BREVES CONSIDERAÇÕES
Filemon Martins
Permito-me fazer algumas considerações sobre o texto, “O SER HUMANO, A
CORRUPÇÃO E A INVERSÃO DE VALORES”, que recebi via e-mail de Araci Barreto da
Costa, Poetisa, Cronista e Editora do Postal Clube, Rio de Janeiro.
O texto é excelente e atual. “Que a corrupção tão propalada hoje em dia vem de
longa data e não é privilégio de brasileiros”, ninguém duvida. “Que há
corruptos e corruptores no mundo inteiro, e eles não estão apenas entre os
políticos” também é fato.
No episódio da traição de Judas, ocorrido há dois mil anos, “Judas foi
corrompido por algumas moedas”, então houve corruptores, igualmente não se
discute. “A roubalheira no Brasil é coisa antiga. Os nossos colonizadores
roubaram tudo o que puderam e seus descendentes se acostumaram com isso. Muita
gente “boa” que conheço – e que inverte completamente os valores – considera
normal se aproveitar de tudo e de todos, e até roubar. Ter vantagens sem
trabalhar tornou-se sinônimo de “ser esperto”, infelizmente”, diz o texto.
“Esperteza” – continua Araci – “para essa gente é
aproveitar-se ao máximo de tudo o que puderem sem nenhum sentimento de
dignidade, integridade, honestidade, patriotismo, amor ao próximo, nada... Vale
mesmo é “se dar bem”.
Adverte, ainda, sobre um problema muito sério: “A memória do brasileiro é
imediatista e fatalista. A maioria só se lembra das coisas RUINS e que
aconteceram NO MÊS PASSADO. Quase ninguém se lembra mais do mensalão só porque
surgiu o dossiê. Os diversos escândalos e denúncias anteriores, acontecidos em
diversos outros governos foram completamente esquecidos. Quase ninguém se
lembra mais das safadezas do Sarney, do Collor e de outros tantos. Criaturas
totalmente execradas em outras épocas candidatam-se a cargos públicos e são
eleitas. Compram-se votos e consciências com a maior facilidade”.
A articulista continua dizendo que “os políticos que cercam o atual governo não
são diferentes dos outros. Encontrar político honesto é catar agulha no
palheiro. Claro que existem, mas são raríssimos e muitas vezes só o são por
absoluta falta de oportunidade. Aliás, encontrar GENTE honesta já está difícil.
Quem você gostaria de eleger para Presidente? Gostaria de mudar tudo para quê?
Para que tenhamos variedade nas safadezas e nas roubalheiras? Mudar tudo só
para enriquecer outra corja”? E afirma que “temos que mudar é o comportamento
dos eleitores. Temos que mudar os brasileiros que, de tão “espertos”,
enfrentaram 20 anos de ditadura”.
Não ficou muito claro, entretanto, a intenção da autora. Se o objetivo do texto
é justificar o mandato do governo Lula, com tantos escândalos, acusações de
corrupção, compra de votos e aprovação de reformas na calada da noite, com
votos comprados dos mensaleiros que foram decisivos na taxação de aposentados e
pensionistas, depois de terem contribuído uma vida inteira, tal objetivo não
foi e nem poderia ter sido alcançado.
Este escriba teve a oportunidade de assistir palestras
e ouvir o discurso de Lula, Vicentinho, José Genoíno, José Dirceu e Luiz
Eduardo Greenhalgh, entre outros, antes de assumirem o poder, e não consegue
engolir, nem morto, as tramoias e lambanças engendradas pelo PT de Lula e seus
companheiros, que se tornaram tão autoconfiantes e deixaram vir à tona o
lamaçal em que se chafurdaram.
Não se discute a existência ou não da corrupção em governos anteriores. Ela
sempre existiu. Contudo, por mais de 15 anos ouvi o PT pregar ética,
moralidade, honestidade, dignidade e respaldado nestes princípios fui petista,
não filiado ao partido, mas como eleitor de carteirinha e fiel. Daí julgar-me
no direito e no dever de dizer o que penso: Não posso concordar, por exemplo,
com o argumento do senador Mercadante, quando disse: “se os outros partidos
fazem, por que o PT não pode fazer”? Ora, senador, ponha a mão na consciência,
se é que os membros do PT ainda a possuem?
Por essas e outras, o texto de Araci Barreto da Costa é ótimo, desde que não
venha justificar mais quatro anos de promessas não cumpridas, demagogas, de
quem apenas tem ambição e quer, custe o que custar, permanecer no poder.
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