RELIGIÃO E RAÇA
NOS ESTADOS UNIDOS.
Mário Ribeiro Martins*
(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO, ALÉM DA FONTE).
Desde que os problemas raciais são essencialmente problemas religiosos, é de grande significação que se saiba o que as comunidades religiosas têm feito quanto à questão racial. Além de meros pronunciamentos, as comunidades de fé norte-americanas possuem bem elaborados programas que dizem respeito às relações raciais.
Conforme estudo feito pelo dr. Paulo Wailler, especializado em assuntos ético-sociais, o programa educacional é uma das atividades dessas organizações, bastando notar-se que a comissão de Vida Cristã, oriunda da comunidade batista, tem preparado excelentes panfletos tratando da questão racial e com base nos seguintes princípios: a) Pensar-se do homem de cor como pessoa e assim tratá-lo. b) Ensinar os filhos que preconceito é anticristão. c) Eliminar do vocabulário termos contenciosos.
As comunidades de fé constituintes do Concílio Nacional de Igrejas sugeriram aos cristãos as seguintes posições quanto ao problema racial: a) Evitar generalizações. b) Evitar histórias com implicações depreciativas a respeito de raça e cor. c) Apoiar a legislação que garanta os direitos, sem qualquer distinção.
Estes programas são apenas uma parceria do grande trabalho que está sendo feito nos Estados Unidos por organizações e indivíduos, que inclusive oferecem cursos sobre a questão racial e seus problemas. Embora os programas e pronunciamentos sejam importantes, só se tornam realmente válidos quando acompanhados pela ação. Os resultados práticos tem sido verificados. Na comunidade batista da Universidade, em Austin, Texas, encontra-se o seguinte letreiro: "Pessoas de todas as nações e raças são bem-vindas". Em 1972, a 99ª. Assembleia de Convenção Batista da Califórnia foi realizada numa comunidade de negros, Igreja Batista Beth Éden.
Conforme declaração do presidente da N.A.A.C.P. (Associação Nacional para o bem-estar dos Negros) há cerca de 200 comunidades de fé onde pessoas de raça negra são admitidas. Cerca de 25 seminários, de Vários grupos religiosos, no Sul dos Estados Unidos, considerados somente para brancos, abriram suas portas para pretos. Na Virgínia, uma comunidade religiosa de brancos, a Igreja Batista de Portsmouth, recentemente convidou um pastor negro para dirigi-la.
A história da integração racial nos Estados Unidos é comum a todos os grupos religiosos. A comunidade luterana de São João, em Charleston, conta em seu rol de membros número igual de brancos e pretos. A comunidade presbiteriana desta mesma cidade teve experiência interessante quando 28 ilustres cidadãos brancos se submeteram à liderança dos negros.
Foi talvez, pensando nestes fatos, no sentimento de solidariedade e cooperação cada vez mais intenso que disse o eminente escritor de cor, Cleavant Derricks: "O horizonte está mais claro para a raça negra". (O POPULAR. Goiânia, 07.11.1976).
MÁRIO RIBEIRO MARTINS-ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

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