A
POESIA DE ABEL B. PEREIRA
(17/02/1926 a 01/03/2011)
Filemon
Martins
Quem
não conhece o trabalho profícuo do poeta catarinense Abel Beatriz Pereira? Quem
ainda não leu os maviosos versos deste extraordinário poeta brasileiro? Abel
Beatriz Pereira nasceu na cidade de Joinville – Santa Catarina. Foi militar
Reformado da Marinha do Brasil. Foi professor da Rede Estadual de Ensino de
Santa Catarina por mais de 20 anos. Foi Diretor e Fundador da revista
alternativa A FIGUEIRA, sem ajuda ou apoio de nenhum Órgão de Governo, mas com
circulação nacional, graças aos poetas e amigos, que colaboram, regularmente,
para a difusão da cultura no Brasil, pela instrumentalidade, pelo carinho, pela
dedicação e pelo talento do Poeta, Pensador, Cronista, Orador, Intelectual,
Professor, Editor e Antologista. Escreveu e publicou alguns livros, entre
outros: “O DESPONTAR DO SOL”, “DOCES E AMARGAS”, “RIO CACHOEIRA - Saudades -
Poesias de uma cidade” e “A POESIA UNIVERSAL.” Elaborou e publicou através da
Sociedade de Cultura Latina de Santa Catarina (SCL-SC) o “ENDEREÇÁRIO
CULTURAL”, onde registrou os principais poetas ou nomes de pessoas ligadas à
Literatura, do Estado do ACRE até o Estado do TOCANTINS.
Em
RIO CACHOEIRA e O DESPONTAR DO SOL, o poeta mergulha numa doce saudade,
recordando os tempos de infância entre as cidades de Joinville e São Francisco
do Sul e confessa estar decepcionado: “o rio de águas límpidas, os campos
verdes, as cigarras no arvoredo, as borboletas no bosque, as águas cristalinas
na fonte, o trem na estação, a Igrejinha, a Escola... tudo passou.” Mas
produziu versos emocionantes, cheios de sentimento, como no poema A CIDADE DO
AMOR, quando diz:“ A cidade do Amor deveria ter uma igreja onde as pessoas
pudessem rezar, acreditar, perdoar... amar. A cidade do Amor deveria ter uma
praça onde as pessoas pudessem se encontrar, se abraçar, conversar... amar.” Em
A ETERNA PROCURA, escreveu: “A eterna procura, a fonte, a luz, a paz, o encontro.
Mas, onde está a Felicidade? – Na sede onde começa a fonte, Na treva onde
começa a luz, Na luta onde começa a paz, Na busca onde recomeça a ETERNA
PROCURA.” Mais adiante, em CLAMOR, diz: “Minha arma é meu verso errado ou certo na
procura do que está por longe, no encontro do que está por perto. E ainda no
clamor das luzes cinzas no abafar solene do meu grito tão pequeno seja eu menor
que o meu conflito, tão grande seja ele que não caiba dentro do infinito.”
Como
Antologista, organizou e publicou da PRIMEIRA até a QUINTA ANTOLOGIA POÉTICA DE
A FIGUEIRA, uma seleção de vozes da Poesia, edição de A FIGUEIRA. Outros livros
publicados pelo acadêmico Abel B. Pereira, da Academia São José de Letras
(Cadeira nº 15): “EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA” (1º e 2º Graus), “PSICOLOGIA GERAL”,
elementos de psicologia.
Ler
os poemas do poeta catarinense é tornar o coração mais leve, mais alegre e
jovial, porque o poeta é o mensageiro do Amor, da Paz, da Saudade e da Alegria
e quando contesta ou protesta, o faz em nome do Amor. Sua poesia é simples e
espontânea. Aliás, ele mesmo afirma: “Escrevo naturalmente. Escrevo dando
formas às ideias, sem me preocupar com os estilos de épocas, escolas,
movimentos literários... Todavia, nada desprezo nos meus escritos poéticos.
Procuro, na Poesia, ser eclético”.
O
escritor Norberto Cândido Silveira Júnior, em razão do livro “O DESPONTAR DO
SOL”, afirma: “Fui encontrar um poeta de tal valor que me interessei pela sua
vida, que vem resumida no início da obra: Joinvilense. Cresceu entre Joinville
e São Francisco. Como marinheiro, andou pela costa brasileira, do Amazonas ao
Rio Grande. Formado em Filosofia pela UFSC. Mora em Florianópolis. É um Poeta.
E Poeta com P maiúsculo.”
ABEL
B. PEREIRA foi um poeta multiforme. Na sua produção, encontram-se sonetos,
trovas, haicais, poemas clássicos e poemas modernos. Registre-se que o poeta
catarinense é defensor do classicismo e nos ensina que o CLÁSSICO é a base de
toda a modernidade.
Defensor
da Língua Portuguesa, ele é incansável escrevendo artigos sobre questões de
Português, na revista alternativa A FIGUEIRA, em quase todos os números. A
FIGUEIRA registra a história literária e cultural de uma época, tendo como
editor e diretor, o poeta catarinense, testemunha viva do seu
tempo.
A
poesia de ABEL BEATRIZ PEREIRA é de indiscutível valor no panorama das Letras
Brasileiras, merecendo, portanto, maior atenção dos críticos literários e da
imprensa brasileira, porque não obstante sua produção literária ser grande e de
qualidade, seu nome não aparece na ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA BRASILEIRA, de
Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, edição do MEC, 1990, com revisão de
Graça Coutinho e Rita Moutinho, edição revista e atualizada, em 2001.
O
poeta silenciou no dia 1º de março de 2011.
(Texto
publicado em meu livro “FAGULHAS”, páginas 29/31)
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