpool com destino a Boston, levando 396 emigrantes”.

Apesar do grave perigo representado pelos paióis de pólvora, o navio D. Afonso aproxima-se do navio que estava com forte incêndio e apresta-se para levar-lhe socorro. A situação era difícil. A operação de salvamento é descrita de modo palpitante por Gustavo Barroso. No Ocean Monarch, marujos e passageiros estavam agitados. Os escales (pequenas embarcações) não podiam se aproximar daquela fogueira flutuante, da qual surgiam rápidas, explosivas, línguas de fogo. Era necessário prender um espia às amarras do navio, pela qual os náufragos pudessem alcançar as pequenas embarcações. Só um marinheiro ótimo nadador e corajoso poderia vencer as ondas e o calor. O marujo Jerônimo tomou o cabo e precipitou-se n’água conseguindo atingir as correntes do Ocean Monarch. Estabeleceu-se logo um vai e vem e, assim, retiraram-se de bordo cento e cinquenta e seis pessoas. Salvaram-se no mar mais sessenta pessoas. De trezentas e noventa passageiros morreram cento e quarenta. Todas as vítimas do incêndio receberam do navio brasileiro D. Afonso, os mais carinhosos auxílios …

Dois dias mais tarde, nosso ministro em Londres, enviava ao comandante, em nome do imperador do Brasil, cem libras esterlinas para serem distribuídas pela tripulação. O capitão de fragata, Marques Lisboa, comandante do navio brasileiro mandou formá-la na cobertura, leu o ofício que acompanhava a gratificação e lembrou aos seus comandados a situação de miséria em que se viam aqueles que haviam salvado. E concluiu:

- Cedam-lhes por caridade esse dinheiro.

-Cedemos! Cedemos! Responderam em coro os marujos comovidos.

Este gesto de denodo e altruísmo honra ao bravo comandante e aos seus comandados. Espontaneamente tiramos o chapéu diante deste ato de nobreza que lembra aos seres humanos a sua origem divina. O autor lembrou a todos o que está escrito em São Mateus capítulo 20 e versículo 28, que diz o seguinte: 

O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”.





 Saul Ribeiro dos Santos

Contador e economista aposentado.

Natural de Ipupiara - BA.

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